Ciência
05/11/2014 às 07:18•2 min de leitura
Em meados de outubro os astrônomos começaram a observar atentamente uma mancha solar gigante na superfície da nossa estrela com tamanho estimado em quase 130 mil quilômetros de largura — a maior detectada nos últimos 24 anos. Em outras palavras, a mancha é grande o suficiente para comportar o planeta Júpiter — ou 10 Terras em seu interior.
Basicamente, as manchas solares são regiões menos aquecidas na superfície do Sol que concentram uma quantidade incrível de energia magnética. Nossa estrela, ao contrário do que muita gente pensa, não é um corpo sólido, mas sim uma gigantesca esfera formada por gás ionizado absurdamente quente que é mantido “concentrado” nesse formato devido à sua incrível força gravitacional, criada pela própria massa do Sol, atuando da mesma maneira em todas as direções.
Além disso, segundo explicou Jenny Marder do site PBS.org, o Sol gira mais rapidamente na altura de seu equador, fazendo com que parte desse campo magnético acabe sendo arrastado, contorcendo-se e acumulando-se em algumas regiões formando as manchas. Então, essas áreas de acúmulo magnético vão ganhando mais pressão, energia e fluidez, e eventualmente parte dessa energia magnética alcança a superfície e é ejetada.
Essa liberação pode ocorrer tanto na forma de uma erupção solar — ou seja, uma explosão que expele energia e radiação — como na forma de uma ejeção de massa coronal, que consiste em enormes quantidades de gás composto por partículas carregadas e pelo campo magnético solar, capaz de viajar pelo espaço a até 150 milhões de quilômetros por dia.
As erupções são bem menores e menos duradouras do que as ejeções de massa coronal e, depois de lançar material através do espaço, o gás ionizado liberado pela explosão esfria e volta para do Sol — chocando-se contra a superfície a velocidades que podem chegar a 100 quilômetros por segundo. Mesmo assim, elas podem interferir com as partículas presentes na atmosfera terrestre e provocar interferências nas telecomunicações.
Entretanto, de acordo com Jenny, embora os astrônomos tenham observado inúmeras erupções na mancha descoberta em outubro, em vez de expelir o gás ionizado ao espaço por meio da ejeção de massa coronal — como seria o normal —, a mancha está mantendo o plasma próximo à superfície do Sol, liberando energia pouco a pouco através das explosões.
Conforme explicou Alex Young da NASA, o que os astrônomos vêm observando pode ser comparado a uma banda elástica que vai sendo torcida até começar a formar nós. Segundo Young, o mesmo está acontecendo com os campos magnéticos do Sol: eles estão se tornando cada vez mais contorcidos e concentrados e, uma hora essa energia toda terá que ser liberada.
Os astrônomos dizem que nunca haviam visto uma mancha solar se comportar dessa maneira, ou seja, produzindo tantas erupções solares e quase nenhuma ejeção de massa. Essa área produziu 10 erupções bem grandes, seis delas de classe X — que libera uma quantidade de energia equivalente a 1 bilhão de bombas nucleares como a de Hiroshima. Aliás, 20% de todas as erupções de classe X observadas no presente ciclo solar foram produzidas por essa mancha.
Por sorte — ou talvez azar dos terráqueos —, essa complexa mancha se encontra voltada para a Terra, e os astrônomos estão aproveitando a oportunidade para observar e tentar compreender sua atividade. Mas, até o momento, todos parecem pasmos com o que estão vendo, e os cientistas ainda são incapazes de prever o próximo evento que será produzido pela mancha.