Artes/cultura
17/03/2020 às 12:00•10 min de leitura
Coronavírus fazem parte de um grupo amplo de vírus frequentes em animais; ao longo da vida, quase todos temos contato com algum fator desse núcleo. Atualmente, quando falamos sobre o assunto, em geral estamos tratando de um tipo específico de coronavírus.
Os primeiros coronavírus humanos foram isolados em 1937; no entanto, foi em 1965 que eles foram descritos como tal em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.
A atual pandemia é causada por um coronavírus específico, o chamado Coronavírus da Síndrome Respiratória Aguda Grave 2, ou Sars-CoV-2, do inglês Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus. Sim, trata-se de um "primo" do responsável pela Sars original, que assolou a Ásia em 2002. Esse é o responsável pela chamada Covid-19 ou Coronavirus Disease 2019.
Atualmente, não existe tratamento específico para a Covid-19 (ou outros tipos de coronavírus). O cuidado visa aliviar os sintomas da doença enquanto o corpo do paciente combate o vírus. Mas existem medidas que todos podem tomar para evitar ser contaminados e contaminar.
Não há vacina para o coronavírus, por ora.
Através de gotículas expelidas por tosse, fala ou espirro de pessoas doentes. Essas partículas podem estar tanto no ar quanto em superfícies contaminadas, como rosto, mãos e objetos como maçanetas, barras de transporte público, botões de elevador etc. E não devemos nos esquecer de uma das principais superfícies que tocamos hoje: os celulares.
Quando esse material entra em contato com a mucosa dos olhos, do nariz ou da boca, ocorre a infecção, por isso é importante lavar as mãos com água e sabão, cobrir a boca com a parte interna do braço ao tossir e espirrar, evitar ao máximo o contato com pessoas, evitar colocar as mãos no rosto e sempre higienizar celulares e computadores em áreas de acesso público com frequência.
Os sintomas são principalmente febre alta (acima de 37,8 °C), em geral acompanhada de tosse seca, aperto no peito, falta de ar e dificuldade para respirar.
É importante lembrar que pessoas infectadas pelo vírus podem demorar até 14 dias para apresentar sintomas e que há indivíduos assintomáticos. Sendo assim, é importante que todos evitem sair de casa e tomem as medidas necessárias de cautela e higiene.
Não. Além de a gripe ser causada pelo vírus influenza, as taxas de contágio e letalidade são muito menores. Como exemplo, pode-se pensar na gripe H1N1, que tinha taxa de letalidade de cerca de 0,6%, em face da taxa estimada entre 2% e 3,4% do Covid-19. A comparação é ainda mais díspar se pensarmos na gripe sazonal comum, cuja letalidade fica em torno de 0,1%; ou seja, pelo menos 20 vezes menor do que a do novo coronavírus.
Além disso, é um vírus muito mais contagioso que os das gripes, com sua disseminação crescendo exponencialmente.
Ainda não há consenso a respeito de o vírus deixar ou não sequelas, mas não existe evidência de que se trata de uma doença que não deixa marcas. É importante que o mínimo de pessoas seja contaminado.
Mais do que isso, já existem estudos que indicam diminuição da capacidade pulmonar em pessoas curadas do vírus, que podem perder de 20% a 30% da ação dos pulmões.
Justamente para evitar a propagação do vírus e a superlotação de hospitais, deve-se buscar atendimento apenas caso haja sintomas compatíveis, especialmente falta de ar e dificuldade para respirar ou febre muito alta. Antes de ir ao pronto-atendimento, recomenda-se telefonar para avisar sobre a suspeita, principalmente se tiver viajado recentemente ou tido contato com uma pessoa infectada.
Caso haja suspeita, mas sem febre alta ou falta de ar, é importante que a pessoa seja mantida em isolamento — se possível, em um cômodo separado, com roupas e talheres individuais e higienizados sem contato com os demais.
O Ministério da Saúde disponibiliza um app (para Android e iOS) que, além de mostrar informações a respeito do vírus, facilita a tomada de decisões para aqueles que suspeitem estar contaminados.
Infelizmente, há relatos de pessoas com sintomas e que não conseguiram ser avaliadas. Nesse caso, busque isolamento, fique em casa. Se necessário, insista para obter um atestado que permita o afastamento pelos próximos dias — o ideal é que sejam 14 dias.
Ainda que haja medidas que possam ser tomadas para melhorar a imunidade (alimentar-se corretamente, tomar bastante água, dormir bem), não há evidências de que qualquer solução caseira baste para se curar da Covid-19.
É importante repetir: não há, por enquanto, cura para o coronavírus.
Gargarejo com água quente não evita a contaminação.
Caso haja dores, os médicos recomendam evitar ao máximo o consumo de aspirina/AAS, ibuprofeno e afins.
Dê preferência para os analgésicos com paracetamol e dipirona.
Idosos, imunodeprimidos e pessoas com doenças crônicas (asmáticos, hipertensos, diabéticos, com problemas nos rins ou no coração) e fumantes (incluindo maconha) são parte dos grupos de risco.
Jovens que não fumam, mas são afligidos por doenças crônicas e comorbidades também estão no grupo de risco. Uma das vítimas fatais do coronavírus na Espanha tinha apenas 21 anos de idade.
Embora crianças não estejam no grupo de risco, é importante que sigam as mesmas orientações de higiene, porque podem acabar sendo vetores da doença.
Recomende a essa pessoa que não saia de casa em hipótese alguma. Ofereça-se para fazer compras e realizar qualquer outro tipo de tarefa que exija deslocamento, mas deixe as sacolas na porta da casa e mantenha contato virtual para que ela se sinta menos isolada.
Incentive-a a tratar suas condições crônicas da melhor forma possível e garanta que tenha sempre os remédios à disposição. Também tenha certeza de que essa pessoa está devidamente vacinada contra a gripe comum.
Fique em casa, se possível. Procure fazer home office e não saia para nenhum evento social. Convença as pessoas a fazerem o mesmo e compartilhe informações verdadeiras (como este FAQ e os links listados ao fim dele) com o máximo de conhecidos possível.
É importante que todos, mesmo que não tenham sintomas, fiquem em casa, para que o número de infectados pare de crescer de maneira exponencial, como o gráfico abaixo e o simulador do jornal Washington Post (ambos em inglês) mostram.
(Fonte: CDC)
Se precisar sair, evite usar transporte público e estar em aglomerações em geral. Toque o rosto o mínimo possível e não encoste em outras pessoas. Lave as mãos com frequência e higienize o celular com a mesma intensidade.
O fato de você não apresentar sintomas não quer dizer nada. O vírus pode demorar até 14 dias para mostrar quaisquer sinais. Também é possível que você seja um paciente assintomático, que, apesar de não apresentar indícios, pode transmitir o vírus.
Já há pesquisas que indicam que indivíduos assintomáticos são responsáveis por 79% das transmissões do vírus.
Fique em casa.
Jovens fumantes estão no grupo de risco, então é bom ficar alerta. O app do Ministério da Saúde é um bom canal para facilitar a tomada de decisões por aqueles que achem estar contaminados.
Sim, está. Idosos fazem parte do grupo de risco independentemente da condição de saúde. A letalidade entre pessoas com mais de 60 anos de idade é muitíssimo mais alta — cerca de 5 ou 6 vezes, pelas estimativas atuais — do que entre pessoas jovens. É importante lembrar que nenhum de nós tem anticorpos para esse vírus específico, não importa quantas vezes tenha escapado de uma gripe.
Isso não é apenas "mais uma gripe".
Em primeiro lugar, todos estamos suscetíveis a contrair o vírus. Embora a letalidade entre pessoas jovens seja baixa e algumas sequer apresentem sintomas, estudos iniciais indicam perda da capacidade pulmonar entre aqueles que contraíram o vírus, independentemente da idade. Além disso, jovens assintomáticos servem como vetor para a transmissão da doença aos mais suscetíveis.
Mesmo que não tenha sintomas, o mais recomendado é evitar o contato social. Fique em casa o máximo possível.
Existem diversos pontos a serem considerados aqui. Questões sociais, como feminicídio e corrupção, não são tratáveis como doenças, não fazem parte da alçada da saúde tampouco são questões menores, mas se preocupar com o coronavírus no momento não exclui continuar lutando contra esses problemas.
A dengue, de fato, é um caso grave no Brasil. No momento, inclusive, há mais um surto da doença no país. A atenção deve ser redobrada, até porque estamos lidando com mais doenças que podem nos acometer. Como a taxa de transmissão do coronavírus é muito alta, se muitas pessoas forem infectadas, o sistema de saúde como um todo tende a colapsar ou a chegar muito próximo disso, o que atrapalhará também o tratamento de outras doenças.
Além disso, pacientes com dengue, quando vão aos hospitais, correm o risco de se infectar também com coronavírus, o que pode ser extremamente perigoso, considerando que já estão doentes e com a imunidade comprometida.
O mesmo se aplica a todas as outras doenças: não há sentido em criarmos mais uma dificuldade para o sistema de saúde.
A Coreia do Sul, país que até agora está sendo exemplo na contenção do coronavírus por ter baixa letalidade e grande volume de testes e informações sobre os pacientes, foi muito bem-sucedida na resolução dos primeiros 30 casos.
Todo o esforço quase foi por água abaixo quando uma pessoa ignorou as orientações de se manter em isolamento e foi à igreja. Esse único deslize foi responsável por cerca de 2 mil casos no país, quase 80% de todos os registros por lá. Se a pessoa tivesse ficado em isolamento, muitas vidas seriam salvas.
Quando evitamos sair sem necessidade, diminuímos a exposição ao vírus e a chance de contaminar outras pessoas. Como o número de infectados pelo vírus cresce de maneira exponencial, o isolamento funciona para diminuir drasticamente a velocidade da infecção. É o que mostra um estudo de professoras da Universidade de Oxford sobre o ocorrido na Itália.
Lodi foi a primeira cidade italiana a ser afetada pela pandemia de coronavírus. Em 23 de fevereiro, as autoridades decidiram realizar um shutdown, fechando prédios, repartições e empresas públicas e recomendando o fechamento de empresas privadas. Bergamo, que fica a 1 hora de carro de lá, tomou decisão semelhante em 8 de março. No gráfico abaixo está a diferença entre uma cidade e outra.
Fonte:
A ideia do isolamento é "achatar a curva" de contágio e garantir que os sistemas de saúde não fiquem sobrecarregados, ao mesmo tempo em que ganhamos tempo para que os cientistas possam desenvolver vacinas e buscar tratamentos mais eficazes do que os atualmente disponíveis.
Ainda não é possível dizer por quanto tempo deveremos tomar essas medidas, mas o mais provável é que o período de quarentena seja reduzido se tomarmos medidas de precaução o quanto antes. Países que foram rápidos nas definições de isolamento têm menor número de infectados e não precisaram de ações drásticas como as que estão sendo aplicadas na Espanha e na Itália.
Sim, vai atrasar muita coisa. Sem dúvidas, o vírus vai causar prejuízos a todos. No entanto, é importante que coloquemos as coisas em perspectiva: os prejuízos crescem de maneira linear e a epidemia de Covid-19 cresce de maneira exponencial.
As consequências para o sistema de saúde podem ser terríveis, possivelmente levando à falência total dele, como ocorreu na Itália. No país mediterrâneo, médicos estão sendo forçados pelas circunstâncias a escolherem quem deve ser salvo. Idosos acima de 80 anos de idade provavelmente serão abandonados para morrer por falta de leitos de tratamento intensivo.
O tempo de reconstrução e reorganização das atividades será muito maior caso haja mais mortes. O prejuízo será enorme caso demoremos a tomar atitudes. Cabe a todos agir individualmente, independentemente do que foi decidido pelos governos. Existem evidências de que as lideranças estão agindo mais lentamente do que devem, mas não precisamos esperar para tomar providências.
Faz sentido estocar produtos indispensáveis, em especial comida e remédios, porque assim diminuímos o número de viagens ao mercado e a exposição ao vírus.
No entanto, é importante ter moderação. Não há necessidade de comprar centenas de rolos de papel higiênico, por exemplo. O ideal é estocar mantimentos suficientes para no máximo 3 meses e retornar ao mercado, se necessário.
A maior prioridade deve ser obter remédios para tratar doenças crônicas.
O ideal é que, com o progresso da doença, evite-se ao máximo pedir comida, para não expor mais gente ao vírus. Se possível, não tenha contato com o entregador e peça para ele deixar o pacote na frente da porta ou na portaria do prédio, por exemplo.
Abra a embalagem e lave as mãos após retirar a comida. Quando for descartar os pacotes, lembre-se de lavar as mãos novamente.
Se possível, trabalhe de casa. Peça liberação para fazer home office e mostre a necessidade dele para os seus superiores.
Se precisar comparecer ao trabalho: evite ir e voltar usando transporte público — é melhor caminhar, usar bicicleta, carro etc. Caso não consiga escapar, redobre a atenção e os cuidados de higiene e tente não tocar o rosto excessivamente.
Evite contato físico e reforce com os colegas de trabalho a importância dessa e de outras medidas de cuidado.
Não, não é. Temos de nos esforçar para diminuir o número de vetores e, consequentemente, a quantidade de vírus circulando, de infectados e de pessoas que precisam utilizar o sistema de saúde.
Muito mais injusto é ser infectado ou precisar do sistema de saúde e não conseguir ser atendido.
Há um problema duplo nesse caso. Por ter de sair de casa, ela possivelmente ficará exposta ao vírus no transporte público; por consequência, duas residências estarão em risco.
Em quase todas as situações, o ideal é que se busque negociar a dispensa do máximo de trabalhadores, justamente para que eles também possam ficar em casa.
Caso isso não seja possível, deve-se ressaltar a importância dos cuidados individuais: lavar as mãos sempre que possível, evitar contato físico, cobrir tosse e espirro com os braços ou lenços, evitar colocar a mão no rosto e sempre higienizar aparelhos celulares.
Permitir que o maior número possível de pessoas trabalhe de casa e estudar se a presença dos demais é necessária.
Garantir que aqueles que vão trabalhar presencialmente o façam sem utilizar o transporte público, diminuindo a exposição ao vírus — e a exposição de outras pessoas a possíveis portadores do vírus.
Reforçar a necessidade de cuidados com a higiene.
Deve-se evitar viagens ao máximo. Não percorra distâncias longas a menos que seja estritamente necessário, mesmo que não esteja com os sintomas da doença. Você pode ter o vírus, estar assintomático e acabar levando a doença para locais em que ela ainda não está presente.
Não há motivo para desespero ou pânico, mas devemos estar alertas, buscar informações e tomar cuidados. Mesmo que essas ações pareçam exageradas para outros e até para nós, podem salvar dezenas de vidas.
Evite ao máximo ter contato com pessoas e superfícies, lave as mãos sempre que possível com água e sabão (por cerca de 20 segundos) e evite tocar o rosto (até para coçar ou ajeitar os óculos). O álcool gel é uma medida secundária, sendo mais importante lavar as mãos.
O álcool precisa ter pelo menos 60% de concentração para ser eficaz no combate ao coronavírus, por isso deve-se evitar receitas caseiras. E pelo mesmo motivo é importante checar os rótulos dos antissépticos comprados, para garantir que tenham pelo menos 60% de álcool.
Mais do que isso, se você já está em casa, aproveite para lavar as mãos com água e sabão.
Não. É importante que as pessoas ajam o quanto antes para diminuir a velocidade com que o vírus se espalha, evitando que o sistema de saúde fique sobrecarregado.
Além de a China ser um país muito pouco transparente a respeito do que ocorre dentro de suas fronteiras, não é possível descartar uma segunda onda de coronavírus por lá.
Mesmo pelos relatos a que temos acesso, não está tudo bem. O governo continua restringindo a movimentação das pessoas e ainda opera em marcha lenta. Lembrando que a China apenas conseguiu controlar o vírus com isolamento e quarentenas muito rígidas — justamente o que buscamos evitar ao fazer a quarentena voluntária.
Ao contrário da teoria da conspiração em que acreditam o Presidente Bolsonaro e seu entorno, não há nenhuma evidência nesse sentido. Ainda não se sabe quais vão ser as consequências da pandemia para a economia chinesa ou global. É possível que empresas busquem pulverizar suas fábricas e seus fornecedores hoje concentrados na China, por exemplo.
Da mesma forma, não existe nenhuma evidência de que se trate de um plano de outro país ou grupo de pessoas.
As hipóteses mais aceitas para o surgimento do vírus, até agora, descartam a ideia de que havia intenção por trás da origem. Ou seja, a doença não foi criada como arma biológica ou parte de uma conspiração.
Ainda não há vacina. Existem diversos países buscando imunização e experimentando tratamentos para a Covid-19. Mas nenhuma medida passou dos testes em animais por enquanto.
Se possível, ficar em casa. Evitar ao máximo o contato com pessoas e transporte público, lavar as mãos com frequência, não tocar o rosto, cobrir espirros e tosse com os braços ou lenços, manter a higiene de aparelhos celulares.
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Esse texto foi criado em parceria com Daniel Costa e cedido gentilmente ao Mega Curioso.