Ciência
26/05/2017 às 03:00•4 min de leitura
Todos os seus pensamentos, as suas memórias e os comandos – voluntários ou não – que seu corpo recebe estão concentrados em uma massa relativamente pequena, de consistência gelatinosa, cheia de dobrinhas curiosas. É graças a esse órgão gosmento que você consegue ler, falar, comer, dormir, respirar – só para citar algumas das atividades incríveis que seu corpo realiza.
E tem mais! A sua personalidade, essa espécie de identidade comportamental, digamos assim, também está diretamente relacionada à gelatina que está dentro da sua cabeça. Ela contém células microscópicas que se comunicam entre si com maestria, e, enquanto um grupo de neurônios cuida da respiração, outro grupo organiza seus pensamentos (ou tenta), e outro faz com que as imagens que você veja não sejam invertidas. E por aí vai. Isso tudo, sem descanso, a todo momento, durante sua vida inteira. É ou não é fascinante?
O fato é que o cérebro humano é tão cheio de complexidades que volta e meia a ciência descobre algo novo sobre esse órgão inteligentíssimo. O Live Science reuniu alguns fatos que você talvez desconheça sobre essa bolota gelatinosa que faz de nós, seres humanos, pensantes. Confira a seguir:
Em média, o cérebro de uma pessoa adulta pesa algo entre 1,3 e 1,4 kg. Segundo a neurocirurgiã Katrina Firlik, a melhor comparação relacionada à textura do órgão é o tofu. Agora pare e pense: 80% do conteúdo do seu crânio é preenchido com o seu cérebro, sangue e outros fluídos. Se você retirasse o cérebro, o sangue e os outros líquidos, poderia quase encher uma garrafa grande de refrigerante – ou, para sermos mais precisos, 1,7 litro!
Se você acha que ter um cérebro que quase preenche uma garrafa de refrigerante é uma grande coisa, saiba que a evolução tem diminuído o tamanho de nossos miolos. Só para você ter ideia, há 5 mil anos, as pessoas tinham cérebros muito maiores.
De acordo com o paleontólogo John Hawks, da Universidade de Wisconsin, em Madison, nos EUA, o cérebro humano hoje é 10% menor do que foi há 5 mil anos. Acredita-se que o órgão está diminuindo para ficar mais eficiente. Outra teoria que explica a diminuição do cérebro é a de que nossos crânios diminuíram à medida que começamos a não fazer tanto esforço na hora da mastigação. A lógica aqui é: crânio menor, cérebro menor.
Ainda que, em média, o cérebro represente apenas 2% do peso corporal, o danado não economiza na hora de “roubar” a nossa energia. Para falar em números: o cérebro humano usa 20% do oxigênio disponível em nosso sangue e 25% da glicose que circula pelo nosso corpo.
Como nossos ancestrais não tinham acesso a uma grande variedade de alimentos, como nós temos, alguns antropólogos acreditam que os humanos antigos comiam frutos e vegetais para suprir essa necessidade de açúcar.
Não é irônico que nós, que geralmente odiamos curvas e rugas, sejamos inteligentes graças às curvas e rugas do nosso cérebro? A superfície do órgão é feita de ruguinhas chamadas “sulcos” e curvinhas conhecidas como “giros”, no conjunto chamado de “córtex cerebral”. Nessa região, cerca de 100 bilhões de neurônios trabalham sem descanso.
Quanto maior for o número de curvinhas na superfície do cérebro, mais poderoso o órgão se torna. O único animal que tem um cérebro mais cheio de curvas do que o nosso é o golfinho.
Por essa você não esperava. Se por um lado já se sabe que não é apenas 10% do cérebro que “funciona”, agora talvez venha a novidade: apenas 10% do órgão mais inteligente de todos é composto por neurônios, as tais células nervosas.
Os outros 90% de células se chamam “glia”, palavra de origem grega que significa “cola”. O nome tem a ver com o fato de que, antigamente, acreditava-se que a glia era responsável apenas por dar “liga” aos neurônios, mas pesquisas mais recentes já revelaram que, na verdade, esse material serve para mais coisa.
Uma pesquisa publicada em 2005 pelo Current Opinions in Neurobiology revelou que a glia age também para limpar, digamos assim, o excesso de neurotransmissores e, dessa forma, melhorar a qualidade e a saúde das sinapses (as ligações entre os neurônios).
Três semanas depois de o feto ser concebido, um grupo de células neurais se funde no tubo neural e forma a estrutura que conhecemos como sistema nervoso central.
Esse tubo neural cresce muito no primeiro trimestre, e, a partir daí, o cérebro já é dividido em áreas responsáveis por criar e coordenar cada parte do corpo do feto. A glia e os neurônios, no entanto, só se formam por volta do segundo trimestre de gestação, e as curvinhas do cérebro são geradas na sequência. Depois da 26ª semana, o cérebro do feto começa a ter o tradicional formato ondulado.
Você provavelmente já deve ter ouvido por aí que depois que uma pessoa chega à fase adulta, seu cérebro deixa de produzir novas conexões neurais. Essa foi uma teoria aceita até 2007, quando foi divulgado um novo estudo, feito a partir da análise do cérebro de uma paciente que tinha sofrido um acidente vascular cerebral (AVC) – ou “derrame”, como é popularmente conhecido.
A equipe médica do estudo em questão reparou que em vez de simplesmente deixar de realizar determinadas atividades depois do ocorrido, o cérebro da paciente, mesmo prejudicado, conseguiu usar grupos de células não prejudicadas para realizar outras tarefas, que tinham sido afetadas pelos danos provocados pelo AVC.
Outras pesquisas, realizadas depois desse caso, mostraram que, de fato, em alguns pacientes é possível que haja essa “revisão de tarefas” nas células cerebrais, inclusive em pessoas já adultas. E se você se identifica com o lado zen da coisa, saiba que a meditação é outro fator que não só pode mudar a estrutura do seu cérebro, como a função dele.
Eis outra história que você já deve ter ouvido por aí: homens e mulheres têm cérebros diferentes. Na verdade, o que ocorre é que a produção hormonal, diferente em cada gênero, afeta o desenvolvimento cerebral. Nesse sentido, já se sabe que mulheres e homens têm uma relação diferente no sentido da dor, das decisões sociais e do stress.
A questão é que, no geral, o cérebro masculino é muito parecido com o feminino, inclusive no quesito inteligência. Um estudo de 2005 chegou à conclusão de que todas as diferenças cerebrais anteriormente citadas com base no gênero estavam, na verdade, equivocadas, e consideravam oscilações menores que 1%.
O comportamento geralmente agressivo de alguns adolescentes pode ter relação com o fato de que o cérebro deles ainda não está totalmente formado. A chamada massa cinzenta passa por um período de “recolhimento” na adolescência para que o lobo frontal se desenvolva completamente. Essas mudanças visam estabelecer os sensos de julgamento e de tomadas de decisão.
De acordo com uma pesquisa divulgada em 2005, as áreas cerebrais responsáveis pela nossa capacidade de realizar múltiplas tarefas só podem ser consideradas completamente desenvolvidas depois dos 17 anos. Os adolescentes também têm mais dificuldade de empatia, que é o exercício de se colocar no lugar de outra pessoa. Esse tipo de inteligência emocional que é a empatia se aprende por meio do convívio social.
E aí, nosso cérebro é ou não é surpreendente? Quais dessas características parecem mais fascinantes para você? Conte para a gente nos comentários!
*Publicado em 06/01/2015
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