Ciência
13/05/2014 às 11:31•2 min de leitura
Dois estudos independentes, um apresentado pela Universidade de Washington e o outro pela NASA, concluíram que o colapso do manto de gelo da Antártida Ocidental — considerado como um dos maiores depósitos de gelo do mundo — é irreversível e poderá provocar um aumento adicional no nível dos mares entre 3 e 4 metros, devastando cidades costeiras e pouco elevadas em todo o planeta.
Segundo os dois grupos de cientistas, o aquecimento global está acelerando a desintegração de grandes porções das camadas de gelo que compõem o manto. Esse derretimento já se encontra em andamento e provavelmente não pode mais ser parado, e os pesquisadores estimam que o colapso pode demorar entre 200 e mil anos para ocorrer, embora o intervalo mais provável seja entre 200 e 500 anos.
No estudo conduzido pela Universidade de Washington, os pesquisadores avaliaram um modelo criado por computador, imagens capturadas através de radares e mapas topográficos. O outro estudo, realizado pelos cientistas da NASA, avaliou o retrocesso de três glaciares localizados na Antártida Ocidental durante as últimas décadas, e ambas as pesquisas dedicaram especial atenção ao Glaciar Thwaites.
O Glaciar Thwaites é uma enorme língua de gelo que flui para o mar de Amundsen, e há décadas os cientistas alertam que sua situação é extremamente instável. O problema é que essa geleira serve como uma espécie de barreira para o restante da camada de gelo da região, e os cientistas temem que uma vez o Thwaites desapareça, o derretimento que ocorrerá como resultado desencadeará um aumento no nível dos mares com consequências catastróficas.
Quando o derretimento foi detectado pela primeira vez, os pesquisadores ainda não sabiam se o processo poderia ser freado, seja de maneira espontânea ou através de alguma medida específica. No entanto, os estudos apresentados agora não só confirmam que o colapso ocorrerá, como revelaram que não existe nenhum mecanismo que possa ser empregado para estabilizar a situação.
Os cientistas empregaram técnicas avançadas para mapear as camadas de gelo desde a superfície até a plataforma continental, além de avaliar o índice de movimento dos glaciares. Os pesquisadores descobriram que em algumas áreas do Glaciar Thwaites, nas quais as camadas de gelo são mais finas, a geleira vem perdendo dezenas de metros de sua elevação anualmente.
Conforme explicaram os cientistas, o aquecimento global é apenas um dos fatores contribuindo para o problema. O derretimento é resultado do aumento da temperatura das águas nas profundezas do oceano que, por ação das correntes de ar no Antártico, estão subindo à superfície e derretendo o gelo. Portanto, além das ações humanas, alterações climáticas naturais também são responsáveis pelo progresso da situação.