Por que o sovaco fede tanto?

22/05/2019 às 05:002 min de leitura

Você está se divertindo, conversando com os amigos e dando boas risadas quando, de repente, um movimento mais amplo dos braços revela a verdade: suas axilas estão fedendo!

Os motivos podem ser os mais variados – desde a falta de um desodorante mais potente até algum tipo de disfunção no organismo –, mas fato é que todos nós em algum momento da vida exalamos aquele cheirinho desagradável de suor.

Provavelmente você já ouviu que o bom e velho “cc” está relacionado com a proliferação de bactérias, e é isso mesmo. Mas chegou a hora de entender melhor o que acontece debaixo dos seus braços e saber por que outras partes do seu corpo não têm um cheiro tão ruim quanto as axilas.

Tudo acontece nas glândulas

ShutterstockGlândula sudorípara vista com o auxílio de um microscópio.

Existem dois tipos de glândulas sudoríparas que estão relacionadas com a secreção de suor no nosso corpo.

As glândulas écrinas estão distribuídas em todo o corpo e são responsáveis pela excreção de um suor que é basicamente composto por água e sais, como cloreto de sódio, potássio e bicarbonato. Essas glândulas funcionam continuamente para que a evaporação do suor sirva como um mecanismo de termorregulação e para a manutenção do equilíbrio eletrolítico do corpo.

Já as glândulas apócrinas são encontradas apenas em algumas áreas do corpo – como nas axilas e na virilha. Localizadas perto superfície da pele, essas estruturas secretam dentro do folículo piloso um tipo de fluido mais gorduroso e inodoro que costuma ser liberado em situações de stress emocional.

Essas duas glândulas também são responsáveis pela produção de feromônios, que são substâncias que suscitam reações fisiológicas e comportamentais, como a atração sexual, por exemplo.

Ah, as bactérias!

Amostra de Staphylococcus spp.

A quantidade de bactérias presentes no corpo humano é simplesmente impressionante – carregamos cerca de 100 trilhões delas para onde quer que formos. E entre todos os espaços que esses microrganismos poderiam ocupar no seu corpo, existe uma grande variedade deles que prefere se instalar nos “suvacos”, como diriam alguns.

Logicamente, com 1 milhão de bactérias por centímetro quadrado de axila, não há como escapar do cheiro ruim. Isso porque organismos como Corynebacterium spp., Staphylococcus spp., Micrococcus spp. e Propionbacterium spp. se alimentam de alguns compostos presentes no suor e, dependendo da oferta de comida, eles produzem diferentes odores.

De acordo com o Real Clear Science, as moléculas de enxofre são as piores, que dão às axilas um cheiro nauseante que lembra um odor de cebola. A decomposição do ácido isovalérico e do ácido propanoico remetem a um pé suado (ou seja, chulé!), enquanto o ácido etanoico lembra vinagre. Outros compostos também podem resultar em cheiros que se parecem com cominho ou almíscar.

Mas como nem tudo são flores e sempre pode piorar, existe uma doença chamada trimetilaminuria (conhecida também por síndrome do odor de peixe). Trata-se de uma desordem genética que impede que o organismo quebre as moléculas de trimetilamina presentes em alguns alimentos – o que resulta em suor, urina e hálito que apresentam odor de peixe. A condição é rara e acomete uma a cada 10 mil pessoas.

A importância dos odores

Apesar dos desconfortos que os cheirinhos podem causar, sabemos que os odores são importantes. Os pesquisadores já descobriram que alguns mamíferos nascem com aromas diferentes, organizados de acordo com o tipo. Essa característica funciona como uma espécie de identificação que permite que cada indivíduo seja reconhecido pelos outros.

Curiosamente, testes com ratos revelaram que, independente da dieta do animal, esse odor individual não muda. “Se esse fenômeno ficar comprovado com os humanos, existirá uma possibilidade de desenvolver mecanismos para identificar os odores individuais em humanos”, aponta o estudo.

Os testes realizados até o momento mostraram que cães foram capazes de reconhecer pacientes com câncer de próstata a partir do odor de amostras de urina, o que indica que algumas doenças podem alterar nossos cheiros.

*Publicado em 14/5/2014

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