Ciência
03/06/2020 às 13:00•2 min de leitura
Cientistas do Centro de Saúde da Universidade de Utah, Estados Unidos, identificaram uma promissora solução para o tratamento de pacientes com diabetes, sugerindo a produção de uma insulina que age mais rapidamente do que as convencionais e mantendo a mesma potência experimental. Conhecida temporariamente por insulina híbrida, ou mini-insulina, o medicamento utiliza substâncias venenosas do caracol Conus geographus, um raro espécime de molusco predador.
Segundo publicação na revista Nature Structural and Molecular Biology, o veneno, utilizado pelo animal como uma espécie de teia que paralisante, causando um choque hipoglicêmico que mantém a presa viva pelo tempo necessário para ser alcançada pelo caracol, possui uma interessante estrutura molecular semelhante à insulina aplicada em humanos, configurando uma alternativa natural para o desenvolvimento de medicamentos com resultados mais imediatos.
De início, a análise da estrutura bioquímica da substância indicou que, isoladamente, age mais lentamente que os medicamentos tradicionais voltados para o tratamento da diabetes, como as bombas de insulina. Após estudos de caso, testes sintetizando o veneno com o hormônio humano indicaram que, juntos, possuem interessantes propriedades complementares, com um sendo acionado imediatamente pelo organismo e outro acelerando o processo de recuperação dos índices glicêmicos.
(Fonte: Universidade de Utah/Reprodução)
A união das composições foi capaz de desenvolver uma insulina sintética, contando com o suporte de quatro aminoácidos essenciais do veneno, todos responsáveis por reforçar as funções do pâncreas que, sem eles, acaba sobrecarregando por ter que agir na separação e no reenvio das proteínas para a corrente sanguínea.
“Com poucas substituições estratégicas, geramos uma estrutura molecular de insulina potente e rápida, e a menor produzida até o momento”, esclareceu Danny Hung-Chieh Chou, bioquímico do Centro de Ciências da Saúde de Utah e autor do projeto.
Após testes laboratoriais em ratos e camundongos terem sido promissores, indicando que a insulina híbrida pode alcançar os mesmos efeitos das convencionais, porém de uma forma mais acelerada e menos danosa, espera-se que nos próximos anos já venha a ser devidamente aplicada em humanos, surgindo como uma “primeira candidata ao desenvolvimento de uma nova geração de tratamentos terapêuticos com insulina.”
Hostil para animais menores dos oceanos, o caracol venenoso pode surgir como um grande herói para a humanidade, conquistando uma importância especial para avanços significativos na área da saúde.