Ciência
02/11/2015 às 09:11•3 min de leitura
O Santo Sudário, como você sabe, é uma das relíquias religiosas mais fascinantes e famosas do mundo, bem como uma das mais controversas. Isso porque o lenço de linho foi extensivamente analisado por equipes de cientistas que, primeiro, determinaram que algumas partes do tecido datam da Idade Média — sugerindo que ele seria uma elaborada farsa — e, posteriormente, que o material foi produzido entre 280 a.C. e 220 d.C., ou seja, muito mais próximo da época de Cristo.
Pois, segundo Tia Ghose, do site Live Science, novas análises realizadas no Sudário, apesar de revelarem uma série de coisas interessantes sobre o passado da relíquia, não ajudaram a desvendar o mistério sobre sua verdadeira origem. O lenço foi submetido a exames de DNA por pesquisadores da Universidade de Pádua, na Itália, e os testes confirmaram que a única certeza que temos é de que o tecido viajou um bocado e foi muito tocado antes de parar em Turim.
Conforme explicamos em uma matéria anterior aqui do Mega Curioso, o Santo Sudário consiste em um lenço de linho com aproximadamente 4,5 metros de comprimento e 1,1 de largura e que traz a imagem de um homem de 1,83 metros de altura gravada em sua superfície — e sua identidade é supostamente atribuída a Jesus Cristo.
Secondo Pio
As primeiras referências a respeito da relíquia aparecem na própria Bíblia, e desde o século 14 a peça é considerada como o tecido que envolveu o corpo de Jesus. No entanto, a famosa imagem que aparece em sua superfície só foi descoberta em 1898, quando o fotógrafo italiano Secondo Pio encontrou a nítida figura de um homem no negativo de uma foto que ele havia tirado.
Hoje, o Santo Sudário fica guardado em Turim, na Itália e, apesar de a Igreja Católica jamais ter adotado uma posição oficial quanto à autenticidade do lenço, milhares de fiéis e curiosos se reúnem diante da peça toda vez que a relíquia é exibida ao público.
De acordo com Tia, segundo a lenda, por volta do ano 33, o Sudário foi levado em segredo da Judeia até Edessa, na Turquia, antes de seguir para Constantinopla — a atual Istambul —, onde permaneceu durante vários séculos. Mais tarde, em 1204, quando os cavaleiros das cruzadas invadiram a cidade, o lenço foi levado para Atenas, na Grécia, e lá ficou até 1225.
O primeiro registro feito pela Igreja Católica data de meados do século 14, período em que a relíquia apareceu em uma pequenina igreja na cidade de Lirey, na França; e, depois de praticamente fazer uma peregrinação pela Europa, o Sudário encontrou sua última morada na Catedral de Turim no ano 1578.
A análise atual do lenço foi realizada com partículas de poeira cuidadosamente coletadas da superfície do tecido e apontou que o Sudário está “carregado” de material genético de plantas (da Europa, da região do Mediterrâneo, Ásia etc.) e pessoas de principalmente quatro grupos étnicos diferentes.
Os cientistas determinaram que os vestígios mais abundantes de DNA são de pessoas cuja origem se encontra no Egito e que atualmente residem em áreas entre Líbano, Síria, Jordão, Israel e Palestina — ou seja, lugares não muito distantes de onde Jesus teria sido sepultado. Além disso, entre as amostras mais antigas, os pesquisadores descobriram linhagens oriundas da Índia, sugerindo que o tecido pode ter sido fabricado por lá.
Infelizmente, os resultados não serviram para eliminar por completo a suspeita de que o Sudário seja uma peça elaborada na Idade Média, assim como não permitiram provar que o tecido foi usado no sepultamento de Cristo. Além disso, apesar de ser fascinante, alguns pesquisadores contestaram o estudo, apontando que, como se trata de um lenço que foi manipulado e exposto publicamente durante séculos, a análise do pólen não é muito confiável.
Afinal, as partículas podem ter vindo de qualquer um que tenha tocado a relíquia, e para determinar onde, exatamente, o tecido foi produzido, o ideal seria realizar a análise genética das sementes do linho utilizado em sua fabricação. No entanto, os críticos acreditam que os exames de DNA, em conjunto com outras técnicas científicas mais sofisticadas, um dia poderão permitir que o mistério sobre o Santo Sudário seja desvendado.
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