Ciência
09/08/2014 às 03:54•3 min de leitura
Envenenar uma pessoa é uma das ações bastante vistas em filmes de suspense ou nas mais diversas tramas de novela. Basta um pinguinho ou uma pitada em uma bebida e pronto! O personagem agoniza e morre em poucas horas.
Na vida real, os venenos podem estar até em fatores do nosso dia a dia, comprometendo a nossa saúde aos pouquinhos. Por exemplo, não é difícil ver casos de peixes contaminados por mercúrio, em decorrência de dejetos industriais lançados em alguns rios, e que algumas pessoas acabam consumindo.
As substâncias venenosas podem ter vários níveis de toxicidade, desde o mais leve até o mais agudo. O pessoal do site The Conversation listou quais são esses compostos. De acordo com o que foi dito no artigo, o anúncio de um novo inquérito sobre o assassinato de Alexander Litvinenko (que foi envenenado em 2006 em Londres com polônio) trouxe o assunto sobre venenos de volta à curiosidade geral e às notícias.
Segundo eles, existem várias listas das substâncias mais venenosas na internet, baseando-se apenas em sua toxicidade aguda, que é medida por uma escala chamada DL50 (dose letal mediana). Porém, a toxicidade aguda é apenas um fator que precisa ser considerado dentro de várias outras medidas.
A DL50 é uma medida da dose necessária de uma substância para matar metade de uma determinada população, normalmente de camundongos de laboratório, sendo medida em quantidade necessária por unidade de peso do animal. Essa é uma forma objetiva de quantificar o quão mortal uma determinada substância é, mas a toxicidade geral é mais complexa do que isso.
Os toxicologistas estão cientes das limitações do DL50, e, por razões técnicas, éticas e legais, medir os valores em animais é cada vez mais raro. Então, confira agora as cinco substâncias que são mais venenosas do que os seus valores de DL50 podem indicar:
A toxicidade do mercúrio é realmente complicada dependendo do tipo envolvido. Por exemplo, compostos de mercúrio orgânicos e inorgânicos têm efeitos diferentes e, assim sendo, também são distintos os seus valores de DL50 (que estão entre 1mg e 100 mg/kg).
Para ter uma ideia, o mercúrio puro é consideravelmente menos tóxico, conforme pode ser notado em um caso de uma assistente de dentista que tentou o suicídio injetando esse elemento líquido em suas veias. Dez meses depois, ela estava efetivamente livre de sintomas, apesar de ter mercúrio espalhado em seus pulmões.
No famoso caso de Alexandre Litvinenko, de 43 anos, um desertor do FSB (serviço de inteligência russo) refugiado no Reino Unido, vimos uma ocorrência envolvendo o polônio. Em novembro de 2006, Litvinenko havia bebido um chá com Andrei Lugovoi, um agente secreto russo, e com o executivo Dimitri Kovtun em um hotel de Londres. Após três dias vomitando, ele foi internado no hospital — e morreu 22 dias depois. Sua morte foi atribuída a envenenamento por radiação.
De acordo com o The Conversation, o radioisótopo utilizado para matar Alexander Litvinenko é extremamente tóxico, mesmo em quantidades inferiores a um bilionésimo de um grama.
Enquanto outros metais tóxicos, como o mercúrio e o arsênico, matam através da interação do metal com o corpo, o polônio mata emitindo uma radiação que destrói biomoléculas sensíveis, tais como DNA, aniquilando também as células. Por isso, a morte por envenenamento por polônio é lenta, já que sua meia-vida é de cerca de um mês.
O arsênico elementar tem o valor do DL50 de cerca de 13 mg/kg, sendo um nível até maior do que algumas das substâncias desta lista. Apesar disso, a Agência de Substâncias Tóxicas e Registro de Doenças lhe confere o topo do ranking em sua lista prioritária de substâncias perigosas.
Essa informação destaca uma questão fundamental e interessante: o quão comum é uma substância e qual a probabilidade de você ser exposto a ela. Bem, se você não é um ex-espião, suas chances de ser exposto ao polônio ou à toxina botulínica em quantidades letais são desprezíveis.
Mas a exposição crônica a metais tóxicos é um problema real para muitas pessoas ao redor do mundo, e uma simples medida de letalidade aguda, como DL50, simplesmente não pode definir isso. Os sintomas de envenenamento por arsênico começam com dores de cabeça, confusão mental, diarreia grave e sonolência. À medida que a intoxicação evolui, convulsões e alterações na pigmentação da pele e unhas podem ocorrer.
Quando a intoxicação se torna aguda, os sintomas podem incluir vômito, sangue na urina, cólicas, perda de cabelo, dor de estômago e mais convulsões. Pulmões são afetados, além dos rins e fígado, resultando em coma e morte.
A maioria dos venenos de serpentes é formada por uma mistura de muitas proteínas, que são frequentemente neurotoxinas com DL50 abaixo de 1 mg/kg. Mas o que define a proporção do envenenamento é a velocidade de atividade.
Enquanto alguns venenos de serpentes podem ser altamente potentes, outros que são menos potentes podem matar mais rápido. Esta é uma informação vital. Um veneno potente, mas de ação lenta, pode dar tempo suficiente para a pessoa ter atendimento médico, enquanto um veneno de ação rápida com uma DL50 menor poderia matá-la antes de conseguir ajuda.
Algumas formas de toxina botulínica têm sido usadas amplamente em tratamentos estéticos (com o nome de botox) para atenuar rugas e deixar a pele mais esticada, além de outros usos médicos, como para tratamento da hiperidrose (excesso de suor) nas mãos e outras partes do corpo.
Mas, mesmo que alguns tipos sejam utilizados dessa forma, a família botulinum de neurotoxinas inclui as substâncias mais tóxicas conhecidas pelo homem. Os valores do DL50 para sete proteínas desse tipo têm cerca de 5 ng/kg (ng significa nanograma, que é um bilionésimo de um grama).
Quantidades não letais injetadas em camundongos podem paralisar o membro afetado durante um mês. A seletividade excelente destas toxinas para certos tipos de células do corpo humano é notável, mas também significa que muitas espécies (incluindo todos os invertebrados) simplesmente não são afetadas.