Artes/cultura
02/07/2013 às 06:22•2 min de leitura
Não é nenhum segredo que experiências relacionadas com o transplante de cabeças ocorrem há décadas. De momento, segundo o site Quartz, os estudos envolvem cirurgias realizadas em animais — pobrezinhos —, e até agora os pesquisadores não conseguiram completar o procedimento com o sucesso esperado.
Contudo, de acordo com Dr. Sergio “Frankenstein” Canavero, um neurocientista italiano, o transplante de cabeças humanas pode se tornar uma realidade em breve. O problema com esse tipo de procedimento é que os cientistas ainda não conseguem reconectar a medula espinhal no corpo do transplantado, o que acaba resultando na paralisia do pescoço para baixo.
De acordo com a publicação, esse tipo de transplante é extremamente arriscado e envolve — obviamente — a decapitação total dos dois pacientes envolvidos. Além disso, os dois indivíduos devem estar na mesma sala de cirurgia e ter seus corpos resfriados a temperaturas entre os 12° e os 15° C, e só depois que a cabeça for completamente reconectada ao novo corpo é que o coração e o resto dos órgãos poderão ser reanimados.
Fonte da imagem: Reprodução/Quartz
Esse tipo de cirurgia, caso você esteja curioso para saber por que é que os cientistas insistem em querer bancar o Dr. Frankenstein, poderia beneficiar pacientes tetraplégicos cujos órgãos estejam entrando em colapso. Assim, apesar de não devolver a mobilidade a essas pessoas, o transplante de cabeças seria uma última alternativa para salvar suas vidas.
Na década de 70, o pesquisador Robert White, dos EUA, conseguiu concluir essa cirurgia em um macaco com relativo sucesso, e o bichinho permaneceu vivo durante algum tempo depois do processo, apresentando inclusive funções como a audição, visão, olfato e paladar. Contudo, o primata não apresentava movimento algum do pescoço para baixo, devido aos problemas de reconectar a medula espinhal.
Fonte da imagem: Reprodução/Quartz
O neurocientista italiano acredita ter encontrado uma maneira de solucionar essa questão. Conforme explicou Canavero, teoricamente a tecnologia necessária para a realização dos transplantes de cabeça já estaria disponível, e ele sugere que o procedimento deve envolver o corte da medula com bisturis extremamente afiados e, então, executar a reconexão mecânica.
Além de reconectar a medula espinhal, Canavero sugere que a “fusão” entre doador e transplantado pode ser alcançada através do uso de polímeros como o polietilenoglicol, um biomaterial conhecido pela sigla PEG.
Fonte da imagem: shutterstock
Recentemente, pesquisadores norte-americanos conseguiram cortar e reconectar a medula espinhal de ratinhos com algum grau de sucesso, já que os animais, embora não tenham voltado a caminhar depois do procedimento, foram capazes de urinar sozinhos, o que já é um grande avanço.
Hipoteticamente, caso o procedimento seja realizado em humanos, um paciente tetraplégico poderia ganhar total controle sobre o corpo de um doador, assim como pacientes diagnosticados com distrofia muscular. Mas além de o transplante ser supercomplicado e apenas teoricamente possível — sem contar as implicações éticas envolvidas —, o custo já foi estimado, e será permissível somente para cabeças muito abastadas: € 10 milhões!