Artes/cultura
03/06/2020 às 05:30•4 min de leitura
O mundo se aproxima de 6 meses convivendo com o novo coronavírus. Como os efeitos da covid-19 afetaram os países em diferentes períodos, muitos ainda estão enfrentando o auge da pandemia. E apesar de muita coisa ter sido aprendida nesse período, algumas dúvidas permanecem a respeito da doença e necessitam de respostas urgentes para que seja possível criar um "novo normal" com a reabertura de setores da economia. O jornal The New York Times elencou seis grandes questões que ainda estão pendentes.
Até 1º de junho, a Organização Mundial da Saúde (OMS) contabilizou oficialmente 6,3 milhões de infectados em todo o mundo. Esse número, entretanto, está longe da realidade. Mesmo nos Estados Unidos, que somam 1,9 dessas pessoas, a quantia real ainda parece ser difícil de precisar. O país foi um dos que mais realizaram testes da nova doença: em Nova York, a cidade mais afetada, 9,6% da população fizeram o exame, registrando quase o dobro da média nacional.
Locais com testagem mais baixa devem ter uma grande quantidade de subnotificações, principalmente nos casos mais leves, que não necessitam de atendimento médico — acredita-se que até 35% dos infectados não desenvolvam sintomas. Diversos modelos matemáticos fazem com que o melhor cenário represente o dobro de contaminados pela covid-19 em termos reais, podendo ser até seis ou sete vezes maior do que o oficializado pela OMS.
Mundo tem oficialmente 6,3 milhões de infectados, mas há subnotificações em todos os lugares.
Cientistas trabalham com algo entre 1 e 1 milhão de partículas virais necessárias para iniciar uma infecção. Alguns especialistas acreditam que a quantidade pode estar na casa de centenas de milhares, com base em estudos de outras epidemias causadas por agentes semelhantes, como a Sars, entre 2002 e 2003.
Mais estudos com o novo coronavírus são necessários para determinar um valor exato, já que ele tem a característica transmissiva de um vírus influenza, que facilmente passa de uma pessoa para outra, mesmo sendo muito mais parecido estruturalmente com outros coronavírus. Ainda não se sabe se tocar uma superfície contaminada com pouca quantidade de coronavírus, por exemplo, é o suficiente para adquirir a covid-19, mas entende-se que quanto maior é a exposição, maior é a probabilidade de infecção, por isso existem as indicações de distanciamento social, uso de máscara e lavagem constante das mãos.
Higienizar as mãos é uma das principais armas para combater a doença.
A covid-19 se manifesta com sintomas brandos ou sem sinais na maioria dos infectados, porém uma parcela dos doentes acaba desenvolvendo graves manifestações e morre. Os motivos para tamanha disparidade clínica ainda geram discussões. Acredita-se que os pacientes que adoecem mais rapidamente foram expostos a uma maior quantidade viral na primeira contaminação.
Outros fatores também podem explicar esse fenômeno: tudo depende da resposta imunológica das pessoas. Mulheres, por exemplo, têm um sistema mais resistente que o dos homens, por isso eles são a maioria dos contaminados. O mesmo acontece com idosos, que naturalmente têm o sistema de defesa mais comprometido, bem como indivíduos com doenças pré-existentes.
O papel dos receptores nas células que são a porta de entrada do vírus também está sendo pesquisado. Chamado de enzima conversora de angiotensina 2 ou ACE2, esse item ajuda a regular a pressão sanguínea e as inflamações; como crianças têm menos dessas substâncias, acredita-se que elas sejam menos suscetíveis à infecção.
Sistema imunológico comprometido pode favorecer sintomas mais graves.
Uma das primeiras medidas de segurança adotadas na maioria dos países foi a suspensão das aulas, porém ainda não se sabe exatamente como as crianças participam da rede de contaminação da doença. Elas parecem ser menos propensas a desenvolver sintomas graves da covid-19, representando, em alguns países, apenas 2% dos pacientes internados.
Existe uma teoria de que os pequenos se infectam com a mesma facilidade que os adultos, mas, por terem um sistema imunológico mais robusto, acabam não tendo evolução dos sinais. No ambiente escolar, elas teriam até três vezes mais chances de se contaminarem, por exemplo, por conta da rede de contatos com colegas, familiares e professores. Porém, também está sendo notado que os mais novos, como bebês, estão mais suscetíveis à doença do que aqueles que já frequentam escolas.
Além disso, já foi registrado que mesmo crianças que não desenvolveram graves sintomas respiratórios podem ter inflamações cardíacas, algumas até bastante graves. Isso pode acontecer semanas após o contágio, sem que os médicos tenham uma explicação para as ocorrências.
Papel das crianças ainda não está totalmente claro.
Um grande trabalho investigativo tem sido feito, envolvendo a decodificação genética do vírus para determinar sua linhagem, podendo haver várias famílias de patógenos no mundo. Hoje, trabalha-se com a informação de que o primeiro paciente tratado com sintomas da doença foi internado em Wuhan, na China, em 16 de dezembro. Porém, como ele apresentava sinais desde 1º de dezembro, acredita-se que o novo coronavírus esteja em circulação na região desde o fim de novembro.
Novos dados podem mudar o que se sabe sobre o começo da pandemia.
Ainda não há certeza se quem se curou da doença está livre de pegá-la novamente. É normal que, após uma exposição viral, o corpo humano produza anticorpos poderosos que previnam uma nova infecção, assim como seja capaz de desenvolver células imunológicas bastante resistentes para matar o vírus. Não se sabe, porém, por quanto tempo essa imunidade permanece.
Por enquanto, os médicos trabalham com a ideia de que esse período é de ao menos 1 ano, com base no comportamento de outros coronavírus, como os responsáveis por Mers e Sars. Casos de possíveis reinfecções continuam sendo estudados para entender se procedem ou se apresentaram algum tipo de erro na coleta ou na determinação da suposta recuperação do paciente.
Ainda não se sabe quanto tempo dura a imunização após a infecção.
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