Artes/cultura
17/04/2014 às 10:33•5 min de leitura
Ocupando uma alongada faixa — porém muito estreita —entre o Oceano Pacífico e a Cordilheira dos Andes, o Chile é um país de admiráveis paisagens naturais e ricos costumes, tendo uma população estimada em 15,1 milhões de pessoas.
É um destino que pode ser escolhido pela preferência de diversos estilos de visitantes: para quem quer aventura, para uma viagem em família ou com amigos, para a lua de mel, para uma viagem enogastronômica, para quem ama História e muito mais.
A área do país compreende cerca de 4.600 quilômetros de comprimento e, 430 quilômetros de largura em seu ponto mais estendido. Por isso, seu clima e paisagens são tão variados, oferecendo as mais incríveis opções de turismo e visuais fantásticos.
Do norte, no árido deserto do Atacama, passando pelo Vale Central (onde fica a capital e se concentra a maior parte da população), chegando às gélidas paisagens do sul na Patagônia, o país guarda ainda a distante Ilha de Páscoa, que fica a 3.526 quilômetros do continente, onde se encontram mais de 900 exemplares dos misteriosos moais.
As cidades litorâneas de Valparaíso e Viña del Mar também valem a visita, para conferir a beleza do Pacífico e outros lugares cheios de história.
Eu estive no Chile em outubro de 2010 e aquela terra me conquistou. As belezas do país já começam a ser vistas de dentro do avião ao sobrevoar a incrível Cordilheira dos Andes. A cultura rica, o povo simpático e prestativo, a arquitetura de Santiago e a comida (claro) me encantaram e me fizeram querer voltar quando tiver a oportunidade.
A capital do país é espetacular. Santiago mistura o antigo de seus monumentos, prédios, cerros, igrejas e museus com áreas modernas com construções de linhas mais sofisticadas.
A economia chilena cresceu muito nos últimos anos e o país conseguiu dar a volta por cima mesmo passando por um forte terremoto que o abalou no início de 2010. A capital do Chile está entre as três cidades com melhor qualidade de vida na América Latina.
Além das ruas muito limpas e bem sinalizadas, as praças e parques de Santiago são lindos e muito bem conservados. Neles, os habitantes aproveitam para dar um break no horário de almoço, descansam sob as árvores, desfrutam de uma boa leitura e até fazem piqueniques, sem cerimônia, como nos mais charmosos parques de Nova York e Paris.
Vale a pena dar uma paradinha nesses parques para apreciar a paisagem e descansar. Santiago, aliás, tem um charme realmente de primeiro mundo em diversos bairros, como os de Providencia, Bella Vista, Las Condes e o próprio centro histórico.
Para quem deseja visitar a capital chilena, eu recomendo que não deixe de fazer o roteiro “básico” de turista que passa pelos museus, praças e cerros tradicionais. Mas também, depois disso se jogue na cidade para explorar cantinhos e lojas locais, bares e restaurantes. Para isso, tênis no pé e muita caminhada, complementado com táxi quando o cansaço apertar e o metrô que é supereficaz, limpo e se estende pelos quatro cantos da cidade.
Como falamos de museus, existem três superindicados: o Museu Histórico Nacional que fica na Plaza das Armas (ponto histórico mais importante da cidade), o Palácio La Moneda, o Museu de Arte Pré-Colombiana e, para deixar tudo mais musical, o museu dos Beatles (que, na verdade, eu não visitei porque não deu tempo).
Os cerros também valem a pena e são montes altos no meio da cidade, com construções históricas e mirantes para visualizar a metrópole. Os mais importantes são o San Cristóbal e o Santa Lucia (imagem acima).
Além de todos os lugares acima, durante o inverno, um dos locais mais buscados pelos visitantes são as estações de esqui do Valle Nevado, El Colorado e de Farellones, que são as mais próximas de Santiago.
Se você for visitar, se prepare para a subida em uma estradinha extremamente sinuosa, mas com uma vista vertiginosa e espetacular. Os amantes do esqui também frequentam a estação de Portillo, que fica a 164 quilômetros da capital chilena.
Entre os pratos típicos, as empanadas podem e devem ser uma escolha, pelo menos para um lanchinho rápido entre as visitas aos pontos turísticos. O ceviche, que é um prato típico peruano, também se tornou uma tradição chilena e pode ser encontrado em diversos restaurantes, vindo bem caprichado com peixe fresquinho do Pacífico.
Um prato bastante apreciado pelos turistas é a centolla (aquele megacaranguejo), que pode ser encontrada nos restaurantes do Mercado Central, que também vale a pena visitar por seu valor histórico e variedade de frutos do mar.
Além disso, Santiago está repleta de ótimos restaurantes, dos mais refinados aos mais descontraídos, com comida de excelente qualidade e para todos os gostos.
Um lugar que recomendo é o restaurante Como Água para Chocolate (inspirado no filme de mesmo nome) que fica no Bairro Bella Vista. O local é lindo e muito charmoso, sendo que toda a decoração e o cardápio possuem um conceito de despertar os sentidos. A comida é uma delícia e o atendimento ótimo. Com certeza vale a visita para um jantar regado a muito vinho, chileno, lógico.
Falando em vinhos, uma vez no Chile é imprescindível uma visita a alguma vinícola. Existem agências especializadas em tours até esses locais. É possível visitar desde as maiores, como a Concha Y Toro e Santa Carolina, até às menores e mais rústicas. Eu escolhi a Concha Y Toro, que é gigante e tem toda uma infraestrutura para receber os visitantes.
O passeio inclui degustação de dois vinhos (um branco e um tinto), visita aos vinhedos, às adegas e até à famosa cave do Casillero Del Diablo. A vinícola também possui uma loja com seus vinhos, acessórios, roupas e outros souvenirs, além de um restaurante, onde é possível fazer degustações (essas são pagas) acompanhadas de queijinhos e frutas secas.
Saindo totalmente de museus e gastronomia, um ponto que me chamou muito a atenção nas terras chilenas foi a presença de muitos cachorros nas ruas de Santiago. Mas não pelos simples fato de ter cachorros perambulando na rua, porque aqui no Brasil também tem aos montes. A diferença que percebi lá é de que os cães não são maltratados, nem magros, nem sarnentos e muito menos, nervosos.
Os cães (“perros” em espanhol) são bonitões, bem tratados, tranquilos e não incomodam ninguém. Talvez seja um costume da população em geral ou dos lojistas da cidade, alimentarem e cuidarem dos cães de forma pacífica e solidária. Achei ótimo. Alguns tinham até um tapetinho para se acomodar na calçada, além de potes de comida e água oferecidos pelos comerciantes ou moradores.
O Bairro Bella Vista, de Santiago, é um dos mais charmosos da capital chilena e é onde estão diversos bares e restaurantes, sendo um dos principais pontos gastronômicos e boêmios para visitar na cidade. É lá também que fica uma das casas do poeta Pablo Neruda, que é um ícone do país e ganhador do Prêmio Nobel de Literatura de 1971.
O poeta teve três casas no país que se transformaram em museus: essa de Santiago (La Chascona), a de Valparaíso (La Sebastiana) e a de Isla Negra, que foi a última em que ele morou e onde seu corpo foi sepultado em 1973. Todas elas guardam as peculiaridades e registros importantes da vida de Neruda, levando um pouco de toda a sua história e paixão pela poesia para cada visitante.
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Além de todos esses atrativos, o Chile guarda ainda muitos lugares interessantes para se conhecer. Se você tiver a oportunidade, vale a pena fazer umas economias e visitar esse país tão surpreendente. Além disso, a viagem é rápida, sendo de apenas quatro horas (podendo variar alguns minutos a mais) o voo direto de São Paulo a Santiago.