Estilo de vida
29/01/2015 às 13:12•2 min de leitura
Não é nenhum segredo que bandidos e membros de organizações criminosas muitas vezes usam tatuagens como forma de identificar seus integrantes ou delitos. O problema é que poucos sabem o que os símbolos marcados nas peles desses indivíduos representam. Pois, segundo Ricardo Senra da BBC Brasil, Alden dos Santos, um Capitão da Polícia Militar da Bahia, resolveu traduzir o significado dessas imagens e teria conseguido decifrar 36 delas.
De acordo com Ricardo, há 10 anos o Capitão vem trabalhando na “decodificação” de tatuagens de presos e suspeitos tanto brasileiros como estrangeiros. Para isso, o PM já avaliou cerca de 50 mil documentos e fotos — obtidas de redes sociais e mídias impressas, assim como de delegacias, presídios e institutos médicos legais — e, depois de isolar as tattoos mais recorrentes, fez o cruzamento entre os desenhos e as informações das fichas criminais.
Durante os levantamentos, o policial percebeu que havia alguns padrões bem claros entre crimes e símbolos, e descobriu, por exemplo, que tatuagens de palhaços ou do Coringa parecem estar associadas a roubos e morte de policiais, e que duendes e magos costumam ser as figuras mais comuns entre traficantes. Ainda com a turminha dos “tóxicos”, o Saci seria a imagem usada pelos responsáveis por preparar e distribuir drogas.
Imagens do diabo apontariam os pistoleiros, enquanto as caveiras serviriam para identificar assassinos e matadores de policiais. Já as cruzes indicariam elementos que já estiveram presos anteriormente, e a combinação de cruzes e caveiras teriam significado de lealdade com respeito aos colegas de cela, assim como serviriam para apontar quem mata para não morrer.
Algumas imagens seriam tatuadas para discriminar os presos e, segundo o Capitão Alden, muitas vezes a aplicação ocorre contra a vontade dos acusados. Assim, desenhos de pênis serviriam para identificar estupradores, e corações cortados por flechas, frases como “amor só de mãe” ou as letras “D.A.” revelariam presos que enfrentaram vários anos de servidão sexual nos presídios.
O Capitão também notou que alguns personagens infantis são bastante comuns entre os bandidos, como é o caso do Taz, Ligeirinho e Papa-léguas.Segundo ele, o primeiro estaria ligado a crimes como furto, roubo e arrastões, e os outros dois seriam comuns em delinquentes que distribuem drogas com motos. E além de imagens mais elaboradas, o policial ainda deu atenção a sinais mais simples presentes nos rostos e mãos dos bandidos. Veja:
Segundo Ricardo, o Capitão Alden também percebeu que muitos dos símbolos tatuados pelos criminosos se repetem não só por todo o Brasil, mas em outros locais do mundo, como na Rússia, nos EUA e em países da Europa. Os levantamentos acabaram se transformando em uma cartilha de orientação que vem sendo utilizada pela Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia, e você pode conferir o material disponibilizado pelo PM através deste link.
Apesar das descobertas e da repercussão que a pesquisa do Capitão vêm ganhando — ele conta com mais de 9 mil seguidores no Facebook —, o PM insiste em reforçar que o objetivo da cartilha não é o de discriminar pessoas que tenham tatuagens, já que há milênios esse tipo de arte é usada como forma de expressão.
O material, segundo disse, deve ser encarado como uma ferramenta para facilitar o reconhecimento de suspeitos — e para alertar os oficiais sobre bandidos que possam estar envolvidos com mortes de policiais