Ciência
08/06/2016 às 05:18•3 min de leitura
Mesmo que não dê muita bola para a Bíblia nem leve muito ao pé da letra o que está escrito nela, você deve ter presenciado alguma vez pessoas defendendo (acaloradamente) as Sagradas Escrituras — e inclusive alegando que o mundo seria um lugar muito melhor se os ensinamentos bíblicos fossem seguidos de forma mais fiel.
Pois, de acordo com a psicóloga e escritora norte-americana Valerie Tarico em um artigo publicado pelo portal Independent, pelo menos no que diz respeito aos relacionamentos entre homens e mulheres, se os preceitos descritos na Bíblia fossem seguidos ao pé da letra, as coisas realmente seriam bem diferentes — e não seriam necessariamente melhores, não! Dê uma olhada em alguns pontos destacados pela especialista:
o Rei Salomão tinha mil esposas
Enquanto hoje em dia os relacionamentos poligâmicos são considerados escandalosos por muita gente, no Velho Testamento eles praticamente eram regra — e não exceção. Inclusive existe um site, o Biblical Polygamy, que lista os polígamos que existem na Bíblia e, segundo sua contagem, eles somam 40, entre os quais estão figuras como Moisés, o Rei Davi, Abraão, Jacó e o Rei Salomão, com duas, pelo menos 18, três, quatro e mil esposas, respectivamente.
"O Mercado de Escravos", por Jean Leon Gerome
Surpreendentemente, a Bíblia traz uma série de instruções de como os homens podem obter escravas sexuais. No Êxodo (21:8), por exemplo, as Sagradas Escrituras dizem que, se um sujeito comprar uma jovem hebraica e ela não agradar ao seu mestre, a moça pode ser vendida a outro cara, contanto que ele cuide bem dela e não seja um estrangeiro. Caso o novo “dono” não sustente a garota, então ela pode ser libertada.
"Ló e suas filhas", por Peter Paul Rubens
Apesar de o incesto ser proibido em boa parte da Bíblia, Deus parece fazer vista grossa para alguns de seus favoritos — como é o caso do casal formado por Abraão e Sara, que são meios-irmãos. Além disso, no livro do Gênesis (19:31-38), as filhas do personagem bíblico Ló embebedam o pai, fazem sexo com ele e concebem um filho cada uma, Moabe e Ben-Ami, e a dupla é escolhida pelo Senhor para se tornar patriarca de grandes nações.
Cunhados seriam responsáveis por continuar a descendência
De acordo com as Sagradas Escrituras, se um homem morre sem deixar filhos, o irmão do cara passa a ter a obrigação de engravidar a viúva. Em um dos casos relatados — em Gênesis 38:8-10 —, o rapaz, enquanto possui a esposa do falecido, prefere “derramar seu sêmen na terra” a dar ao morto uma descendência e é morto pelo Senhor. Em outro relato, desta vez no livro de Mateus (22:24-28), fica evidente que o costume persistiu durante o Novo Testamento.
Incentivo à procriação
No Velho Testamento, depois de passar 70 anos desejando ter um filho, Sara, esposa de Abraão, incentiva que o marido durma com a escrava dela para que a moça engravide e os dois possam constituir uma família através da jovem. Em outro relato, mais precisamente no Gênesis (30:1-22), duas gerações adiante, as esposas de Jacó, neto de Abraão, enviam a ele suas escravas e começam uma competição para ver com qual o homem produz mais filhos.
Coitado do bichinho...
De acordo com o Velho Testamento (Levítico 19:20-22), os homens não devem praticar o sexo com escravas que pertençam a outro cara. Mas, se o ato acontecer, a moça deve ser açoitada e o sujeito que cedeu à tentação deve sacrificar um carneiro para ter seu pecado perdoado.
Meninas passariam às mãos dos vencedores
No Velho Testamento, mais precisamente no livro de Números (31:18), em caso de vencer uma guerra, os israelitas servos do Senhor deviam matar todas mulheres e meninos, perdoando a vida apenas das meninas virgens — que deveriam, então, viver para eles. Em outra passagem (Deuteronômio 21:10-14), ainda é descrito um ritual ao qual as jovens devem ser submetidas antes de praticar o sexo com seus captores.
E o relacionamento seria supersaudável
Segundo o Velho Testamento (Deuteronômio 22:28-29), uma garota hebraica virgem que for violentada pode ser vendida ao seu violador por 50 siclos de prata — ou o equivalente a perto de R$ 2 mil atuais —, e o cara tem que mantê-la como mulher pelo pecado de tê-la humilhado.