Artes/cultura
12/08/2014 às 11:12•4 min de leitura
A teoria evolutiva parte do princípio de que as espécies se adaptam às mudanças do ambiente e, com o passar do tempo, repassam essas adaptações a seus descendentes geneticamente. É por isso que hoje somos bípedes e temos um formato de rosto menor do que o de nossos ancestrais, por exemplo. A seguir, confira algumas mudanças menos óbvias que a evolução provocou na fisionomia humana:
Não é de hoje que homens disputam comida, mulheres e território por meio da violência. Um estudo recente, promovido pela Universidade de Utah, revelou que os homens têm rostos mais robustos para minimizar os prejuízos causados por um murro na face.
Os ossos que acabaram ficando mais fortes com o passar do tempo são justamente aqueles mais afetados em brigas que envolvem socos. Esses ossos são os que mostram a maior diferença entre o crânio feminino e o masculino, inclusive.
Ao que tudo indica, a face masculina se desenvolveu para ficar maior e mais resistente, afinal as brigas que envolvem murros são mais comuns entre homens. Se isso for mesmo verdade, significa que algumas de nossas características físicas se desenvolveram para melhorar nosso desempenho em brigas. Bizarro, hein!
Pense bem: se o rosto masculino se desenvolveu mesmo para levar mais pancadas sem sofrer grandes prejuízos, o mesmo não deveria acontecer com as mãos? Deveria. E, segundo um estudo feito também pela Universidade de Utah, foi exatamente isso o que aconteceu: o formato de nossas mãos teria sido adaptado para proporcionar um soco “perfeito”.
Com o passar dos anos, o tamanho da palma das nossas mãos diminuiu e nosso polegar ficou mais flexível, o que nos permite fechar a mão perfeitamente. É possível que a mudança tenha sido provocada pelos mesmos genes que deixaram nossos pés com dedos menores e com um dedo maior, o que aconteceu depois que passamos a correr e a andar somente sobre os pés.
Basicamente nossas mãos, capazes de matar e criar, podem representar o lado bom e também o lado mais cruel da humanidade.
A doença nos acompanha desde que éramos chimpanzés, há 6 milhões de anos. Hoje, estima-se que pelo menos 65% da população mundial tenham um tipo de herpes, que geralmente se manifesta no frio em forma de pequenas feridinhas na boca, mas que pode aparecer também como erupções na região genital.
Cientistas da Universidade da Califórnia acreditam que entender a origem desses vírus pode nos ajudar a prevenir que outros ataquem humanos.
Geralmente quando uma espécie evolui e tem o tamanho do cérebro aumentado, seus dentes aumentam também. Isso só não acontece com os humanos, uma característica conhecida como “paradoxo da evolução”.
Já se sabe que o cérebro humano se aprimorou e aumentou de tamanho. Os dentes, por outro lado, ficaram menores. Além disso, humanos são os únicos animais que têm uma camada mais grossa de esmalte dentário, possivelmente desenvolvida para que possamos comer alimentos mais densos. Além disso, esse esmalte ajuda os cientistas na hora de desvendar a idade e a dieta de um fóssil humano.
Mais uma curiosidade sobre dentes: os Neandertais foram os primeiros a usar palito de dente para aliviar dores e incômodos nas gengivas.
Ter contato com seus avós é sempre uma coisa boa e você provavelmente concorda com isso. O que talvez seja novidade é o fato de que nossas avós têm mais um poder: o de nos fazer viver mais!
Cientistas da Universidade de Utah estudam o que chamam de “hipótese da avó”, que nada mais é do que a teoria de que humanos têm maiores expectativas de vida do que primatas porque avós humanas sempre alimentam seus netos. Os outros primatas têm o costume de procurar pela própria comida depois de desmamados.
Quando as vovós ajudam a alimentar os netinhos, as mães podem ter mais filhos mais rapidamente. Ao que tudo indica, foram necessários menos de 60 mil anos (pouco tempo, em termos de evolução) para que as mulheres vivessem mais tempo depois da menopausa.
Muitos antropólogos relacionam a longevidade humana com o aumento do cérebro, mas os pesquisadores da Universidade de Utah incluem fatores como a caça e os laços entre casais e familiares. O efeito da proteção das vovós, quando incluso nas simulações de evolução, aumenta consideravelmente a expectativa de vida dos humanos.
A conclusão é a de que a proteção recebida da avó ao longo dos anos contribuiu para o aumento do cérebro, melhorou as relações sociais e, inclusive, nos ajudou a realizar trabalhos em equipe.
Pesquisadores da Universidade do Colorado têm outra teoria que poderia explicar o aumento de tamanho do cérebro humano. Esses cientistas encontraram uma proteína dominante, que na verdade é uma unidade específica dentro de uma proteína, e descobriram que ela é muito mais comum em humanos do que em outros animais.
A substância em questão é conhecida como DUF1220 e, quanto mais você tem essa proteína, maior é o seu cérebro. O genoma humano tem 270 cópias da DUF1220; os chipanzés têm 125 cópias e os gorilas 99. Camundongos têm apenas um exemplar. Isso pode significar que o tamanho do cérebro tem a ver com a quantidade dessa proteína.
Você já reparou que a habilidade de arremessar um objeto é algo comum apenas em seres humanos? É verdade que chipanzés conseguem fazer arremessos também, mas nada muito majestoso.
Na realidade, nossa capacidade de jogar baseball, basquete e dardos é uma herança de nossos ancestrais, que tiveram que aprender a jogar pedras e pedaços de madeira contra suas presas na hora de caçar – isso há uns 2 milhões de anos, mais ou menos.
Cientistas tentam entender como conseguimos lançar objetos com as mãos com tamanha eficiência. Uma avaliação de um jogador de baseball mostrou que o ombro humano serve como uma espécie de estilingue na hora de liberar energia para o lançamento. Algumas regiões do ombro e do braço evoluíram, inclusive, para armazenar energia para o arremesso.
Talvez esta informação deixe você um pouco deprimido, mas humanos e outros primatas queimam 50% a menos de calorias do que o restante dos mamíferos. Isso significa que um humano teria que correr uma maratona para chegar minimamente perto da quantidade de calorias gastas em um dia comum na vida de um animal não primata.
O lado bom disso é que, de acordo com um estudo recente, nosso metabolismo mais lento pode explicar o fato de envelhecermos tão lentamente, termos filhos com menos frequência e vivermos mais.
Pense em uma viagem molecular no tempo. Parece coisa de ficção científica, mas é mais ou menos o que alguns cientistas da Universidade de Chicago têm feito. Tudo começou com a análise de uma proteína humana em sua forma de existência há milhões de anos. Essa mesma proteína se tornaria, eventualmente, o receptor celular do hormônio do stress, o cortisol.
A ideia era descobrir uma maneira de entender como a proteína primitiva se tornou uma receptora de cortisol. Depois de analisar várias hipóteses, os pesquisadores chegaram a uma resposta. Duas mutações completamente casuais precisaram acontecer para permitir que a proteína se desenvolvesse de tal forma. Ou seja: a forma moderna dessa proteína é o resultado de algumas mudanças aleatórias.
Acredita-se que uma série de eventos acidentais afetaram as proteínas que nos caracterizam como humanos modernos. Pensar que proteínas podem se desenvolver e adquirir novas funções é, na verdade, uma forma de tentar explicar a diversidade genética. Faz sentido, não é mesmo?