Ciência
30/03/2018 às 02:00•3 min de leitura
Bem, com todo o banho de sangue que os antigos romanos promoviam para divertir a população de Roma, não é de se estranhar que eles tenham encontrado alguma utilidade para o que era derramado pelos gladiadores que não sobreviviam às lutas!
Sangue mágico
Existem diversos registros históricos datados entre os séculos 1 e 6 que apontam que era comum que o sangue e o fígado dos gladiadores fossem coletados e consumidos — geralmente como indicação para o tratamento da epilepsia. Também existem rumores de que o sangue era muito apreciado pelas mulheres romanas, que o misturavam a loções e outros cosméticos.
Você já deve ter ouvido que, durante a Idade Média, a peste negra dizimou dois terços da população europeia em apenas alguns anos. O problema é que, na época, as pessoas não sabiam que essa terrível e assustadora doença era provocada pela bactéria Yersinia pestis e transmitida aos humanos através das pulgas dos roedores. Os médicos da época pensavam que a peste era disseminada por meio de vapores mortais.
Combate à peste com mais pestilência
Assim, para combater o tal vapor letal, algumas pessoas concluíram que outro gás — nada agradável — poderia ser empregado. Então, elas começaram a recomendar que os puns fossem engarrafados, que a população passasse a manter animais flatulentos, como cabras, por exemplo, em suas casas, e que os aromas pestilentos fossem liberados e inalados cada vez que a peste se aproximasse.
Não pense que esse papo de comer placentas é uma ideia — um tanto quanto bizarra, diga-se de passagem — que surgiu nos últimos anos. O nome formal do consumo dessa estrutura é placentofagia, e os primeiros registros de pessoas ingerindo placentas humanas datam da década de 70, nos EUA.
Imagine fazer um picadinho de placenta
Segundo os defensores dessa prática, o consumo de placenta pode auxiliar as mulheres que acabaram de dar à luz a se recuperar do parto mais rapidamente, além de aumentar a produção de leite materno, ajudar a sanar a anemia, funcionar como analgésico e até melhorar o humor das novas mamães.
No entanto, embora a ingestão de placentas tenha se tornado popular ultimamente, existem poucas evidências científicas que comprovem esses benefícios todos relacionados à prática, e muitos especialistas dizem que os resultados positivos não passam do bom e velho efeito placebo. Portanto, ainda serão necessários vários anos de pesquisas para determinar se a placentofagia realmente é eficaz.
Além da placenta, outro “produto” proveniente de mulheres que deram à luz recentemente e que vem ganhando popularidade é o leite materno — consumido por alguns homens como alternativa a suplementos como o Whey e até esteroides.
Vai um golinho aí?
Só que o uso do leite materno com fins pseudomedicinais não é um fenômeno recente, não! Durante a Idade Média, ele era indicado para tratar infecções oculares e de ouvido, bem como para aliviar problemas como úlceras, resfriados, icterícia e até insanidade. Geralmente, ele era misturado com ervas, mel ou vinho e aplicado em gotas na região problemática. Em outras palavras, a substância era um santo remédio para praticamente tudo!
Por mais desagradável que possa parecer, durante séculos, especialmente entre os séculos 16 e 17, a gordura humana foi utilizada no tratamento de uma variedade de problemas, como afecções de pele, feridas, dor de dente, gota, entre outros. Normalmente, a indicação era que as áreas afetadas fossem massageadas com “banha” ou enfaixadas com bandagens embebidas nessa substância para aliviar o desconforto.
Humanol, lançado na Alemanha
Curiosamente, o tratamento não foi esquecido pelo tempo, pois, no início do século 20, uma substância chamada “Humanol” — feita à base da gordura presente nas placentas humanas (olha elas aqui de novo) — foi lançada na Alemanha e usada cirurgicamente para esterilizar e promover a cicatrização de ferimentos.
O pó de múmia talvez seja o item mais estranho da nossa lista, porque, né... é claro que um cadáver mumificado e com milhares de anos esmigalhado certamente tem propriedades medicinais extraordinárias! Pois a ideia de usar essa substância como remédio teria partido dos egípcios ainda na Antiguidade — e se tornado moda entre os europeus entre os séculos 12 e 18.
Múmia em pó para todos os males
Mas não pense que apenas as múmias egípcias eram transformadas em pó para serem usadas como medicamento. Qualquer corpo mumificado podia ser empregado no processo, e os boticários que preparavam os remédios muitas vezes nem sabiam qual era a real procedência do defunto.
Antigo vendedor de múmias egípcias
De qualquer maneira, as múmias eram moídas até se transformarem em um pó. Em seguida, esse material era misturado a outras substâncias e indicado no tratamento de todo tipo de aflição, como dores de cabeça, úlceras estomacais, tumores, artrite e até como afrodisíaco.
*Publicado em 5/10/2016