Ciência
14/01/2017 às 05:00•4 min de leitura
Normalmente, quando uma pessoa morre, depois de tomadas as devidas providências, o corpo — quase sempre — é enterrado ou cremado e pronto, fim da história. No entanto, não foi bem isso o que aconteceu com os sete personagens que listamos a seguir.
Selecionados a partir de um interessante artigo de Marina Koren, do portal Smithsonian.com, alguns figurões que tiveram seus cadáveres roubados, mutilados, quebrados e enviados de um lado a outro, antes de finalmente “descansarem em paz”. No entanto, suas histórias são fascinantes. Confira:
Beethoven, coitado, além de perder a audição, viu a sua saúde se deteriorar ao longo de vários anos antes de ele finalmente falecer, isso em 1827. Segundo Marina, o compositor teria solicitado que a causa de sua morte fosse revelada ao público e, portanto, para que seu pedido fosse atendido, o corpo foi submetido a uma necropsia — pelo médico Johann Wagner.
A causa da morte de Beethoven foi determinada como sendo um edema, mas Wagner não devia ser muito bom com suas ferramentas de trabalho, pois uma exumação — realizada em 1863 — revelou que o médico abriu o crânio do compositor com tão pouco cuidado que os fragmentos não puderam ser encaixados corretamente para o enterro.
Além disso, Wagner removeu os ossículos auditivos do compositor — provavelmente para descobrir o que havia provocado a sua perda de audição —, e eles jamais foram recuperados. Após a exumação, o corpo de Beethoven foi colocado em uma nova tumba, mas diversos fragmentos de seu esqueleto acabaram virando “souvenires”, tanto que alguns deles foram encontrados entre os pertences de um antropólogo em 1945.
Charlie Chaplin faleceu na Suíça no dia 25 de dezembro de 1977 e, apenas dois meses após o enterro, seu caixão foi roubado, dando origem a uma enorme operação policial que durou cinco semanas. Os ladrões — o polonês Roman Wardas e o búlgaro Gantcho Ganev — pretendiam extorquir US$ 600 mil da viúva do comediante em troca do corpo, mas foram pegos antes que o resgate fosse pago.
Segundo Marina, a dupla de imigrantes desenterrou Chaplin e escondeu o corpo em uma cova em uma plantação de milho a pouco mais de um quilômetro da casa do ator. No fim, Wardas e Ganev foram acusados de roubo de túmulos e presos, e o comediante voltou a ser enterrado no mesmo cemitério — só que sob um tampão de concreto com 1,8 metro de espessura para evitar que o caixão voltasse a ser surrupiado.
De acordo com Marina, o corpo de Abraham Lincoln foi embalsamado após sua morte, em 1865, e enterrado em uma imponente tumba de mármore em Springfield, Illinois. Anos mais tarde, em 1876, um grupo de criminosos decidiu roubar o cadáver do presidente para usá-lo como moeda de troca, isso visando que o famoso falsificador de dinheiro Benjamin Boyd fosse solto.
Por sorte, no mesmo dia em que foi assassinado, Lincoln havia criado o Serviço Secreto dos EUA — e foram seus integrantes quem descobriram o esquema para desenterrar o presidente. Com isso, o caixão foi colocado sob a tumba de mármore e, em 1901, ele foi novamente desenterrado, selado em uma caixa de aço e guardado sob um bloco de concreto.
Embora o paradeiro do corpo de Alexandre, o Grande, seja um mistério até hoje, a maioria dos historiadores acredita que o rei e comandante macedônio foi sepultado em algum lugar de Alexandria, no Egito, cidade que ele fundou. Alexandre morreu aos 32 anos — possivelmente envenenado — na Babilônia em 323 a.C., e seu cadáver teria sido levado à antiga cidade egípcia de Mênfis, onde ficou durante cerca de duas décadas.
Depois, o corpo foi transportado para a Alexandria e sepultado, até que, por volta do final do século 3 a.C., Alexandre foi colocado em uma nova tumba. Foi nesse novo local que ninguém menos do que Júlio César, Pompeu, Calígula e Augusto foram visitar o falecido e, Augusto, ao se abaixar para beijar o rosto do defunto, teria quebrado acidentalmente o nariz do jovem rei mumificado. Calígula fez pior, já que teria roubado a armadura peitoral do morto para uso próprio.
Como você sabe, Galileu foi acusado de heresia por conta de sua crença no heliocentrismo. Então, o italiano não teve um funeral adequado quando morreu — em 1642. Cem anos após o seu falecimento, membros da comunidade científica decidiram exumar o gênio para sepultá-lo em um belo túmulo de mármore na Basílica de Santa Croce, em Florença.
No entanto, antes de colocarem os restos mortais na tumba, os responsáveis pelo sepultamento resolveram se apoderar de alguns itens — como um dente, uma vértebra e vários dedos de Galileu. Segundo a pesquisadora citada no começo da matéria, o dedo médio do italiano foi descoberto em uma coleção de relíquias, enquanto a vértebra apareceu na Universidade de Pádua. Os demais ossos afanados foram localizados em 1905 e atualmente se encontram expostos no Museu Galileo.
O corpo de Napoleão levou duas décadas — desde a sua morte, que ocorreu em 1821, enquanto ele se encontrava exilado em Santa Helena — para retornar à França. Quando finalmente chegou lá, foi submetido a uma necropsia que acabou com a remoção — e sumiço — do pênis do imperador.
De acordo com Marina, o falo apareceu entre os vários itens que faziam parte de uma coleção de pertences do francês leiloada em Londres em 1916. Mas a saga das “joias da família” de Napoleão não acabou com o lance mais alto no leilão.
Em 1927, o pênis fez parte de uma exposição do Museu de Arte Francesa de Nova York e, depois, passou pelas mãos — figurativamente falando — de vários colecionadores. Nos anos 70, o pipi de Napoleão foi comprado por um urologista norte-americano, que guardava o membro em uma maleta que era mantida sob sua cama. O médico com a estranha fixação por genitais ressequidos morreu em 2007, e a filha do doutor herdou o pingulim napoleônico.
Lord Byron foi um importante poeta inglês e um dos principais nomes do Romantismo. Ele faleceu aos 36 anos em Missolonghi, na Grécia, e, na época, chegou a ser sugerido que seu corpo fosse enterrado no Partenon, um dos monumentos mais conhecidos da antiguidade. O defunto acabou sendo enviado à sua terra natal, mas não antes de passar por uma necropsia durante a qual o cérebro, pulmões e intestinos foram removidos e preservados com álcool sem razão aparente.
Depois, o cadáver do poeta foi embalsamado e encaminhado até a Abadia de Westminster, em Londres. No entanto, como Byron teve uma vida pra lá de extravagante, ele não pôde ser sepultado no Poets’ Corner — ou Canto dos Poetas — da igreja, e seus restos mortais foram levados até o túmulo familiar, que se encontra na Igreja de Santa Maria Madalena de Hucknall, localizada no condado de Nottingham.
Segundo Marina, no final da década de 30 começaram a circular rumores de que o defunto não era Lord Byron coisa nenhuma. Entretanto, uma exumação conduzida por 40 pessoas — entre as quais havia um historiador, um médico e vários membros do clero — confirmou que o corpo realmente pertencia ao poeta.