Imagem de Irmãos Rebouças: os primeiros engenheiros negros do Brasil no megacurioso

Enfrentando o racismo no Brasil no século XIX, os irmãos Antônio e André Rebouças, primeiros engenheiros negros brasileiros, destacaram-se pelo envolvimento em grandes obras da engenharia do país

A influ&ecirc;ncia provavelmente surgiu do conv&iacute;vio com um personagem que os acompanhava desde a inf&acirc;ncia. O pai, Ant&ocirc;nio Pereira Rebou&ccedil;as, foi um importante advogado negro que atuou em um papel de destaque sendo conselheiro de Dom Pedro II.

Considerados os primeiros homens afrodescendentes brasileiros a ingressarem na Universidade, os irm&atilde;os contribu&iacute;ram com notoriedade para o desenvolvimento urbano do pa&iacute;s. Ambos&nbsp;cursaram engenharia na Europa e retornaram ao Brasil para trabalhar na constru&ccedil;&atilde;o de estradas, ramo no qual eram especialistas.

Inicialmente, assumindo a incumb&ecirc;ncia de impulsionar o crescimento da prov&iacute;ncia de Curitiba, participaram de projetos que foram fundamentais para a cidade. Segundo o jornalista e pesquisador, Jorge Narozniak, o primeiro trabalho dos Rebou&ccedil;as foi liderando a constru&ccedil;&atilde;o da Estrada da Graciosa que ligava o planalto ao litoral paranaense.

<h2>Desenvolvimento urbano</h2>

A constru&ccedil;&atilde;o da Esta&ccedil;&atilde;o Ferrovi&aacute;ria de Curitiba, tamb&eacute;m orientada pelos irm&atilde;os, trouxe a cidade um intenso desenvolvimento. Surgiram novas ruas, como a famosa Rua da Liberdade, importantes pr&eacute;dios p&uacute;blicos, como o Pal&aacute;cio da Liberdade e o Pal&aacute;cio do Congresso, sedes do poder Executivo e Legislativo, respectivamente, al&eacute;m da instala&ccedil;&atilde;o de f&aacute;bricas nas proximidades da nova esta&ccedil;&atilde;o. Esse feito transformou esta regi&atilde;o em uma &aacute;rea estrat&eacute;gica para a cidade.

Outras obras como o chafariz da Pra&ccedil;a Zacarias, o Parque Nacional do Igua&ccedil;u e a ferrovia Paranagu&aacute;-Curitiba, considerada a maior obra f&eacute;rrea Nacional, foram heran&ccedil;as deixadas pelo trabalho destes irm&atilde;os, que evidenciam a import&acirc;ncia hist&oacute;rica de ambos.

Al&eacute;m destas, Andr&eacute; tamb&eacute;m foi respons&aacute;vel por projetos grandiosos na cidade do Rio de Janeiro tais como o plano de abastecimento de &aacute;gua da cidade, a constru&ccedil;&atilde;o das docas da Alf&acirc;ndega e das docas D. Pedro II.

<h2>O envolvimento com a luta abolicionista</h2>

Em 1874, diante da tristeza pela morte do irm&atilde;o Ant&ocirc;nio, Andr&eacute; se envolve nas lutas contra o trabalho escravo no Brasil. Participando da funda&ccedil;&atilde;o de sociedades abolicionistas de destaque, como a Sociedade Brasileira contra a Escravid&atilde;o e a Sociedade Abolicionista, foi uma das vozes mais prestigiadas nessa luta, ao lado de Olavo Bilac e Machado de Assis.

Ap&oacute;s a assinatura da aboli&ccedil;&atilde;o pela Princesa Isabel e o acirramento dos conflitos que desencadearam na proclama&ccedil;&atilde;o da Rep&uacute;blica, Andr&eacute;, que era fiel a monarquia, partiu para o ex&iacute;lio na Europa junto com a fam&iacute;lia real. Perturbado pelo ex&iacute;lio e pelo estado de sa&uacute;de debilitado, morre aos 60 anos, na Ilha de Madeira, sem nunca mais ter voltado ao Brasil.

Tatyara Figueiró

Irmãos Rebouças: os primeiros engenheiros negros do Brasil