Artes/cultura
03/02/2016 às 12:44•3 min de leitura
Apesar de ser um dos mais famosos serial killers de todos os tempos, Jack, o Estripador, sempre foi um enigma no mundo do crime.
Pouco se sabia sobre o assassino até o lançamento de um livro que promete desvendar o mistério em torno da identidade de Jack.
A névoa pairava sobre as ruas de Whitechapel, distrito na Inglaterra, nas primeiras horas de uma madrugada de outono de 1888, enquanto três homens saíam do Imperial Club, que ficava um minuto a pé da estação de metrô de Aldgate.
Eles nem imaginavam, mas estavam prestes a testemunhar o prelúdio de um crime que não seria resolvido por mais de um século – até que uma evidência de DNA trouxe a história de Jack, o Estripador, novamente à tona.
Enquanto a chuva começava a cair, os três homens resolveram parar e esperar. A poucos metros de distância, eles viram duas pessoas, um homem e uma mulher, conversando em um beco. A mulher, que era um pouco menor, tinha a mão pressionada contra o peito do rapaz.
Ainda no mesmo lugar, um dos homens começou a prestar mais atenção na cena, lembrando-se de que uma série de assassinatos repugnantes haviam sido cometidos por aquelas ruas – mulheres tinham sido encontradas com suas gargantas cortadas, corpos mutilados e órgãos arrancados.
Joseph Lavender, 40 anos, era um vendedor de cigarros, originalmente de Varsóvia, mas que agora vivia em Islington, com sua esposa Annie e seus nove filhos. Ele continuava a olhar firme para o beco – o homem, que tinha bigode, estava malvestido e usava um lenço vermelho e um chapéu cinza.
Lavender olhou para o relógio de bolso que carregava, e já passava da 1 hora da manhã. Poucos momentos depois, ele estaria no necrotério do Royal London Hospital, ajudando a identificar um corpo. O cadáver era de Catherine "Kate" Eddowes, uma prostituta de 46 anos. Mesmo sem conseguir identificar o rosto, que estava demasiadamente cortado, ele estava ansioso para ajudar as autoridades.
Ao examinar as roupas de Catherine, ele pôde confirmar que essa era a mulher que havia visto durante a madrugada. Poucos meses depois, ao ser chamado pela polícia, Lavender reconheceu de imediato um homem que era visto como suspeito. Seu nome era Aaron Kosminski, um imigrante judeu de 25 anos de idade que vivia com a mãe e as irmãs.
Este seria o rosto de Jack, o Estripador?
Embora o jovem tenha afirmado ser barbeiro, havia alguns anos que ele não exercia a profissão. Os médicos que o examinaram notaram que Aaron delirava e tinha algumas atitudes estranhas, indicando que, talvez, ele fosse louco.
Até então, a polícia estava certa de que Jack, o Estripador, já havia matado pelo menos cinco prostitutas – talvez até 11. Mas eles não tinham provas concretas. Mesmo com as evidências apontadas por Lavender, a classe trabalhadora e a comunidade judaica, que viviam em Londres, ajudaram na defesa do jovem, temendo que, se um imigrante judeu fosse identificado como o serial killer, todos seriam alvo de violência.
Entre os anos que separaram os assassinatos e os dias atuais, muitas teorias foram elaboradas em torno do caso, colocando na cena do crime pessoas, como o príncipe Albert Victor, neto da rainha Vitória, e até mesmo o autor de Alice no País das Maravilhas, Lewis Carroll.
Há oito anos, o investigador Russell Edwards, de 48 anos, comprou um xale que, suspostamente, teria sido tirado do corpo de Catherine e continha manchas de sangue. Ele levou a peça de roupa para que fosse realizada uma análise de DNA, combinando o sangue com as amostras de descendentes da vítima. Esta foi a prova de que o xale realmente tinha sido tirado do cadáver no dia do crime.
Russell Edwards e o xale de Catherine
Em seu livro “Desvendando Jack, o Estripador”, Russel revelou que a análise mostrou que o pano era do século 19 e que vinha da Europa Oriental. A descoberta crucial veio quando a equipe que trabalhava na investigação encontrou manchas de sêmen no xale. Depois de localizar um descendente da família de Kosminski, uma combinação de DNA mostrou 100% de compatibilidade. A ciência atual fez o trabalho que a polícia do século 19 não pôde.
Dois anos depois dos crimes, Kominski sofreu um ataque esquizofrênico e, após ameaçar sua irmã com uma faca, foi internado em um reformatório, o que deixou a polícia ainda mais desconfiada.
Ao sair da instituição, o jovem estava completamente deteriorado e foi levado novamente ao convívio da família. Ele dizia ouvir vozes, alegou que podia ver todas as ações feitas por cada humano na Terra e que estava proibido de receber alimentos dos outros. Por isso, passava os dias lutando por migalhas de pão e bebendo apenas água das torneiras ao ar livre.
Vítimas de Jack
Quando sua família não aguentou mais, ele foi levado a um manicômio, onde ficava com as mãos constantemente amarradas para não se ferir. Em apenas três anos, seus registros médicos mostraram que o paciente havia ficado demente. Para a polícia, o culpado estava trancado a sete chaves e a investigação foi abandonada.
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