Ciência
21/02/2014 às 12:05•2 min de leitura
A descoberta de que um homem da Idade da Pedra carregava genes compatíveis com olhos azuis e pele escura revelou que essa coloração dos olhos pode ter se espalhado entre a população europeia muito antes do que a pele clara.
Para chegar a essas conclusões, uma equipe de pesquisadores internacionais analisou o dente de um esqueleto humano de sete mil anos encontrado na Espanha. O objetivo da pesquisa – que foi publicada no periódico Nature – era entender o impacto evolutivo dos primeiros homens que passaram de um sistema caçador-coletor para uma sociedade com agricultura.
“Embora essas populações tenham morrido há milhares de anos, seus genes deixaram pistas de como eles se pareciam e a maneira em que viviam. Descobrimos que os genes presentes nesse homem do mesolítico estão propensos a resultar em uma pele escura, cabelos escuros, mas olhos azuis”, explica o Dr. Rick Sturm, do Instituto de Biociência Molecular da Universidade de Queensland, na Austrália.
Fonte da imagem: Shutterstock
O pesquisador ainda ressalta que a combinação dessas características deixou de existir com o passar do tempo: “Essa combinação genética é única e não existe mais entre os europeus contemporâneos, o que sugere que a disseminação dos genes associados com a coloração clara dos olhos pode ter ocorrido antes da disseminação da pele clara”, ressalta Sturm.
A equipe, liderada por pesquisadores do Instituto de Biologia Evolucionária da Espanha e da Universidade de Copenhagen, na Dinamarca, também investigou os genes associados à imunidade e à alimentação. “O caçador-coletor do mesolítico carregava o gene da intolerância à lactose consistente com sua incapacidade de digerir derivados do leite e também genes da amilase salivar que indicavam uma dieta pobre em amidos”, comentou o cientista.
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Para finalizar, o Dr. Sturm apontou que essa descoberta representa um contraste com os genes encontrados em agricultores do período neolítico, que eram capazes de processar altos níveis da lactose presente no leite e de amidos encontrados nos grãos.
“Embora os genes da imunidade das doenças fossem similares entre os caçadores-coletores e os agricultores, isso sugere que a transição das populações europeias para a agricultura causou mudanças na dieta, mas não na imunidade”, finaliza Sturm.