Artes/cultura
02/10/2017 às 03:00•5 min de leitura
Doze astronautas pousaram na Lua entre 1969 e 1972 em missões da Apollo 11 até 17. Eles levaram nas viagens diversos itens essenciais para a sua sobrevivência, mas também carregaram algumas coisas inusitadas para a Lua. Confira abaixo quais foram elas.
Galileu teorizava que objetos pesados e leves caíam com a mesma velocidade, quando não houvesse resistência do ar. Na Lua não tem ar e, portanto, não sofre com a sua resistência, sendo um ótimo lugar para demonstrar o princípio de Galileu.
Por essa razão, o astronauta David Scott da Apollo 15 resolveu fazer uma experiência. Ele deixou cair um martelo e uma pena da mesma altura, e os objetos caíram ao mesmo tempo.
Você pode conferir o experimento no vídeo acima, em que Scott diz: "Essa é uma pena de falcão, para o nosso Falcon...". Ele se refere ao módulo lunar que também tinha o nome de Falcon, pois a tripulação tinha ligações com a Academia da Força Aérea dos Estados Unidos, que tem o falcão como símbolo.
Não foi divulgado na época, mas o astronauta da Apollo 11, Buzz Aldrin, levou a comunhão para a Lua. Aldrin era um ativo praticante de sua igreja Presbiteriana na época e perguntou a seu pastor como poderia ele marcar a ocasião dos primeiros humanos pousando na Lua de forma religiosa.
O pastor então preparou uma hóstia e um pequeno frasco de vinho, que Aldrin levou com ele para o espaço. Poucos minutos após o desembarque na Lua, ele fez uma declaração pública no rádio comunicador, dizendo para as pessoas que estavam ouvindo pararem por um momento e darem graças aos acontecimentos que estavam ocorrendo.
Então Aldrin parou a comunicação de rádio com a Terra para realizar a cerimônia religiosa espacial. Ele tirou a hóstia da embalagem de plástico, derramou o vinho em um pequeno cálice que sua igreja lhe havia dado e leu um versículo do evangelho de João (que estava em um caderno de anotações). Então, ele sorveu a hóstia e o vinho em oração.
Aldrin queria transmitir o versículo no rádio, mas a NASA pediu que ele se abstivesse dessa atitude por causa de um incidente anterior. Quando os astronautas da Apollo 8 leram uma parte da Gênesis ao orbitar a Lua no Natal, a agência havia enfrentado uma ação judicial. Mas, apesar disso, a NASA não tentou manter segredo sobre a comunhão de Aldrin.
A NASA treinou os astronautas para as caminhadas na Lua e para as operações em solo lunar, enviando-os para a prática em lugares na Terra que fossem um pouco similares a superfície da Lua. Bend, no Oregon, se aproximava das características, de modo que os astronautas passavam muito tempo por lá em treinamento.
Em 1966, um dos astronautas em Bend era James Irwin. Lá, ele conheceu um morador local, que era como um anfitrião contratado da NASA, chamado Floyd Watson.
Cinco anos mais tarde, quando Watson ouviu que Irwin havia sido selecionado para pousar na Lua com a Apollo 15, ele o escreveu pedindo um favor: "Estou lhe enviando uma pequena lasca de lava do Central Oregon lava que eu espero que você seja capaz de levar à Lua para mim. Tenho cinco netos que serão eternamente gratos a você”, dizia a carta.
Então, pouco depois de a tripulação da Apollo 15 retornar para a Terra, Watson recebeu uma carta de Irwin, afirmando que não só levou a lasca como também a havia deixado em solo lunar. O astronauta enviou junto uma foto do local em que deixou a lasca com uma dedicatória: “Para Floyd Watson. Lava de Oregon na Lua! Felicidades. Jim Irwin".
Os irmãos Wright, os pioneiros da aviação, eram de Ohio. O astronauta da Apollo 11, o famoso Neil Armstrong, também era desse estado norte-americano. Ele levou vários itens para a Lua e, como uma forma de homenagem aos seus conterrâneos, ele também carregou um pedaço do histórico avião Wright Flyer, construído pelos irmãos.
Em um acordo especial com o Museu da Força Aérea dos Estados Unidos, ele levou em seu módulo lunar um pedaço de madeira da hélice esquerda e um pedaço de tecido da parte superior da asa esquerda do avião de 1903. Armstrong trouxe as peças de volta a Terra e elas estão em exposição no Memorial Nacional dos Irmãos Wright perto de Kitty Hawk, na Carolina do Norte.
Todos os três astronautas da Apollo 15 (David Scott, Alfred Worden e James Irwin) estudaram na Universidade de Michigan. Então, eles decidiram fazer uma homenagem durante sua missão, fundando uma associação da Universidade de Michigan com base na Lua. Como prova da iniciativa, eles deixaram por lá uma pequena placa, na qual se lê: "Associação de Antigos Alunos da Universidade de Michigan”.
Existem boatos de que uma bandeira da Universidade também teria sido fincada na Lua. De fato, a equipe levou bandeiras à missão, mas a única estendida em solo lunar foi a bandeira dos EUA. As outras foram devolvidas no retorno.
Você sabia que os astronautas da Apollo 11 levaram 214 cartões-postais para a Lua, que foram “autografados” por eles? Durante anos, alguns cartões assinados por Aldrin e Collins vieram à tona para a venda, mas Armstrong guardou todos os cartões para ele.
Outras tripulações da Apollo levaram cartões-postais à Lua, mas a tripulação da Apollo 15 conseguiu criar um escândalo. Eles levaram 243 cartões sem autorização, além de 398 selos também não autorizados. Os cartões foram fornecidos por um colecionador alemão chamado Hermann Sieger, queficou com 100 dos cartões quando eles retornaram da Lua.
Sieger vendeu tudo imediatamente, mesmo após os astronautas avisarem que ele deveria esperar até que o programa Apollo estivesse encerrado. Quando a notícia sobre as vendas de Sieger se espalhou, o Congresso questionou e a NASA entrou em ação disciplinar. Foi um fiasco.
Alguns dos astronautas da Apollo levaram broches para a Lua, daqueles que se colocam nas lapelas de ternos ou fardas. Alguns foram deixados na Lua e outros foram trazidos de volta. Um que foi deixado pela missão da Apollo 11 mostra uma águia carregando um ramo de oliveira, que é um símbolo tradicional da paz.
Talvez não por coincidência, o módulo lunar da Apollo 11, que pousou na Lua, foi nomeado como Eagle (águia). Outro que quis deixar uma lembrança na Lua foi o astronauta Alan Bean, da missão Apollo 12. Pouco tempo após pousar na Lua, Bean pegou o seu broche de prata e depois relatou:
“Eu tirei meu broche de prata, dei uma última olhada para ele e lancei o mais forte que eu pude. Ainda me lembro como ele brilhou na luz do sol, em seguida, desapareceu na distância".
Outra coisa que os astronautas gostavam de levar para Lua era foto de família. A mais famosa talvez seja aquela que o astronauta da Apollo 16, Charles Duke, deixou na superfície lunar. A fotografia mostra Duke, sua esposa Dorothy e seus dois filhos, Charles e Thomas, sentados em um banco.
O verso da foto tinha a mensagem: "Esta é a família do astronauta Duke do Planeta Terra. Pousou na Lua em abril de 1972". Abaixo dessa mensagem tinham as assinaturas de sua esposa e filhos. A foto foi devidamente embalada em plástico transparente e pouco depois de colocá-la no solo, Duke registrou a foto na Lua com outra foto, que você vê acima.
Alan Shepard foi o primeiro americano a viajar para o espaço. Ele também foi um dos astronautas da Apollo 14 e, durante a segunda atividade extra-veicular (EVA), ele revelou que havia levado duas bolas de golfe e um taco para a Lua.
Segundo o que relatou Shepard na primeira tentativa: "Infelizmente, o traje é tão rígido, que eu não consigo fazer isso com as duas mãos, mas eu vou tentar”. Ele disse que a primeira tacada fez voar mais sujeira do que bola. A segunda moveu a bola por cerca de um metro e meio. Já a terceira moveu a bola em um arco curto.
Em seguida, ele fez uma jogada que mandou a bola para bem longe. As bolas de golfe utilizadas na brincadeira permaneceram na Lua, mas o taco voltou para a Terra e está em exposição no Museu USGA, em New Jersey. Você pode assistir as jogadas no vídeo acima.
Uma das coisas que Armstrong e Aldrin deveriam obrigatoriamente deixar na superfície da Lua era um disco do tamanho de uma moeda 50 cents de dólar, mas eles quase esqueceram. Nesse minúsculo disco, haviam mensagens gravadas por escrito, mas tão pequenas que era necessário um microscópio para lê-las.
Era um conjunto de mensagens de paz de personalidades de 73 países, incluindo a Rainha Elizabeth II, Indira Gandhi e o Papa Paulo VI, além de outros líderes. O disquinho foi projetado e produzido com material para durar milhares de anos na superfície lunar.
*Publicado em 11/06/2014