O que aconteceria com o planeta se ninguém comesse mais carne?

25/08/2015 às 07:443 min de leitura

Há alguns dias nós falamos aqui no Mega Curioso a respeito do estilo de vida vegano e, no mesmo texto, explicamos as diferenças entre os hábitos veganos, lactovegetarianos, vegetarianos estritos e ovolactovegetarianos. O Slate publicou recentemente um texto que aborda os prováveis impactos ambientais e econômicos que perceberíamos em um mundo onde mais ninguém comesse carne.

O primeiro apelo da publicação é bastante claro: a criação de animais para abate é responsável pela emissão de 14,5% dos gases poluentes que estão destruindo nossa atmosfera e contribuindo para as mudanças climáticas do planeta. De acordo com a autora do artigo, L.V. Anderson, “à medida que a população cresce e come mais produtos de origem animal, as consequências para as mudanças climáticas, poluição e uso da terra podem ser catastróficas”. Se você não entende a relação entre uma coisa e outra, fique tranquilo que nós vamos explicar.

Segundo Anderson, ainda que haja esforço para reduzir o consumo, como a sugestão da segunda-feira sem carne, é fundamental que todo o planeta esteja disposto a mudar de hábitos e se convença da importância dessa mudança. Taí um objetivo difícil, você não acha?

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Supondo que, de repente, todo mundo deixasse de comer carne, o que será que aconteceria? É lógico que possivelmente isso nunca vai acontecer, mas como estamos falando em suposição, é interessante analisarmos o impacto que essa mudança traria ao planeta.

Em 2009, um grupo de pesquisadores holandeses decidiu colocar em números as mudanças que o mundo sofreria caso todas as pessoas consumissem menos carne, zero carne ou nenhum produto de origem animal.

O veganismo global, que aconteceria se toda a população do mundo deixasse de consumir qualquer alimento de origem animal, reduziria em 17% a emissão de carbono à atmosfera; em 24% a emissão de metano; e em 21% a emissão de óxido nitroso. Isso tudo se parássemos agora de consumir produtos de origem animal e se reavaliássemos a saúde do planeta em 2050. Resultados semelhantes também seriam alcançados em caso de vegetarianismo global.

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Além disso, os pesquisadores chegaram à conclusão de que um veganismo ou vegetarianismo global seria também a forma mais barata de resolver os problemas provocados pelo superaquecimento do planeta. É preciso deixar claro que isso não zeraria os problemas causados por outras formas de poluição, como a queima de combustíveis, mas teria um impacto realmente positivo.

Os pesquisadores explicaram que não avaliaram as mudanças econômicas que um mundo vegano ou vegetariano provocaria, assim como também não analisaram a questão pelo ponto de vista das consequências da mudança de dieta – aqui vale frisar que veganos e vegetarianos geralmente dão uma atenção maior à qualidade dos alimentos que consomem, de modo que a intenção é não se privar de nutrientes, ou seja: não basta apenas deixar de consumir uma série de produtos, é preciso passar a ingerir outros que os substituam em valor nutricional.

Ainda que o estudo não tenha divulgado resultados com base nos efeitos dessa mudança hipotética, é óbvio pensarmos que esse modelo diferente de dieta provocaria um grande abalo econômico. De acordo com uma pesquisa realizada em 2006, a produção de itens de origem animal emprega 1,3 bilhão de pessoas – dessas, 987 milhões são consideradas pobres.

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Algumas dessas pessoas, como é o caso de produtores de milho que vendem os grãos para a fabricação de ração animal, teriam que pensar em outros nichos de investimento. No caso das pessoas mais pobres, para que o risco do desemprego não as deixassem de vez na miséria, seria ideal que o mundo se tornasse vegetariano, e não vegano, de modo que, dessa forma, apenas a carne deixaria de ser consumida, e não todos os produtos de origem animal.

Outro grande impacto econômico que possivelmente seria promovido graças a essa mudança de consumo seria com relação às terras. Atualmente, 26% das terras sem gelo do planeta servem para a criação de animais para abate. A estimativa é a de que 2,7 bilhões de hectares de terras seriam liberados sem a necessidade de servir de pasto para animais e 100 milhões de hectares deixariam de ser utilizados para a criação de gado. Ainda que nem todas essas terras sejam ideais para a ocupação humana, pode-se dizer que comprar terra seria algo muito mais barato.

Com relação à saúde humana, acredita-se que uma dieta vegetariana nos deixaria livres da resistência a antibióticos. Graças aos medicamentos utilizados na criação de animais para abate, acabamos nos tornando resistentes a essas drogas, aos poucos. A estimativa é de que apenas nos EUA pelo menos 2 milhões de pessoas adoeçam todos os anos devido à resistência adquirida a esses medicamentos.

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Em seu artigo, Anderson comenta essas possibilidades como algo que dificilmente vai acontecer de verdade – e ela parece ter razão, não é mesmo? De qualquer forma, esses dados nos mostram como nossas escolhas diárias impactam o meio ambiente, a economia global e a nossa saúde.

Ela sugere que, se possível, passemos a ter mais controle a respeito do que consumimos. Alimentos orgânicos, por exemplo, não utilizam agrotóxicos – no caso da carne orgânica, a criação dos animais não é realizada com o uso de hormônios e o abate é considerado menos cruel. Anderson também sugere uma redução no consumo de carnes vindas de animais que produzem metano, como gado e carneiro.

A autora nos lembra também de que a população mundial deve ser maior em 2050: algo em torno de 9 bilhões. Para abrigar toda essa gente, pelo menos 25% das terras destinadas à criação de animais para abate precisaria voltar a ser ocupada por essas novas famílias. Conte para a gente o que você acha desse assunto. 

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