Artes/cultura
25/06/2014 às 12:05•3 min de leitura
A maior lua de Saturno, Titã, está sendo bastante comentada ultimamente. Há pouco tempo, foi encontrada uma pequena quantidade de propileno (material do plástico) na baixa atmosfera de lá. Além disso, ela tem recebido muitas atenções por conta de ser muito parecida com a Terra, tanto que os cientistas da NASA já apresentaram até um mapa topográfico de lá.
Titã está envolta em uma atmosfera densa e dourada, composta principalmente de nitrogênio, que é uma reminiscência de uma Terra primitiva e tem um extenso sistema de lagos, mares e rios cheios de etano e metano líquido.
Alvo de grandes observações, esse que é o maior satélite natural do planeta dos anéis (e segundo maior do Sistema Solar) guarda agora mais um fato curioso que veio à tona nas últimas semanas. Tudo porque alguns astrônomos observaram um objeto estranho e brilhante em sua superfície, mais especificamente em um dos mares dessa lua, batizado de Ligeia Mare.
Para chegar à descoberta, os astrônomos analisaram imagens obtidas pela sonda Cassini, da NASA, no ano passado e observaram esse ponto brilhante. Porém, o que intrigou mesmo os cientistas foi que esse objeto nunca havia sido observado nesse mar em outras imagens captadas antes de julho de 2013 e ele desapareceu novamente depois de alguns dias.
Embora os cientistas não tenham certeza de sua identidade no momento, eles especulam que poderia ser um vislumbre de processos geológicos dinâmicos que ocorrem no hemisfério norte de Titã.
O objeto brilhante tinha cerca de vinte quilômetros de comprimento e dez quilômetros de largura, sendo localizado a cerca de dez quilômetros ao largo da costa sul. Ele estava presente em uma imagem tirada no dia 10 de julho de 2013, mas ele tinha desaparecido em um conjunto de dados posteriores vistos em 26 de Julho.
Além disso, antes da observação de 10 de julho, o Ligeia Mare estava totalmente calmo e desprovido de ondulações. Com isso, os cientistas excluem que a tal “mancha” observada possa ser devida a erros no equipamento de imagem e estão quebrando a cabeça para com ideias sobre o que poderia ser.
É claro que para os mais entusiastas da existência de extraterrestres já têm a suposição deles na ponta da língua: Aliens. Mas, aparentemente, não é o caso. O Hemisfério Norte de Titã está passando por uma transição da primavera para o verão, o que poderia ser responsável pelo objeto brilhante e passageiro. Tendo essa possibilidade como base, a equipe propôs quatro hipóteses que eles acreditam que poderia explicar o fenômeno.
A primeira ideia é que as ondas podem estar sendo captadas devido à transição sazonal. Se este for o caso, então a imagem seria a primeira observação de ondas de águas profundas nesta lua. O clima mais quente traz consigo ventos mais fortes, portanto, é possível que, como o Hemisfério Norte começa a aquecer os ventos, eles aumentam consideravelmente as ondas no mar.
Um dos astrônomos que estuda o fenômeno, Jason Hofgartner, disse ao The Guardian que é uma boa possibilidade. No entanto, ele ainda não acredita que os ventos seriam fortes o suficiente para produzir ondas tão substanciais.
Outra hipótese é que talvez seja uma parte do material sólido que é suspenso no mar ou material congelado que começou a subir para a superfície com o aquecimento daquele hemisfério. Por último, também é possível que possa haver um aumento de gás liberado a partir do fundo do mar que subiu para a superfície na forma de bolhas.
"Provavelmente, vários processos, tais como diferentes ventos, chuva e marés podem afetar os mares de metano e etano em Titã. Queremos ver as semelhanças e diferenças entre os processos geológicos que ocorrem aqui na Terra", disse Hofgartner em um comunicado à imprensa. "Em última análise, ele vai nos ajudar a compreender melhor os nossos próprios ambientes líquidos aqui na Terra", completou.
Os cientistas estão tão fascinados pelas descobertas de Titã, que planejam retornar em breve para verificar esse e outros aspectos dessa lua.
"As observações com radar da Cassini estão perto do limite de sensibilidade difícil de interpretar. Mas elas parecem ser o primeiro sinal de alguma coisa acontecendo naquele mar. A única coisa que podemos dizer com certeza é que temos de voltar a Titã, mas, da próxima vez com uma sonda flutuante, para que possamos ver de perto o que está acontecendo nos mares deste lugar incrível", disse Hofgartner.
Em março desse ano, alguns dos pesquisadores que trabalharam com Hofgartner informaram que observaram vislumbres de ondas pequenas em outro mar de Titã, chamado Punga Mare. Além disso, os instrumentos a bordo da Cassini registraram que a luz solar refletindo no mar era mais brilhante do que o esperado em alguns lugares, um efeito que pode ser causado pelo bater das ondas na costa.
A NASA até brincou com a ideia de enviar um barco para navegar nos mares de Titã, mas a proposta perdeu para uma missão a Marte. Porém, ainda há esperança de explorar a lua de Saturno com duas outras missões da Agência Espacial: com um balão ou um drone que mapearia superfície; ou lançar um submarino em outro mar do satélite: o Kraken.