Estilo de vida
16/06/2014 às 05:50•4 min de leitura
Fazer negócios não é tarefa para qualquer um. Para ser um negociante de sucesso, é preciso ter visão de mercado e pensar no futuro, projetando o quanto uma ideia pode vir a render para se ter certeza de que vale a pena investir alto.
Se você, leitor, é um bom negociante, eu não posso afirmar. Mas ao conferir as histórias das obras e produtos abaixo, acho que você vai concordar comigo que Edgar Allan Poe, Van Gogh, James Cameron e mais algumas personalidades também não fizeram o que chamaríamos de “bom negócio”.
Se colocando no lugar dessas pessoas, você também venderia uma ideia incrível por pouco dinheiro? Confira cada um dos casos e depois não deixe de registrar sua opinião nos comentários.
O Corvo, escrito por Edgar Allan Poe, é um dos poemas mais famosos da história da literatura de língua inglesa. Depois de ter seu poema rejeitado pela revista de um amigo, o escritor vendeu sua obra para a The American Review, que publicou o texto na edição de fevereiro de 1845. A questão é que Edgar Allan Poe recebeu apenas 9 dólares pela obra.
Assim que foi publicado, o poema foi aclamado e ganhou notoriedade. O texto foi reimpresso em periódicos ao redor de todos os Estados Unidos e isso fez com que o nome de Poe fosse reconhecido. Atualmente, O Corvo arrecada quantias inimagináveis com suas reimpressões, livros e até mesmo filmes que foram feitos sobre o poema. Por outro lado, Poe viveu uma vida miserável e morreu quase sem dinheiro. Estima-se que o poeta tenha ganhado apenas 6.200 dólares como escritor profissional durante a vida, sendo que uma cópia de seu primeiro livro de poemas foi vendida por 662.500 dólares em 2009.
Walter Hunt era mecânico e inventor em Nova York, nos Estados Unidos. Como ele criava muitas coisas, acabou registrando a patente da caneta-tinteiro, do amolador de facas, do rifle, do fogão, da máquina de costura, do varredor de rua e muitos outros produtos. Então, para pagar uma dívida de 15 dólares que tinha com um amigo, Hunt decidiu inventar algo útil que pudesse dar lucro rapidamente.
Um belo dia, quando estava manuseando um fio de latão, o inventor teve uma ideia – Hunt decidiu criar o primeiro alfinete tencionado por uma mola e com uma proteção para os dedos. O mecânico registrou o produto em abril de 1849, cuja patente ele vendeu para W. R. Grace and Company por 400 dólares. Com esse dinheiro, ele pagou o que devia ao amigo e ainda ficou com o restante. Já a empresa faturou milhões com a produção de alfinetes.
Você não precisa ser fã de Beatles para conhecer a capa de Sgt. Pepper’s Lonely Heart’s Club Band, que é o oitavo álbum de estúdio da banda. A famosa capa foi feita pelo renomado artista britânico Peter Blake e sua esposa Jann Haworth e nada mais é do que uma colagem de muitas figuras importantes ao lado dos garotos de Liverpool. Entre os famosos que aparecem na frente do álbum estão Marilyn Monroe, Bob Dylan, Albert Eistein e até mesmo o já citado Edgar Allan Poe.
Blake e Haworth receberam 100 libras cada um pelo trabalho e não tiveram direito a royalties. Com o passar do tempo, o álbum se tornou legendário, assim como a capa. Estima-se que 32 milhões de cópias tenham sido vendidas no mundo todo, o que faz com que o Sgt. Pepper’s Lonely Heart’s Club Band seja um dos álbuns mais vendidos de todos os tempos. Os Beatles também ganharam o Grammy Awards de Melhor Álbum do Ano e Melhor Capa com esse disco.
A música tema de James Bond foi originalmente composta por Monty Norman para o primeiro filme da série, O Satânico Dr. No, de 1962. Insatisfeitos com o resultado, os produtores contrataram o compositor John Barry para alterar o tema. Barry, que por sua vez era um renomado artista com uma banda instrumental única, adicionou elementos de rock e jazz à música para deixá-la mais rápida. O resultado foi uma versão mais cativante, que se tornou o toque icônico que todos nós conhecemos hoje em dia.
John Barry recebeu 250 libras por seu trabalho, enquanto Monty Norman – que levou os créditos por compor a música – acumulou mais de 1 milhão de dólares em royalties. Como era de se esperar, muitas batalhas judiciais aconteceram desde então, mas Norman saiu vitorioso de todas elas. E mesmo que a versão de Barry seja muito mais conhecida, ele nunca mais ganhou nenhum centavo desde que recebeu seu pagamento.
O farmacêutico John Pemberton criou a primeira fórmula da Coca-Cola em 1886. A bebida – que na época era anunciada como um tônico – começou a ser vendida no mesmo ano em uma máquina de refrigerante em uma farmácia em Atlanta, nos Estados Unidos. Cada copo custava 0,05 dólares e o lucro total do primeiro ano foi de apenas 50 dólares.
Mas não demorou muito para Pemberton vender sua propriedade para outros investidores por 1.484 dólares. Os investidores, por sua vez, venderam suas ações para o empresário Asa Griggs Candler, que se tornou o único dono da Coca-Cola por apenas 2.300 dólares. Em 1919, Candler acabou vendendo suas ações por 25 milhões de dólares – que equivaleria a 341 milhões de dólares atualmente.
A Vinha Encarnada é uma pintura a óleo de Vincent Van Gogh feita em novembro de 1888. O diferencial dessa obra é que foi o único quadro que o artista holandês vendeu ainda em vida. A feliz compradora da obra foi a pintora Anna Boch, que adquiriu o quadro por 400 francos em uma exposição na Bélgica em 1890.
Assim como Poe, Van Gogh teve uma vida difícil. O pintor só teve seu trabalho reconhecido alguns anos após sua morte, mas esse reconhecimento veio em forma de milhões de dólares para aqueles que possuíam seus quadros. As pinturas do holandês estão entre as mais valiosas da história da arte, sendo que algumas chegam a valer 50 milhões de dólares.
A obra mais cara de Van Gogh, Retrato de Dr. Gachet, foi vendida pelo preço recorde de 82,5 milhões de dólares em 1990. Hoje, esse valor equivaleria a 150 milhões de dólares. Já A Vinha Encarnada foi vendida por Boch por 10 mil francos – 25 vezes mais do que foi pago por ela – em 1906. Eventualmente, o quadro acabou fazendo parte do acervo do Museu Pushkin, em Moscou, na Rússia. Mas se estivesse à venda, é bem provável que esse quadro batesse o recorde das demais pinturas de Van Gogh que já foram vendidas.
No início dos anos 1980, James Cameron tentava sobreviver como cineasta, mesmo sem dinheiro e sem ter onde morar. No currículo, Cameron já tinha um filme de terror com baixo orçamento – Piranha II: Assassinas Voadoras, que não lhe rendeu nem lucro, nem sucesso. Porém, durante esse período, o cineasta havia escrito um roteiro promissor que recebeu o nome de O Exterminador do Futuro.
Alguns produtores estavam interessados em comprar o roteiro, mas eles não concordavam com a ideia de que Cameron dirigisse o longa-metragem, com exceção da produtora Gale Anne Hurd, da New World Pictures. Ela concordou que o jovem poderia dirigir o filme se ele vendesse todos os direitos da produção para ela por apenas 1 dólar. E James Cameron aceitou! Ele pode até ter perdido os direitos sobre O Exterminador do Futuro, mas o filme lhe rendeu credibilidade suficiente para que ele pudesse dirigir outros grandes sucessos, como Aliens, o Resgate, O Exterminador do Futuro 2, Titanic e Avatar, se tornando assim um dos diretores que mais arrecadou na história do cinema.