Ciência
20/12/2018 às 12:00•2 min de leitura
A palavra “nazismo” por si só já provoca arrepios. Por mais que o tempo já tenha passado e que, teoricamente, tenhamos evoluído como humanidade, alguns fatos sobre esse período triste e covarde ainda nos causam espanto.
Em 2011, a Hugo Boss pediu desculpas publicamente por ter se envolvido com trabalho escravo durante a Segunda Guerra Mundial para produzir uniformes para os soldados nazistas. Tudo teve início com a publicação de uma biografia da marca, que acabou revelando algumas histórias assustadoras relatadas nos tempos de guerra.
De acordo com a publicação, a fábrica alemã da Hugo Boss escravizou 140 poloneses e 40 franceses durante a Segunda Guerra. O livro não mede palavras ao dizer que o fundador da marca, Hugo Ferdinand Boss, era um nazista fiel.
“É claro que Hugo F. Boss não se uniu ao partido [Nazista] apenas porque iria assinar contratos para a produção de uniformes, mas também porque ele era um seguidor do Socialismo Nacional”, disse o autor da obra, Roman Koester, que é um historiador e especialista em economia da Universidade de Munique.
A obra conta a história do homem que fundou uma alfaiataria em 1924 e que daria início a um dos maiores nomes do mundo da moda. O que muita gente não sabia era que um dos primeiros contratos importantes da Hugo Boss foi justamente para produzir grandes quantidades de camisas marrons para o Partido Nazista.
Depois da Guerra, Boss, que acabou morrendo em 1948, disse que só se juntou ao partido para salvar a sua empresa da falência. De acordo com Koester, até pode ter sido esse o motivo, mas não se pode negar que o estilista se identificava com os ideais nazistas.
Em 1938 a empresa estava produzindo uniformes militares e, eventualmente, produzia peças exclusivas para o Partido Nazista. Em 1940 Hugo Boss estava escravizando trabalhadores, principalmente mulheres.
Um campo foi construído em uma área da fábrica para abrigar os trabalhadores. De acordo com o autor do livro, não havia condições básicas de alimentação e higiene. Em 1944, Boss tentou melhorar as condições de trabalho em sua fábrica, pedindo para ser o provedor da moradia para seus “empregados” e, ainda, passando a fornecer comida a eles.
Koester afirma que o ambiente de trabalho na fábrica da marca era muitas vezes difícil e ameaçador, mas que Boss demonstrava interesse em melhorar a situação.
A companhia, depois da publicação do livro, disse estar profundamente arrependida por ter causado sofrimento a trabalhadores escravizados. Depois do final da guerra, Boss deu um fim a seu relacionamento com os nazistas.
Em 2013 o comediante Russell Brand foi expulso de uma festa da GQ Magazine, patrocinada pela Hugo Boss. Quando estava no palco, Brand disse que “se alguém sabe um pouco sobre história e moda, sabe que foi Hugo Boss quem fez os uniformes dos nazistas”.
Logo em seguida, ele fez mais um comentário, dizendo que as roupas eram fantásticas, ainda que muitas pessoas estivessem sendo mortas por causa delas. Pouco tempo depois Brand foi expulso da festa pelo próprio diretor da revista, Dylan Jones. Os dois chegaram a trocar farpas pelo Twitter. Jones disse: “O que você fez foi muito ofensivo a Hugo Boss”. Brand respondeu: “E o que Hugo Boss fez foi muito ofensivo aos judeus”.