Ciência
14/12/2013 às 05:10•2 min de leitura
Há alguns dias, a NASA declarou que “sinais discretos de água” foram encontrados na atmosfera de cinco planetas que estão fora do sistema solar, indicando o próximo passo no desenvolvimento de buscas por planetas que sejam capazes de sustentar vida alienígena.
A presença de água na atmosfera dos exoplanetas já havia sido registrada anteriormente, mas a NASA acredita que esse estudo é o primeiro a “medir e comparar conclusivamente” os sinais de luz que denotam a existência da água.
“Estamos bastante confiantes de que encontramos sinais de água em diversos planetas. Esse trabalho realmente abre as portas para compararmos quanta água está presente nas atmosferas de diferentes tipos de exoplanetas, como quentes versus frios, por exemplo”, afirma Avi Mandell, cientista planetário da NASA e autor do trabalho que foi publicado no início do mês no periódico Astrophysical Journal.
Fonte da imagem: Reprodução/Shutterstock
Os cinco planetas em questão – WASP-17b, HD209458b, WASP-12b, WASP-19b e XO-1b – são conhecidos como “Júpiter quente”: uma classe de planetas extrassolares que orbitam muito próximo a uma estrela e, consequentemente, têm temperaturas muito altas na superfície.
Os cinco planetas analisados pelos cientistas apresentaram sinais claros da presença de água, embora os indícios mais fortes estivessem na superfície do WASP-17b e do HD209458b.
“Detectar com precisão a atmosfera de um exoplaneta é extraordinariamente difícil. Mas pudemos encontrar um sinal bem claro, e é água”, ressalta Drake Deming, pesquisador da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos.
Para explicar como se deu a pesquisa que resultou nessa descoberta, a NASA divulgou um vídeo (em inglês) bastante didático. Nele, a agência espacial lembra que é difícil conseguir informações sobre esses planetas. Por esse motivo, menos de 5% dos exoplanetas foram observados diretamente, sendo que boa parte do que sabemos vem da observação das mudanças que ocorrem na luz das estrelas durante a passagem do planeta.
Quando um exoplaneta está em trânsito, ele bloqueia uma pequena quantidade da luz emitida pela estrela que ele orbita. Ao medir cuidadosamente a quantidade de luz bloqueada, os cientistas conseguem determinar o tamanho do planeta. Seguindo o mesmo raciocínio, é possível notar que o exoplaneta bloqueia diferentes partes do espectro de cores dependendo da sua composição. E como sabemos que diferentes moléculas absorvem diferentes comprimentos de ondas, as alterações no espectro ajudam a identificar a composição do astro.
Para encontrar os traços de vapor de água nas atmosferas, Deming e sua equipe utilizaram a visão de campo da câmera 3 do Hubble, que é capaz de medir próximo aos raios infravermelhos. Os cientistas esperaram até que cada um dos planetas passasse em frente à sua estrela e então apontaram o Hubble para eles. Como as moléculas de água absorvem determinados comprimentos de ondas de luz, os pesquisadores puderam detectar a presença de vapor de água durante o trânsito do planeta ao medir através do Hubble os comprimentos de onda que não foram absorvidos.