Artes/cultura
16/05/2013 às 12:16•4 min de leitura
Recentemente, os Estados Unidos emitiram um pedido de desculpas à Guatemala. A razão é o episódio que vem sendo considerado como um dos mais sombrios da história da pesquisa médica da terra do Tio Sam: durante a década de 40, os EUA infectaram propositalmente prisioneiros e doentes mentais guatemaltecos com sífilis e gonorreia.
O objetivo por trás desse experimento era poder verificar a eficácia da penicilina, medicamento relativamente novo na época, como forma de evitar novas infecções por doenças sexualmente transmissíveis. Segundo o jornal The Huffington Post, a falta de ética é chocante até mesmo no contexto histórico da década de 40.
Porém, o que mais assusta é saber que esse é apenas um dos muitos casos de experimentos médicos assustadores que aterrorizaram o mundo. Confira, na lista abaixo, mais casos que deixarão você assustado.
Foram muitos os experimentos médicos realizados em campos de concentração durante o período da Alemanha Nazista. Dos médicos envolvidos nesse tipo de terror, o mais famoso deles foi Josef Mengele, que torturou cerca de 1.500 pares de gêmeos em Auschwitz, sendo que apenas 200 indíviduos sobreviveram, de acordo com trechos extraídos do livro “Children of the Flames”.
Prédio em Auschwitz usado para experimentos médicos Fonte da imagem: Reprodução/Wikipedia
Foram muitos os experimentos conduzidos, com um grau de insensibilidade que aterroriza até hoje a mente de muitos. Entre os “testes” estavam, por exemplo, a injeção de tinta nos olhos dos prisioneiros para ver se eles mudavam de cor. Outra prática de Mengele era a tentativa de criar gêmeos siameses de maneira artificial, ou seja, operando pessoas saudáveis e unindo seus corpos por meio de procedimentos cirúrgicos.
Crianças que sobreviveram aos nazistas e foram libertadas Fonte da imagem: Reprodução/Wikipedia
E Mengele era apenas um dos médicos do regime nazista que praticavam esse tipo de experimento. No mesmo período, prisioneiros foram submetidos a testes de hipotermia, trancados em freezers para ver quanto tempo sobreviveriam. Outros tinham a cabeça constantemente atingida por um martelo mecanizado. Sem contar os inúmeros casos de experiências de reação a compostos químicos e métodos de esterilização.
A Unidade 731 era uma instalação do Exército Imperial Japonês que conduzia experimentos de armas químicas e biológicas durante a Segunda Guerra Sino-Japonesa e a Segunda Guerra Mundial. E como era de se esperar, esse caso está em nossa lista porque os testes eram feitos em seres humanos que, inevitavelmente, acabavam morrendo.
As experiências conduzidas pela Unidade 731 mataram de 3 a 12 mil pessoas — incluindo crianças — em um único campus, no distrito de Pingfang. Cerca de 70% das vítimas eram chinesas, mas russos e pessoas do sudeste asiático também foram usados nos experimentos. Hoje, as atividades da Unidade 731 são consideradas como um dos maiores crimes de guerra já conduzidos pelo Japão.
Um dos prédios que, hoje, é aberto à visitação Fonte da imagem: Reprodução/Wikipedia
E o show de horror cometido pelos oficiais não era fraco. Depois de infectar prisioneiros de guerra com diversas doenças, os cirurgiões executavam retiradas de órgãos e outros procedimentos invasivos nessas pessoas. E isso era feito com a pessoa ainda viva, pois acreditavam que o processo de decomposição poderia afetar os resultados dos experimentos.
Muitos tiveram membros amputados com o objetivo de estudar a perda de sangue e, depois disso, os membros foram readaptados ao corpo, em posições opostas. Também aconteceram muitos experimentos com armas, para testar a explosão de granadas, lança-chamas e bombas químicas ou biológicas.
Por volta de 1939, pesquisadores da Universidade de Iowa, nos Estados Unidos, tentavam provar que a gagueira era um comportamento que se aprende e que era causada pela ansiedade de falar das crianças.
O problema é que, para provar essa teoria, cientistas recorreram a crianças órfãs que sofreram um terror psicológico muito impactante: elas foram informadas de que estavam fadadas a ser gagas e que só deviam falar quando tivessem certeza de que falariam corretamente. O resultado? O experimento nunca provou que a gagueira é um comportamento “aprendido”, mas criou uma série de jovens traumatizados e que desenvolveram quadros de ansiedade, desânimo e silêncio.
Durante a década de 30, na Escócia, os únicos corpos que poderiam ser dissecados para estudos eram os de assassinos que haviam sido executados, como forma de pagar pelos seus crimes. Isso acabou gerando um mercado negro horripilante: ser ladrão de cadáver se tornou algo muito lucrativo.
Esqueleto de William Burke, na Universidade de Edimburgo Fonte da imagem: Reprodução/Wikipedia
Porém, os amigos William Burke e William Hare resolveram ir além e atuar em outra ponta da cadeia de produção desse “produto” sinistro: fabricar os próprios cadáveres para depois vendê-los. A dupla assassinou 16 pessoas em um período de dez meses, vendendo seus corpos para o anatomista Robert Knox, que por sua vez parece não ter notado que estava comprando mortos frescos demais.
Depois que foram descobertos, Burke e Hare foram executados em praça pública e o esqueleto de Burke pode ser visto, ainda hoje, no Museu de Anatomia da Universidade de Edimburgo.
O pai da ginecologia moderna, J. Marion Sims, possuia métodos de trabalho bastante questionáveis. De acordo com muitos historiadores, Sims costumava comprar ou alugar escravas para aperfeiçoar suas técnicas de cirurgia.
J. Marion Sims, o pai da ginecologia moderna Fonte da imagem: Reprodução/Wikipedia
E por falar em cirurgia, saiba que elas eram realizadas por Sims sem o uso de anestesia, parte porque o anestésico havia sido recém-descoberto, mas também porque o doutor achava que os procedimentos não eram “tão doloridos a ponto de justificarem o uso”.
Além do caso da Guatemala, que citamos na introdução deste artigo, os Estados Unidos esconderam outro experimento médico bastante cruel durante décadas. Em 1932, o Centro de Prevenção e Controle de Doenças do país iniciou um estudo sobre os efeitos causados pela sífilis quando ela não era tratada.
Assim, os pesquisadores acompanharam casos de sífilis de 299 homens negros, no Alabama, que achavam que estavam recebendo tratamento gratuito do governo americano. O problema, é claro, é que eles não estavam recebendo tratamento algum para a doença que contraíram antes do estudo. Eles também nunca souberam que estavam com sífilis e acreditavam que estavam sendo tratados por causa de “sangue ruim”, um termo que, na época, era usado para descrever doenças como a anemia.
Fonte da imagem: Reprodução/Wikipedia
O estudo durou mais de 40 anos e o tratamento aos doentes foi negado mesmo após a validação do uso da penicilina como método de cura para a doença que estava sendo investigada, violando inúmeros códigos éticos. O caso só foi a público em 1972, quando a imprensa denunciou o “estudo”. Enquanto isso, não só muitos homens morreram de sífilis, como esposas contraíram a doença e várias crianças nasceram com sífilis congênita.