Estilo de vida
17/03/2017 às 06:04•2 min de leitura
Ainda que nem todo mundo fale ou goste de falar sobre saúde mental e, mais especificamente, sobre depressão, isso não significa nem de longe que não existam pessoas agora, neste exato momento, enfrentando mais uma luta interna contra essa doença tão estigmatizada.
O estigma tem a ver com a noção distorcida de que depressão é sinônimo de preguiça, de falta de força de vontade, de “mi mi mi”. Com base nesse pensamento completamente equivocado, é comum ouvirmos pessoas dizendo que quem sofre desse mal precisa “se animar” ou “dar o primeiro passo” ou “fazer alguma coisa legal”.
Na verdade, a depressão se caracteriza justamente pela falta de estímulo para fazer até mesmo aquilo que se gosta. Não se trata de buscar se animar, mas sim de procurar ajuda médica e psicológica, para que o corpo volte a produzir as substâncias que nos fazem sair da cama, trabalhar, estudar, namorar, ir ao mercado... A publicação que você vai ver a seguir viralizou justamente por isso.
O relato é de uma mulher que trabalha em um salão de beleza e viu uma outra comprando alguns produtos. Quando perguntou se ela precisava de ajuda, as duas acabaram conversando.
A cliente contou que estava passando por uma depressão grave e que não conseguia sair da cama há seis meses – durante o mesmo período, ela também não lavou nem penteou os cabelos. Depois de todo esse tempo, seu cabelo estava totalmente sem vida e embaraçado. A cabeleireira sugeriu que a moça marcasse um horário no salão e, assim, ela ficou de voltar no outro dia. No entanto, ela simplesmente não apareceu. Remarcou, mas não apareceu de novo.
Depois de mais ou menos um mês, a cliente voltou ao salão, perguntando se a cabeleireira poderia atendê-la naquele momento. Entendendo que a mulher precisou fazer um grande esforço para ir até lá pedir ajuda, a funcionária do salão, que queria muito auxiliar, disse que sim.
A cabeleireira explicou que, nesses casos, o que se faz geralmente é cortar os cabelos o mais curto possível, já que seria difícil demais desembaraçar os fios, que estavam em um coque duro como pedra, de acordo com o relato. Ainda assim, ela quis tentar recuperar os fios: “Eu queria que ela soubesse quanto eu iria tentar fazer para que ela se sentisse bem novamente”, disse.
A restauração levou mais de oito horas – desse tempo, foram quatro horas só para pentear os fios. Ao final do processo, que envolveu também hidratação, coloração e corte, a cabeleireira disse que viu o brilho nos olhos daquela cliente que ficou meses sem conseguir sair de uma cama. Para ela, foi uma alegria conseguir passar os dedos pelos próprios cabelos novamente. “Eu mudei a vida de alguém hoje e nunca vou me esquecer”.
A depressão é uma doença verdadeira, séria e que se manifesta por meio do comportamento e dos pensamentos de uma pessoa, por isso pode demorar a ser diagnosticada e também pode ser interpretada como desleixo, preguiça, tristeza, mau humor e “mi mi mi”, inclusive.
Os primeiros sinais da doença, além da vontade absurda de não fazer nada, incluem dificuldade de organizar pensamentos, irritabilidade, apatia e falta de interesse em fazer coisas que antes eram prazerosas – entenda melhor aqui.
Se você acha que está com depressão, o ideal é procurar ajuda médica e psicológica. Felizmente, existem medicamentos que ajudam a acelerar o processo de recuperação. Além do acompanhamento médico, a terapia psicológica se mostra bastante eficiente, uma vez que permite que o paciente fale sobre seus sentimentos, medos e eventuais traumas.
Se você conhece alguém que tem depressão, evite ao máximo usar conselhos como os citados acima. Nada de “se anime!” ou “tente ver a vida de uma forma positiva”. A depressão não é uma escolha, não é falta de vontade nem pessimismo. Se você quer ajudar, simplesmente pergunte se a pessoa precisa de ajuda, se ela gostaria de conversar ou se quer que você a acompanhe até o consultório.