Artes/cultura
05/11/2015 às 14:52•3 min de leitura
Já imaginou ter em seu atestado de óbito as palavras “força desconhecida” como a causa de sua morte? Pois é exatamente isso que consta no registro de nove esquiadores russos que perderam a vida em situações pra lá de esquisitas no final em fevereiro de 1959.
O grupo original era composto de oito homens e duas mulheres. Eles eram estudantes universitários e pretendiam chegar à montanha Otorten, nos montes Urais, passando pela montanha Kholat Syakhl – que na língua mansi significa Montanha dos Mortos. E foi justamente lá que eles perderam a vida em situações inexplicável.
A expedição não era fácil: iria passar por lugares bem remotos e de difícil acesso. O grupo foi de trem até o povoado de Ivdel, onde pegou carona em um caminhão até Vizhai. Esse era um dos vilarejos mais ao norte da Rússia, de onde os aventureiros seguiriam a pé até a montanha Otorten.
Eles começaram a caminhada rumo à morte no dia 27 de janeiro de 1959. Um dos rapazes, entretanto, passou mal e precisou voltar no dia seguinte: foi o único a escapar da tragédia. O retorno de Yuri Yudin foi determinante para a localização de seus companheiros, quase um mês depois.
A volta do grupo estava prevista para o dia 12 de fevereiro, mas como isso não aconteceu, seus familiares começaram a ficar preocupados – lembrem-se que naquela época a comunicação era muito mais complicada do que nos dias de hoje. Foi apenas no dia 20 de fevereiro que as buscas começaram e o cenário encontrado é bastante enigmático...
Os dois primeiros corpos foram encontrados em 26 de fevereiro, distante 500 metros de um acampamento abandonado na montanha Kholat Syakhl. O estado deles era intrigante: apesar de não conter nenhum vestígio do que pudesse ter tirado suas vidas, ambos estavam trajando apenas roupas íntimas.
Situação semelhante a de outros três esquiadores, achados na mesma região. Nada justificaria tão pouca roupa, afinal, estava fazendo um frio de até -30°C! Apenas um desses corpos apresentava uma pequena fissura no crânio, mas a conclusão, até então, era de que todos haviam morrido de hipotermia.
A tragédia aconteceu em territórios da tribo indígena Mansi, mas não havia sinais de nenhum grupo atacando o acampamento abandonado. As autoridades também descartaram qualquer envolvimento de drogas ou álcool com o grupo, já que nenhum vestígio disso foi encontrado.
Os últimos quatro corpos só foram encontrados mais de dois meses depois, com o degelo da montanha, e trouxe novos enigmas do que acontecera ao grupo. Eles apresentavam grandes ferimentos no crânio e nas costelas, o que não seria condizente com a força humana. Os peritos deduziram que uma força desconhecida tenha causado essas mortes.
Como o caso ficou sem explicação, várias teorias surgiram desde então. A com maior número de adeptos diz que o grupo pode ter tido algum contato com alienígenas, já que, no mesmo período em que eles estiveram desaparecidos, inúmeras pessoas relatam a aparição de objetos voadores no norte da Rússia – relatos feitos inclusive por militares e metereologistas!
Outra teoria diz respeito a um suposto Pé Grande ou um Abominável Homem das Neves, chamado localmente de Menk. Segundo algumas lendas, esse tipo de monstro gosta de comer línguas – e a de uma das mulheres da expedição estava faltando. Além disso, os dois primeiros corpos foram achados perto dos restos de uma fogueira, mas apenas um grupo de pegadas levou os investigadores até o local. O que será que de fato aconteceu com eles?
Seria esta uma imagem do temível Menk?
O caso ficou conhecido como o “Incidente do Passo Dyatlov”. Para quem não sabe, um passo de montanha é o ponto mais baixo entre dois picos que pertencem à mesma cadeia. Já Dyatlov é uma homenagem ao líder da expedição que morreu na montanha Kholat Syakhl, Igor Dyatlov.
Alguns enigmas permanecem: por que o grupo abandonou suas barracas, aparentemente no meio da noite, apenas com as roupas íntimas, sendo que todos tinham experiências com nevascas e escaladas? O que teria causado um rasgo em uma das barracas, que os pesquisadores acreditam ter sido feito de dentro para fora?
Por que as poucas roupas usadas pelos quatro últimos a serem localizados apresentavam fortes indícios de radiação? Por que as autoridades tentaram abafar o caso na época, tanto que algumas dessas informações só vieram a público nos anos 90? Por que o Pé Grande teria comido a língua de apenas uma das pessoas?
Estariam os ETs ou o Pé Grande por trás de estranhas mortes de esquiadores russos? Comente no Fórum do Mega Curioso
Local da tragédia
Mais recentemente, uma teoria científica tenta explicar o que aconteceu. Conforme falamos neste artigo, os infrassons são inaudíveis para os ouvidos humanos, mas podem induzir a uma série de comportamentos estranhos.
O pesquisador Yuri Kuntsevich, que tenta solucionar o caso, acredita que o local da montanha em que o grupo fixou o último acampamento pode ter originado infrassons por causa do vento. Isso poderia ter criado uma espécie de paranoia coletiva, fazendo com que todos fugissem de suas tendas no meio da noite usando pouquíssimas roupas. E uma possível avalanche pode ter causado a morte dos quatro que apresentam maiores ferimentos. Será?
Última foto feita pelos esquiadores mostra um borrão com luzes estranhas
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Essa história sinistra foi sugerida pelo leitor Houston Silva. Se você também quiser que o Mega Curioso aborde um tema parecido, não deixe de sugerir! Quem quiser saber mais sobre o Incidente no Passo Dyatlov pode procurar o documentário “Russia Yeti: The Killer Lives”, da Discovery.