Artes/cultura
24/04/2013 às 07:12•2 min de leitura
Você já deve ter ouvido — ou até mesmo lido — histórias de pessoas que tiveram esbarrões com a morte, não é mesmo? Inclusive, uma notícia que está circulando bastante pelo mundo nesta semana é o caso de uma senhora inglesa que, mesmo depois de passar 45 minutos sem batimentos cardíacos e de ter os aparelhos de suporte desligados após ser constatada a sua morte cerebral, abriu os olhos três dias mais tarde e está se recuperando normalmente.
O restabelecimento da idosa — chamada Carol Brothers — é tão notável que, segundo a BBC, o pessoal do hospital passou a se referir a ela como a “garota do milagre”. No entanto, para o Dr. Sam Parnia, especialista em ressuscitação, trazer pacientes de volta à vida, mesmo depois de passadas várias horas do óbito, é possível e totalmente viável — dependendo do caso, claro!
Segundo o médico, a maioria das pessoas acredita que a parada cardíaca significa o fim, quando, na verdade, a história não é bem assim. Embora 45 minutos sem batimentos cardíacos — como no caso de Carol — pareçam uma eternidade, a verdade é que existem muitos pacientes que já foram ressuscitados após passarem até 5 horas mortos, levando vidas absolutamente normais depois da recuperação.
Carol Brothers Fonte da imagem: Reprodução/Daily Mail
De acordo com Parnia, o segredo do procedimento é manter o cérebro resfriado para desacelerar o processo de decomposição. O especialista explica que, após a morte, apesar de o cérebro parar de receber oxigênio através da circulação, ele não morre imediatamente. Na verdade, o órgão entra em uma espécie de estado de hibernação, como forma de autopreservação.
Parece que foi justamente esse um dos fatores determinantes na “volta à vida” de Carol. Depois que os paramédicos foram chamados para atendê-la, seu corpo foi resfriado enquanto ela era transportada ao hospital. Outro procedimento envolve ligar os pacientes a uma máquina que mantém o sangue oxigenado e circulando — conhecida como ECMO ou oxigenação por membrana extracorpórea —, o que é padrão em alguns países.
Forte defensor do procedimento, o Dr. Parnia lançou um livro sobre o tema e acredita que, só nos EUA, 40 mil vidas poderiam ser salvas todos os anos se a técnica de resfriamento associada à ECMO fosse aplicada. Só no hospital no qual ele trabalha, o índice de sobrevivência de pacientes que ficaram sem batimentos cardíacos é de 33%, contra a média de 16% de outros hospitais. Será que esse procedimento seria viável aqui no Brasil também?