Ciência
13/04/2020 às 09:30•3 min de leitura
A pandemia da covid-19 iniciou o ano fazendo um grande estrago na Ásia, atingindo sua força máxima a partir de fevereiro na Europa e de março nas Américas. Até o momento, mais de 1,8 milhão de pessoas foram infectadas no mundo, com cerca de 115 mil mortes relacionadas à doença. Como não há cura ou tratamento 100% eficaz, a solução tem sido o isolamento social – algo que pode se repetir ao longo dos próximos 2 anos, de acordo com especialistas.
“Uma pandemia é como um petroleiro: continua avançando muito depois de você pisar no freio”, analisa o comentarista político Nicholas Kristof, em artigo publicado no The New York Times. E desacelerar a evolução da doença é um dos objetivos das quarentenas adotadas pelos países. Assim, ainda que a doença se espalhe, o sistema de saúde consegue dar conta e evitar muitas mortes.
Alguns países asiáticos como Coreia do Sul e Singapura se tornaram referência no controle da covid-19 por conta de medidas tomadas logo no começo da pandemia. A China, depois de 2 meses de quarentena, conseguiu controlar o avanço da doença. Porém, uma nova ameaça surge: a segunda onda de contaminações.
Isolamente social ainda é a melhor maneira de conter o avançado da covid-19
Foram detectados novos casos mesmo em nações que conseguiram controlar a transmissão comunitária. Tratam-se de pessoas que chegaram de outros países trazendo a covid-19. Isso tem causado novas infecções em lugares ditos como exemplares, como Singapura e Coreia do Sul. E as medidas adotadas durante a primeira onda podem ditar os rumos de como serão as futuras.
“O momento não é de discutir se uma segunda onda virá porque isso é certo. A questão é como virá. Muito provavelmente o coronavírus causará ondas nos próximos dois anos. A questão será nossa capacidade de testar o maior número de pessoas, saber quantos são os infectados, isolar os casos”, explica Domingos Alves, da Universidade de São Paulo, em entrevista ao O Globo. Ele integra o time de universidades por trás do projeto Covid-19 Brasil, que faz projeções assertivas do avanço da doença – em uma delas, por exemplo, o grupo acredita haver mais de 6 vezes o número de casos oficiais.
De acordo com David Wallace-Wells, da New York Magazine, o modelo ideal de tratamento de uma pandemia seria identificar os infectados, testá-los e isolá-los, bem como seus parentes. Porém, com o atual cenário de transmissão comunitária, isso não é mais possível. “Os atuais bloqueios oferecem a oportunidade de ganhar tempo para acelerar um regime abrangente de testes”, diz Wells, especialista em como os impactos das mudanças climáticas afetam a vida humana.
Organização Mundial da Saúde recomenda o uso de máscara por toda a população
O controle da covid-19 traz uma série de desafios: o desenvolvimento em tempo recorde de uma vacina (algo que pode levar mais de 1 ano), um tratamento 100% eficaz contra o vírus, o impacto econômico causado por esta e por futuras quarentenas, entre outros.
Outro fator preocupante é que a taxa de letalidade tem aumentado. Na Alemanha e na Coreia do Sul, ela esteve muito tempo em 0,5%, sendo um marca invejável para o resto do mundo. Atualmente, porém, ela está em 1% nesses países, mostrando que o novo coronavírus ainda tem muito a surpreender nos próximos meses.
Vale lembrar que o fim da quarentena pode levar às ruas milhões de pessoas que ainda não estão imunes contra a doença. Assim, mesmo quando se achatar, a curva de infecções pode voltar a crescer caso o vírus ainda esteja circulando em transmissão comunitária. Para o doutor Christopher Murray, diretor do Institute for Health Metrics and Evaluation, o número de mortes e novos casos nos Estados Unidos deve começar a cair em junho. Porém, mesmo nessa época, 95% dos norte-americanos ainda estarão vulneráveis à covid-19 – um relaxamento da quarentena poderia gerar uma nova onda de contágios.
Covid-19: mundo deve sofrer com ondas de contágios por até 2 anos via TecMundo