Não consegue se lembrar do rosto das pessoas? A culpa pode não ser sua

28/01/2018 às 04:003 min de leitura

Já aconteceu com você de encontrar com alguém e, apesar de esse sujeito saber o seu nome, aparentemente conhecer as mesmas pessoas e inclusive mencionar algum evento recente, você não fazer a menor ideia de quem ele seja?

Esse tipo de situação é bastante constrangedora e incrivelmente comum — e geralmente acontece quando encontramos com conhecidos em lugares fora de um contexto habitual, como tropeçar com um colega de trabalho na farmácia, por exemplo. No entanto, se isso costuma acontecer com você com muita frequência, pode ser que não se trate de uma confusão passageira...

Prosopagnosia

Nós aqui do Mega Curioso já falamos brevemente em uma matéria — que você pode acessar através deste link — a respeito da Prosopagnosia, um problema também conhecido como “cegueira para faces”. O transtorno se caracteriza pela dificuldade ou completa incapacidade de reconhecer rostos, e não pense que quem sofre com esse problema simplesmente se esquece das feições de conhecidos ou se confunde de vez em quando.

Dependendo da severidade de cada caso, os indivíduos com prosopagnosia chegam a ter dificuldade para reconhecer familiares e até mesmo os próprios rostos. Segundo Richard Cook e Federica Biotti, em um artigo publicado pelo portal The Conversation, até recentemente existia a crença de que a cegueira para faces consistia em um problema extremamente raro e decorrente de lesões cerebrais associadas a derrames, traumas e doenças degenerativas.

No entanto, estudos recentes revelaram que, na verdade, a prosopagnosia é altamente hereditária e muito mais comum do que se pensava. Tanto que uma em cada 50 pessoas no mundo apresenta alguma forma do problema, e algumas celebridades confessaram que sofrem com a cegueira para faces, como é o caso de Steve Wozniak, co-fundador da Apple, e do ator Brad Pitt.

Cegueira facial

De acordo com os especialistas, o problema é que, nos casos mais severos, a prosopagnosia congênita pode desencadear o surgimento de outros transtornos, como a depressão e a ansiedade. Afinal, imagine a sensação de andar por aí e não ser capaz de reconhecer o rosto de ninguém, mesmo o das pessoas mais próximas!

Além disso, como se trata de um problema que muitas vezes demora em ser diagnosticado, os indivíduos que sofrem de cegueira facial frequentemente se sentem culpados por não reconhecer os outros, e é comum que eles atribuam a dificuldade à falta de atenção e à memória ruim. Para piorar, infelizmente, há quem — erroneamente — associe o problema com a falta de inteligência.

Com isso, muitos dos afetados pela cegueira facial evitam situações potencialmente desafiadoras, como encontros e reuniões sociais. Sem falar que o problema pode inclusive influenciar as escolhas e as profissões dos indivíduos que sofrem de prosopagnosia — que muitas vezes optam por seguir atividades nas quais eles não precisem ter contato direto com ninguém.

Diagnóstico

Segundo os especialistas, a Ciência apenas está começando a entender a prosopagnosia congênita, e as causas do problema da ainda não foram descobertas. Mas, alguns estudos apontaram algumas diferenças sutis no funcionamento cerebral das pessoas que sofrem com o problema.

Conforme explicaram, nesses indivíduos, várias áreas do cérebro envolvidas no reconhecimento facial parecem contar com menos conexões do que o normal. Além disso, pesquisas apontaram que, aparentemente, existe uma maior incidência de cegueira para faces entre as pessoas que sofrem de autismo.

O diagnóstico, até bem recentemente, era realizado a partir de testes feitos por computador baseados no reconhecimento facial. No entanto, um novo método foi desenvolvido por pesquisadores britânicos, e ele se apoia em um questionário com uma série de perguntas que exploram as experiências dos afetados.

Convivendo com a prosopagnosia

De acordo com os especialistas, assim como acontece com quem sofrem de dislexia — ou, basicamente, a dificuldade específica para o aprendizado da linguagem —, que cresce com problemas para ler palavras, os que padecem com a prosopagnosia congênita crescem com problemas para ler rostos. Portanto, tal como ocorre com os disléxicos, os afetados pela cegueira facial precisam encontrar formas alternativas de contornar suas dificuldades.

Assim, muitas pessoas diagnosticadas com a prosopagnosia aprendem a reconhecer os outros a partir de características específicas, como um traço facial marcante — como lábios carnudos ou um nariz avantajado —, o tom de voz, a forma de caminhar, o estilo de se vestir ou o corte de cabelo, por exemplo.

Por esse motivo, ambientes nos quais as pessoas se vestem de maneira similar — como locais de trabalho ou colégios onde todos usam uniformes — costumam ser um pesadelo para quem sofre de prosopagnosia. Além disso, se algum conhecido resolve mudar o penteado ou adotar o uso de boné sem aviso prévio, a mudança pode trazer dificuldades.

*Publicado em 23/12/2015

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