Artes/cultura
08/05/2019 às 09:30•2 min de leitura
Atualmente, o símbolo aparece em acessórios, em estampas de camisetas e até mesmo tatuado na pele de algumas pessoas. Mas será que você sabe de onde vem esse desenho e o que ele representa originalmente?
Para cada um de nós, o símbolo da paz pode indicar coisas diferentes: amor, união, harmonia, o fim da guerra, dos conflitos, dos preconceitos e por aí vai. Em geral, associamos o desenho com pensamentos positivos. Porém, a origem do elemento traz um significado mais obscuro e não tão feliz quanto gostaríamos de imaginar.
Fonte da imagem: Reprodução/BBC
O símbolo da paz foi criado em 1958 pelo artista e designer britânico Gerald Holtom para representar o desespero que ele sentia diante do mundo que o cercava. O sinal foi criado durante grandes protestos em que as pessoas lutavam contra a construção de armas nucleares na Inglaterra.
Pouco depois do final da Segunda Guerra Mundial, o artista ainda se via diante de um momento em que o desejo de destruição alimentava o início de uma corrida armamentista. Então Holtom quis criar um símbolo simples, mas poderoso, para dar conta de tudo o que ele estava sentindo e tudo o que acontecia no mundo ao seu redor naquele momento.
Assim, o artista decidiu utilizar as letras N e D (do código homógrafo), que significavam “nuclear disarmament”, ou seja, representavam seu desejo de que o desarmamento nuclear se tornasse realidade. Seguindo a posição das bandeiras, as letras formavam o desenho interno do símbolo, que ganhou um círculo em volta para representar o planeta.
Três de Maio de 1808, de Goya. Fonte da imagem: Reprodução/Wikimedia Commons
Por mais que o símbolo criado por Holtom possa ser encarado como uma mensagem otimista, o designer adicionou mais um significado que não é nada esperançoso. Para ele, além das letras, os traços internos poderiam ser vistos como parte do corpo de um boneco de palito com os braços para baixo e as mãos espalmadas em sinal de agonia e desespero. Holtom ainda revelou que sua inspiração foi o quadro “Três de Maio de 1808” de Goya.
Por acreditar que o símbolo que havia criado representava ideias e sentimentos que pertenciam ao mundo naquele momento, Holtom não registrou os direitos da imagem. Dessa maneira, o elemento poderia ser usado por qualquer pessoa. E foi assim que ele foi adotado pelos movimentos de contracultura dos anos 1960 nos Estados Unidos, foi usado por aqueles que acreditavam no fim do apartheid na África do Sul e ainda se tornou símbolo dos direitos civis e representou a luta contra a opressão e a tirania em outras partes do planeta.
Porém, com toda a repercussão, Holtom acabou se arrependendo de ter criado o símbolo. Depois que seu desenho passou a ser diretamente associado à ideia de paz, ele sugeriu que a imagem fosse virada de ponta cabeça para que exibisse uma pessoa com os braços erguidos em sinal de euforia. Dessa maneira, o elemento seria formado pelas letras U e D, que significariam “unilateral disarmament” (desarmamento unilateral), o que seria igualmente apropriado, segundo ele.
*Publicado originalmente em 07/04/2014.