Sabia que na Índia existe um ritual no qual as pessoas jejuam até a morte?

31/12/2016 às 06:332 min de leitura

Você já ouviu falar do jainismo? Trata-se de uma das religiões mais antigas do mundo, e a maioria dos fieis está concentrada na Índia. Um dos atos mais controversos de quem pertence ao jainismo é fazer jejum até a morte.

Esse tipo de prática radical se dá porque os fieis acreditam que a fome pode os conduzir até o estado conhecido como Moksha, que nada mais é do que a oportunidade de fugir de conceitos relacionados à morte e à reencarnação. Morrer de fome seria, portanto, uma espécie de “liberação da alma”.

Todos os anos, milhares de fiéis fazem o juramento de fome, sendo que alguns deles são monges, mas a maioria é formada por leigos. A prática é ainda mais comum entre as mulheres – cerca de 60% dos participantes – por isso, há quem acredite que elas são mais religiosas do que os homens.

Juramento

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Entre os participantes do juramento estão muitas pessoas doentes, que estão prestes a morrer. Ainda assim, há fiéis saudáveis que escolhem morrer de fome. Para você ter mais noção com relação aos números, em 2009, 550 pessoas fizeram o juramento de fome na Índia.

A monja Sadhvi Charan Pragyaji foi quem conseguiu aguentar mais dias sem comer – ela morreu aos 60 anos de idade depois de ficar 87 dias em jejum absoluto. Durante esse período, a religiosa recebeu a visita de mais de 20 mil seguidores, afinal sua morte foi um processo público. Em certo momento, as pessoas eram avisadas de que poderiam vê-la morrer durante as últimas visitas.

Um desses casos acabou fazendo parte do programa Tabu, da National Geographic – você pode assistir a alguns trechos clicando aqui. Lembre-se de que as imagens podem ser consideradas fortes: elas mostram o momento exato da morte de uma religiosa, cercada de outros fiéis, extremamente magra, pálida e fraca.

A maioria dos fiéis presentes na morte da religiosa são mulheres, que a seguram nos braços e passam as mãos sobre ela a todo momento. No mesmo cômodo há alguns homens também, sendo que entre eles há uns sem roupa, que permanecem rezando ao redor da pessoa que está morrendo. A morte da fiel é silenciosa e seguida das lágrimas dos que a cercavam.

Religião ou suicídio?

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A ação começou a ser questionada há alguns anos, e há quem acredite que ela deve ser banida e considerada suicídio. Por outro lado, os fiéis argumentam que a prática religiosa é garantida pela Constituição indiana. O documento diz que “cada seção de cidadãos tem uma cultura distinta e deve ter o direito de conservá-la”.

Os fieis acreditam também que a prática é normal e deveria ser tratada com respeito, alegando que é injusto comparar o sacrifício com o suicídio, afinal as pessoas têm a liberdade de desistir do sacrifício e continuarem vivendo, se assim desejarem.

Por outro lado, ainda que a Constituição aborde a liberdade de crença religiosa, a lei do país é clara com relação ao suicídio. Nesse sentido, o argumento é o de que deixar o fiel em jejum constante acaba o colocando em uma situação de ostracismo e negligência, o que torna a atitude uma questão além do livre arbítrio. Por isso, em alguns casos, autoridades intervieram e chegaram a obrigar alguns fiéis a comer.

A prática foi comparada com o Satí, ritual no qual as viúvas se jogam no fogo durante a cerimônia de funeral de seus maridos – nós falamos sobre o Satí e outras práticas culturais perturbadoras nesta publicação. O Satí já é banido na Índia, e esse exemplo tem sido usado para tentar acabar com os juramentos de fome também. E aí, você já conhecia esse tipo de ritual? Acha que ele deveria ser proibido ou que a tradição religiosa deve ser mantida?

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