Estilo de vida
06/05/2023 às 09:00•2 min de leitura
Se imagine no lugar de um ser humano vivendo na Sibéria há milhares de anos. Nessas circunstâncias, é fácil entender por que a roupa se tornou uma necessidade vital. No entanto, por que apenas os seres humanos decidiram vestir-se, enquanto outras criaturas continuaram a andar por aí nus? Essa é uma das questões que a ciência vem explorando recentemente.
Os arqueólogos enfrentam um desafio intrigante ao estudar as origens das vestimentas. Afinal, roupas da Idade da Pedra, período que remonta a milhões de anos atrás, raramente sobreviveram. No entanto, mesmo com essa limitação, os pesquisadores têm encontrado maneiras criativas de investigar o assunto.
Ao combinar dados climáticos, informações sobre os limites térmicos do corpo humano e ferramentas de alfaiataria antigas, os arqueólogos começaram a desvendar esse mistério. Assim, eles descobriram que a roupa teve duas origens distintas: primeiro, surgiu como uma necessidade biológica e, em seguida, evoluiu para uma expressão cultural.
(Fonte: Getty Images)
No Paleolítico, os seres humanos enfrentavam condições extremas de frio em determinadas regiões, como a Sibéria. A sobrevivência nesses ambientes hostis exigia roupas adequadas. Por meio de evidências fósseis e ferramentas de costura primitivas, os arqueólogos foram capazes de reconstruir essa história.
Roupas simples, como capas de pele, eram comuns no início, mas conforme o clima se tornava mais rigoroso, os seres humanos desenvolviam roupas mais complexas, cheias de camadas e ajustadas ao corpo.
As ferramentas utilizadas para criar roupas também forneceram pistas valiosas. Os raspadores de couro, por exemplo, indicam a existência de roupas simples, enquanto as lâminas e as agulhas feitas de ossos apontam para a presença de roupas complexas que precisavam ser cortadas e costuradas. A partir dessas ferramentas e técnicas, os seres humanos paleolíticos puderam se aventurar em regiões cada vez mais frias, como o nordeste da Eurásia.
(Fonte: Getty Images)
Mas as roupas não eram apenas uma questão de sobrevivência física. À medida que os seres humanos evoluíam culturalmente, a roupa adquiriu novos propósitos. A decoração corporal, como pinturas e tatuagens, não aparecia de baixo das roupas feitas para enfrentar o frio, então ela foi substituída pela ornamentação nas peças.
Logo, as roupas se tornaram uma forma de sinalizar identidade, gênero, clã ou profissão. Evidências disso foram encontradas em um sítio arqueológico próximo de Moscou, onde fósseis humanos cobertos por pequenas miçangas feitas de marfim indicavam que os ornamentos tinham sido bordados nas roupas.
É incrível pensar que essa função continua a ser importante atualmente, indicando status social, crenças religiosas, afiliações políticas e muitos outros aspectos da nossa identidade.