Artes/cultura
08/06/2017 às 02:23•6 min de leitura
O roubo ou sequestro de cadáveres é algo bastante esquisito, mas já aconteceu muitas vezes em diversas épocas. Sabe-se que as tradições e as crenças pessoais sobre a vida após a morte variam de cultura para cultura. E muitas dessas ações aconteceram em decorrência desses fatores.
Em se tratando de cultura e religião, vários povos encaravam a vida após a morte de forma diferente. O povo da Mesopotâmia, por exemplo, acreditava que sem um enterro apropriado o fantasma voltaria para assombrar. Por outro lado, os maias enterravam seus mortos de uma maneira que eles pensavam que ajudava o morto a ser encaminhado para o céu.
De qualquer forma, uma ideia que provavelmente a maioria dos povos compartilha até hoje é de que o corpo seja enterrado ou cremado para sua paz eterna. No entanto, nem sempre funciona assim, pois a prática do roubo de cadáveres aconteceu muitas vezes e continuará a ocorrer por razões tão desconcertantes quanto o ato em si. Confira abaixo alguns casos.
Na China, nunca é tarde demais para encontrar o amor, mesmo que isso aconteça após a morte. Embora raros, os casamentos “entre fantasmas” fazem parte de uma antiga tradição para aqueles que morreram solteiros. Acredita-se que eles sejam uma forma de apaziguar os espíritos. Em outras palavras, eles acham que essas almas em matrimônio vão estar muito ocupadas em lua de mel para assombrar qualquer um.
O casamento espiritual funciona da seguinte forma: as famílias dos dois solteiros recentemente falecidos concordam em enterrar os mortos em conjunto, para virarem um casal em santo matrimônio pós-morte. Mas onde entra o roubo de cadáver nessa história?
Pois bem, eis que, em um caso recente, cadáveres de mulheres estavam sendo roubados de seus túmulos na China (na província de Shaanxi), e as famílias não faziam ideia do que estava acontecendo. Foi quando descobriram que uma quadrilha de ladrões de túmulos foi presa por vender cadáveres para as famílias como "esposas fantasmas" para os seus filhos falecidos, independentemente se as mulheres roubadas eram solteiras ou não antes de morrer.
Os corpos foram desenterrados, limpos e vendidos com os registros médicos falsificados por 38 mil dólares. A quadrilha fugiu após a venda ilegal de dez desses corpos antes de ser capturada e condenada de 28 a 32 meses de prisão.
Imagine uma coleção de bonecas cadáveres? Pois, uma investigação sobre uma série de roubos de cadáveres na Rússia levou a polícia a Anatoly Moskvin, um escritor e historiador local que fazia exatamente isso.
O homem de 45 anos foi pego com os corpos de mais de 20 mulheres em seu apartamento quando seus pais apareceram para uma visita inesperada. Sem pensar duas vezes, e horrorizados, os seus progenitores entraram em contato com as autoridades imediatamente.
Os cadáveres tinham as idades entre 15 e 25 anos. O estranho maníaco tinha trocado as roupas das mulheres mortas e fez todos os reparos necessários a fim de criar suas "bonecas", que ficavam junto com várias outras de brinquedo. Ele admitiu abertamente que desenterrou os corpos, levou-os para casa, arrumou-os, submeteu-os a um processo de mumificação e os manteve em sua residência como "pesquisa" para o seu livro.
A maioria da coleção de corpos de Moskvin era de cemitérios em locais, embora ele tenha visitado um total de 750 cemitérios em todo o país. O vídeo acima foi feito durante a investigação e descreve a extensão dos crimes. É tudo em russo, mas se você pular para 1:25, ele mostra como era o interior da casa de Moskvin. Sinistro.
Nem todos os atos de roubo de cadáveres começam abaixo do solo. Em algumas ocasiões, os corpos foram interceptados antes mesmo de chegar perto de um túmulo. Teoh Cheng Cheng Teoh, uma garçonete de 38 anos de idade, se enforcou depois de ter uma discussão com seu namorado, em junho de 2014.
A moça nasceu budista, mas decidiu se converter à fé muçulmana em amor ao namorado dela, o que levou à questão sobre o que deveria acontecer com seus restos mortais. Os seus pais e seu namorado muçulmano concordaram que ela teria preferido um funeral taoísta. Dessa forma então, os arranjos foram feitos e o funeral começou como planejado.
No entanto, durante o evento fúnebre, oficiais do Departamento Religioso Islâmico de Penang apareceram e levaram o corpo, alegando que, como muçulmana, Cheng Cheng precisava de um funeral que cumprisse a fé islâmica. A família perturbada consentiu no momento, mas logo lançou uma batalha legal sobre a maneira correta de enterrar os restos mortais.
Com esse impasse, o corpo de Cheng Cheng ficou em um necrotério, enquanto os advogados discutiam sobre o destino de sua alma. Depois de vários dias, a família Teoh venceu, e Cheng Cheng foi cremada de acordo com os rituais taoístas.
O roubo de cadáveres era muito comum há séculos e séculos atrás, para fins de pesquisa médica e científica, principalmente. Já por volta do século 13, estudantes de Medicina eram constantemente pegos roubando cadáveres para estudar sua anatomia. Não demorou muito para esse conceito se expandir para roubar e vender órgãos ou partes do corpo como materiais de estudo.
Segundo o List Verse, Eileen Currier foi uma das muitas vítimas do negócio de roubo de corpos. Eileen tinha 72 anos quando morreu de câncer de pulmão. Seus filhos tinham cremado seu corpo, e suas cinzas foram espalhadas em San Diego, mas eles descobriram mais tarde que elas não eram de sua mãe. O corpo real de Eileen tinha sido vendido para a investigação médica, sem o consentimento da família.
O mercado negro de venda de cadáveres, órgãos e membros do corpo para possíveis estudos, infelizmente, é algo que acontece com bastante frequência, pois gera bastante dinheiro. Um cérebro, por exemplo, pode custar cerca de R$ 1,3 mil nesse comércio totalmente ilegal e sem regulamentação, enquanto uma mão pode ter o valor de quase R$ 2 mil.
Qualquer um que já perdeu um ente querido pode concordar que é uma experiência incrivelmente triste e difícil. Para Vincent Bright, de Detroit, a perda de seu pai foi um golpe tão duro que ele resolveu roubar o falecido, Clarence, que tinha 98 anos.
Vincent roubou o corpo no Cemitério Gethsemane em 14 de janeiro de 2013, levou-o para casa e colocou-o no seu freezer, com a esperança de ressuscitá-lo em um futuro próximo. Embora Vincent seja bem conhecido por ser muito religioso, o que o fez pensar que ele tinha a capacidade de ressuscitar os mortos ainda é um mistério.
A confissão de culpa de Vincent e o raciocínio por trás do roubo foram suficientes para os promotores voltarem atrás na declaração da pena máxima de 10 anos de prisão, que geralmente acompanha a acusação de desenterrar um corpo. Todos os envolvidos concordaram que o melhor para ele seria ajuda psiquiátrica.
Em San Juan, Puerto Rico, 40 corpos desapareceram do cemitério mais antigo da cidade de Gurabo. O governo estava em processo de cavar sepulturas com o objetivo de realocar os corpos, apenas para descobrir que muitos dos túmulos estavam vazios. O valor de caixões de aço no mercado negro era considerado, mas uma investigação mais aprofundada dos túmulos revelou que nenhum dos ossos tinha sido deixado para trás.
A discussão sobre rituais de magia negra se espalhou rapidamente, fazendo com que uma líder da chamada Santeria, Arlene Gonzalez, do Templo Yoruba, defendesse a sua fé. Ela afirmou que cadáveres de animais, e não de humanos, eram usados em seus rituais e passou a explicar que os praticantes do culto chamado Palo poderiam ser os responsáveis pelos roubos no cemitério.
Embora seja semelhante à Santeria em suas raízes afro-caribenhas, o Palo Mayombe é muito mais obscuro e pesado. Cada ritual que seus praticantes realizam, independentemente de sua finalidade, requer o uso de ossos humanos, o que significa que cada pessoa que pratica essa fé em Gurabo provavelmente estaria roubando os cadáveres.
Você sabia que o corpo de Charlie Chaplin foi roubado de seu túmulo, com o objetivo de extorquir dinheiro de sua viúva, Oona Chaplin? Ela, que foi a quarta e última esposa do ator/diretor Chaplin, achou a situação ridícula, afirmando que seu marido concordaria com ela ao se recusar a pagar o resgate e então seguiu a sua vida.
Os ladrões de cadáver continuaram a incomodar Oona e começaram a ameaçar os seus dois filhos mais novos. Uma investigação de cinco semanas levou a polícia a Roman Wardas e seu ajudante Gantscho Ganev. Os dois mecânicos de automóveis disseram que só tinham pegado o corpo de Chaplin por desespero para resolver os seus problemas financeiros graves.
Wardas foi condenado a 4 anos e meio de trabalhos forçados por roubo de túmulos e tentativa de extorsão. Ganev foi condenado a 18 meses por ter envolvimento limitado. A polícia recuperou o corpo de Chaplin em um milharal, junto à estrada próxima a casa da família do grande artista. Seu corpo foi enterrado, mas, em vez de cobri-lo com terra, sua família decidiu cobrir com concreto, tornando roubos futuros impossíveis.
Em 27 de agosto de 2011, dois homens de Denver decidiram viver a sua própria versão do filme “Um morto Muito Louco”. Robert Young e Mark Rubinson encontraram seu amigo Jeffrey Jarrett morto e, em vez de avisar à polícia, eles colocaram o falecido no carro para uma última noite na cidade.
Os dois homens então usaram cartões de crédito de Jarrett para comprar o jantar e aproveitar uma noite de farra com bebidas — tudo isso enquanto o corpo de Jarrett estava sentado pacientemente no banco de trás do carro. Depois de outro jantar, os homens levaram o cadáver para casa e o colocaram na cama.
Com o cadáver bem acomodado, eles saíram novamente com o cartão de Jarrett e retiraram 400 dólares em dinheiro para gastar em um clube de stripers. A parada final foi para mais um lanchinho antes de finalmente encontrar um policial e contar sobre a morte do amigo. Os dois foram acusados de roubo de identidade, representação criminal e abuso de cadáver.
*Publicado em 10/7/2014
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