Ciência
27/10/2016 às 10:30•3 min de leitura
Se você acompanha o que está acontecendo no cenário internacional, então deve estar por dentro da tensão que vem aumentando nos últimos meses entre a Rússia e os EUA. Na verdade, a coisa vem escalando tanto ultimamente que praticamente estamos revivendo o clima desconfortável que havia na época da Guerra Fria! E uma prova dessa inquietação foi o anúncio de que os russos estão renovando seu arsenal nuclear.
De acordo com Loz Blain, do portal Gizmag, esta semana a Rússia divulgou imagens de um novo míssil nuclear que lançou arrepios pela coluna de muita gente. Apelidado de “Satan 2” pelo pessoal da OTAN, o dispositivo entrou em desenvolvimento em 2009, e tem capacidade de obliterar uma área equivalente ao estado do Texas — ou do tamanho da França — de um único golpe.
Segundo Loz, o nome oficial desse dispositivo assustador é RS-28 Sarmat, e se trata de um míssil balístico intercontinental projetado especificamente para passar despercebido pelos sistemas antimíssil em operação. E o Satan 2 tem outras características extraordinárias — que justificam o temor que todo mundo está sentindo.
RS-28 "Satan" Sarmat
Ele terá uma autonomia de até 10 mil quilômetros e será capaz de viajar tanto sobre o polo sul como o norte para atingir alvos a partir de direções inesperadas. Além disso, o míssil poderá atingir velocidades de até Mach 20 — ou míseros 24,5 mil quilômetros por hora — e transportar uma carga de até 10 toneladas.
Isso significa que, de acordo com Loz, o míssil poderá levar até 10 ogivas — incluindo as termonucleares — em suas entranhas ou, alternativamente, ir carregado com avançados dispositivos defensivos para evitar que ele seja interceptado pelos sistemas antimíssil, garantindo que ele atinja (e pulverize) seu alvo.
Mais especificamente, o Satan 2 foi projetado para penetrar os sistemas de defesa antimíssil norte-americanos — e teria sido desenvolvido em resposta ao programa Prompt Global Strike criado pelo Exército dos EUA. Esse programa, caso você não saiba, dá aos militares estadunidenses a capacidade de organizar e lanças ataques com mísseis (não nucleares) a qualquer parte do mundo no período de apenas uma hora. Tenso...
De acordo com Nathaniel Mott, do portal Inverse, os EUA também têm um míssil balístico intercontinental de longo alcance em seu arsenal, o Boeing SM-80/LGM-30 — também conhecido como Minuteman. Ele teria uma autonomia de 13 mil quilômetros, ou seja, superior à do Satan 2, embora o míssil russo tenha uma maior capacidade de carga e seja equipado com sistemas de controle mais avançados.
Boeing SM-80/LGM-30
Ademais, apesar de o novo míssil estar deixando todo mundo alarmado, não há motivo para pânico — bem, isso segundo Mott! Conforme disse, embora o Satan 2 possa transportar uma grande quantidade de ogivas nucleares e percorrer grandes distâncias, ele não pode fazer as duas coisas ao mesmo tempo, o que significa que, em teoria, o dispositivo não seria capaz de apagar o Texas do mapa com um ataque nuclear.
Ainda segundo Mott, o míssil russo parece tão assustador porque o arsenal nuclear dos demais países não passou por nenhuma atualização significativa nas últimas décadas — tanto que os EUA continuam usando um sistema baseado em disquetes para controlar suas bombas! Disquetes, gente...
Esquema do Prompt Global Strike
Em uma declaração recente, Vladimir Putin disse acreditar que a capacidade nuclear da Rússia estava sendo ameaçada pela política internacional agressiva dos EUA, que vem interferindo no equilíbrio geoestratégico de poder que se havia estabelecido no mundo. Segundo Putin, as medidas são uma mera resposta às ações norte-americanas, e seu objetivo é o de garantir a segurança de seu país.
Para os cidadãos das demais nações (pacíficas e felizes) do mundo, vamos nos unir na torcida para que essa aparente Guerra Fria Parte 2 não aconteça. Mas, se ela for inevitável, tomara que ela termine como a primeira — e não com uma hecatombe nuclear!
De acordo com Loz Blain, do Gizmag, originalmente, o Satan 2 deveria ser apresentado só em 2020, mas o prazo foi alterado para 2018. Além disso, segundo Loz, algumas fontes apontaram que a Rússia espera que o novo míssil faça parte de praticamente todos os arsenais que o país mantém em bases militares terrestres até 2021.