Pesquisadores desenvolvem embriões de galinha com pés de dinossauro

01/06/2015 às 11:142 min de leitura

Uma das teorias mais aceitas sobre a evolução das aves é a de que elas são descendentes dos dinossauros. E de acordo com o portal Science Daily, um experimento liderado pelo brasileiro João Botelho na Universidade do Chile — no qual os cientistas conseguiram realizar uma espécie de “processo de evolução reversa” em laboratório — reforça ainda mais o corpo de evidências que apoia esse princípio.

Segundo a publicação, a maioria das aves modernas conta com uma espécie de dedão opositor que permite que elas se agarrem para ficar empoleiradas ou para caçar suas presas enquanto voam. No entanto em dinossauros como o tiranossauro e o alossauro, essas estruturas, além de serem pequenas demais para tocar o solo, não eram opositoras como as dos pássaros modernos — sendo mais parecidas com os presunhos de cães e gatos.

Dedões opositores

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Para descobrir como os “dedões” surgiram, os cientistas observaram o desenvolvimento das patas em embriões de galinhas e codornas enquanto elas ainda se encontravam nos ovos. Eles descobriram que esses membros começam a surgir nos pássaros da mesma forma como ocorria com os dinossauros, mas que nas aves a sua base — o metatarso — começa a se torcer em determinada etapa do desenvolvimento, fazendo com que os dedos se tornem opositores.

Além disso, os cientistas também perceberam que, comparado aos demais “dedos”, a expressão dos genes que determinam a maturação da cartilagem do dedão opositor das aves ocorre muito mais tarde no processo de desenvolvimento dos embriões.

Dessa forma, os dedões acabam retendo muitas células-tronco que se dividem rapidamente por um período mais longo de tempo. E essa cartilagem imatura, por sua vez, além de ser altamente maleável e plástica, é facilmente transformada pela atividade muscular.

Evolução reversa

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Os pesquisadores perceberam que a “torção” dos dedões coincide com a etapa na qual os embriões começam a se mover no interior dos ovos — e que é o movimento muscular dos animais que faz com que o metatarso gire e se dobre de forma que o dedo adote a posição opositora.

Então, os cientistas utilizaram medicamentos para paralisar a musculatura e evitar que os bichinhos mexessem. Como resultado, os pesquisadores interferiram no processo de desenvolvimento dos embriões, fazendo com que em vez de os dedos se tornarem opositores, eles crescessem parecidos com os das patas dos dinossauros.

Mais que isso, o processo inverso permite que os pesquisadores entendam um pouco melhor as transformações morfológicas sofridas pelas aves conforme elas foram evoluindo a partir de seus ancestrais — os dinossauros — ao longo do tempo.

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