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20/11/2015 às 11:23•2 min de leitura
Para muitas mulheres, não há nada mais feminino do que a capacidade de gestar um filho. Várias delas, inclusive, sonham com a maternidade. Esse sonho, porém, algumas vezes é impossibilitado por problemas de saúde ou de malformação: a cada 5 mil mulheres, uma nasce com os ovários, mas sem o útero.
Isso poderá mudar em breve, quando uma clínica dos EUA anunciar o transplante temporário de útero. Nos próximos meses, a Cleveland Clinic espera conseguir implantar com sucesso o órgão em mulheres que não o possuem ou nos casos em que ele apresenta algum problema. Claro que sempre existe a possibilidade da adoção, só que isso não é uma obrigação. Muitas mulheres, por questões pessoais, culturais ou religiosas, acabam deixando o sonho de lado.
Essa técnica já existe na Suécia, mas ainda com limitações: das nove mulheres que passaram pela cirurgia, duas tiveram que remover o útero por problemas de coágulo e infecção. Entretanto, quatro já realizaram o sonho de gerar o próprio filho, mas todas as crianças nasceram prematuramente. O próximo bebê a nascer com essa técnica inovadora é esperado para janeiro de 2016.
Como funcionaria o transplante: o útero com problemas seria substituído pelo de uma doadora saudável, mas ficaria sem as ligações com os ovários
Claro que nem tudo são flores... Além de a cirurgia ser arriscada, a mulher que recebe o órgão deverá tomar inúmeros remédios antirrejeição, e a gravidez será considerada de risco. Por isso, os especialistas estão considerando este como um transplante temporário: depois de no máximo duas gravidezes, o útero implantado seria retirado, e a mulher poderia parar com a medicação.
A clínica norte-americana já começou a triagem de candidatas ao procedimento. Até agora, oito mulheres estão sendo acompanhadas para um possível transplante nos próximos meses. “Elas são informadas dos riscos e dos benefícios, além de terem um tempão para pensar sobre isso. Nosso trabalho é tornar o transplante o mais seguro e bem-sucedido possível”, explicou ao jornal The New York Times o médico Andreas Tzakis, que está por trás da inovação.
Tzakis acredita que as drogas antirrejeição não afetarão mais as mulheres com transplante de útero do que aquelas que já engravidaram depois de receber rins ou fígados, por exemplo. Nesses casos, há um maior risco de pré-eclâmpsia (uma alteração na pressão arterial da mãe) e de o bebê nascer um pouco menor do que a média. Entretanto, ainda não se sabe qual é a real relação direta das drogas com esses acontecimentos.
Primeiro bebê gerado em um útero transplantado nasceu na Suécia em setembro de 2014
Com a possibilidade de implantar um útero saudável em mulheres que não o possuem, era óbvio que surgiria a grande questão: os homens, então, poderiam passar por esse tipo de procedimento? Surpreendentemente, os especialistas explicaram que sim!
Claro que o processo seria ainda mais complicado, pois, a princípio, seria muito mais indicado a mulheres transgêneras, ou seja, que nasceram em um corpo masculino e já estão em processo de adequação de gênero. Seria preciso criar um canal vaginal e remodelar toda a estrutura da pélvis para preparar o corpo para a gestação. Além disso, seria necessário tomar uma grande quantidade de hormônios para que o corpo suporte as mudanças que ocorrem durante a gestação – algo que mulheres na menopausa já fazem quando tentam engravidar.
Em qualquer um dos casos (mulheres, transgêneras e, vá lá, homens), a gestação não teria como ser “natural”: apenas o útero seria implantado, não havendo ligação com as trompas de Falópio de quem já as possui. Por isso, a fertilização seria in vitro, com posterior implante do embrião em quem recebeu o órgão.
Em tese, homens também poderão engravidar, mas o processo é muito complicado e arriscado
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