Artes/cultura
23/01/2015 às 14:19•3 min de leitura
Depois de falarmos a respeito do envolvimento de gigantes como a Ford e a IBM com os nazistas, nós aqui do Mega Curioso hoje vamos revelar para você um pouquinho sobre o lucrativo relacionamento entre duas importantes companhias da indústria alimentícia e o Terceiro Reich: a Nestlé e a Dr. Oetker.
Lembramos que elas não foram as únicas empresas desse ramo a lucrar com Adolf Hitler: conforme comentamos em uma matéria anterior sobre os Aliados do Nazismo (que você pode conferir aqui), a Alemanha era a maior consumidora da Coca-Cola fora dos EUA quando a Segunda Guerra Mundial começou.
Contudo, quando os norte-americanos se uniram ao conflito, a matriz em Atlanta suspendeu o envio de ingredientes à subsidiária alemã. Para contornar a situação — e continuar saciando a sede dos ávidos alemães e enchendo os bolsos de dinheiro—, a filial solucionou o problema desenvolvendo um novo refresco: a Fanta. Agora, que tal seguirmos com os chocolates e misturas para bolo?
Os alemães não eram fãs apenas de refrescos, mas de chocolates também, e a Nestlé ganhou muito dinheiro durante a guerra — e com o Terceiro Reich. Segundo o pessoal do site Business Pundit, em 1939, a fabricante de alimentos ajudou financeiramente o Partido Nazista na Suíça, o que acabou lhe rendendo um lucrativo contrato de fornecimento de chocolates para a Alemanha.
Durante a Segunda Guerra Mundial, a companhia suíça manteve um relacionamento bastante próximo a diversos figurões do Terceiro Reich, incluindo o próprio Adolf Hitler. Assim, a fabricante, que já possuía subsidiárias em países ocupados pelos nazistas, passou a tirar proveito da possibilidade de usar trabalho forçado em suas linhas de produção.
Além disso, em 1947, a Nestlé adquiriu uma fábrica na Alemanha — a Maggi — na qual não só empregou milhares de prisioneiros de guerra na produção de seus produtos, como se manteve a par de tudo o que estava acontecendo e não fez nada a respeito. Inclusive existem rumores de que a companhia teria usado barras de chocolate para atrair judeus até os vagões que os transportavam até os campos de concentração.
Segundo um artigo do portal de notícias The Independent, há alguns anos a matriz do grupo suíço assumiu publicamente a responsabilidade moral pelas atividades durante a guerra e fez um acordo com sobreviventes do Holocausto e organizações judaicas, pagando uma indenização de 25 milhões de francos suíços (ou cerca de R$ 73 milhões). Além disso, a Nestlé afirmou que esperava que subsidiárias em operação na Alemanha e Áustria fizessem doações voluntárias.
A famosa empresa de misturas de bolo, sobremesas e outros produtos alimentícios também teve envolvimento com os nazistas. Fundada na Alemanha em 1891, de acordo com o portal DW, a Dr. Oetker manteve estreitos laços com o Terceiro Reich antes, durante e depois da Segunda Guerra Mundial, e quem revelou tudo isso foi o atual presidente da companhia, August Oetker, bisneto do fundador da companhia.
Investigações encomendadas pela própria Dr. Oetker sobre o passado dela mesma revelaram que Rudolf-August Oetker, pai do atual presidente e diretor-executivo da companhia de 1944 a 1981, não só era filiado ao Partido Nazista como doou verdadeiras fortunas ao líder da Schutzstaffel — ou SS —, Heinrich Himmler.
August e Rudolf Oetker
Segundo as apurações da Dr. Oetker, além de se filiar ao Partido Nazista, Rudolf se alistou voluntariamente à Waffen-SS — um braço da Schutzstaffel — em 1941 e forneceu guardas armados para os campos de concentração. Ele provavelmente foi influenciado por Richard Kaselowsky, seu padrasto, que era um fervoroso admirador de Hitler e esteve no comando da companhia antes de Rudolf assumir o controle.
Conforme explica o pessoal do The Local, de acordo com a análise dos documentos da empresa, também veio à tona que a Dr. Oetker, assim como muitas outras companhias da época, empregou mão de obra escrava e que Rudolf, evidentemente, sabia de tudo.
As informações que foram levantadas durante as investigações foram reveladas ao público em 2013 e se transformaram em um livro intitulado “Dr. Oetker and National Socialism” — ou “Dr. Oetker e Socialismo Nacional”, em tradução livre —, redigido por historiadores alemães e financiado pela companhia.
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