Estilo de vida
01/09/2015 às 04:46•2 min de leitura
Nós já contamos para você por que o bocejo é contagioso e, para quem boceja pouco e dorme menos ainda, já até demos algumas dicas valiosas para pegar no sono fácil, fácil. Hoje o assunto é, novamente, esse abrir de bocas que nos faz querer relaxar por um bom tempo. O fato é que, enquanto um grupo de cientistas já descobriu que o bocejo é contagioso até entre lobos, uma pesquisa recente revelou algo bastante curioso: pessoas com personalidade psicopata têm menos chances de pegar carona no bocejo alheio e começar a abrir a boca também.
Isso tem a ver com uma característica sobre a qual já falamos bastante aqui no Mega: empatia. Basicamente, trata-se da capacidade emocional de se colocar no lugar de outra pessoa e, como já se sabe, psicopatas geralmente não apresentam empatia. Por isso, não se sensibilizam com o sofrimento ou a alegria dos outros.
Cientificamente falando, um dos fatores que explicam o fato de o bocejo ser contagioso é justamente a empatia, ainda que, nesse caso, falemos dela de forma inconsciente, e não voluntária. A intenção do pesquisador Brian Rundle, responsável pelo estudo, era justamente tentar encontrar uma relação entre psicopatias e o ato de bocejar.
Pessoas psicopatas geralmente apresentam um estilo de vida antissocial, são egoístas, manipuladoras, impulsivas e dominantes, não apresentam medo nem capacidade de demonstrar empatia.
Para estabelecer relação entre essas características e o bocejo, Rundle avaliou o comportamento de 135 pessoas. Inicialmente, elas tiveram que responder a um teste psicológico com 156 questões – a intenção aqui era conseguir definir questões sobre sensibilidade, medo e impulsividade. Para o pesquisador, ainda que não se possa dizer que a presença dessas características faz de uma pessoa psicopata, é possível afirmar que esses itens definem pelo menos um espectro da psicopatia.
Depois de responderem ao questionário, os voluntários foram encaminhados para uma sala com vários computadores. Cada um ficou diante de uma máquina e recebeu um fone de ouvido para interromper ruídos externos. Na sequência, eletrodos foram colados abaixo de suas pálpebras, ao lado do canto externo de seus olhos, na testa e em dois dedos de cada mão.
No computador, eles viram um vídeo de 10 segundos, com imagens mostrando diferentes movimentos faciais – uma pessoa bocejando, outra rindo e uma terceira com uma expressão neutra. Entre uma imagem e outra, havia 10 segundos de tela branca.
Dessa forma, foi possível relacionar os resultados do teste psicológico com a frequência com a qual bocejaram e a quantidade de respostas psicológicas dos músculos, dos nervos e da pele de cada participante. Rundle conseguiu comprovar sua teoria: quanto menos empatia uma pessoa demonstrava ter, menos ela se contagiava com o bocejo alheio.
Rundle nos alerta a não entendermos que a pessoa que não boceja quando outra está bocejando é psicopata. Ele explica que mesmo quem é capaz de sentir empatia não costuma bocejar se vê um estranho bocejando, “mas o que descobrimos nos mostra que há uma conexão neurológica – alguma sobreposição – entre psicopatia e o bocejo contagiante. Esse é um bom ponto de partida para fazer mais perguntas”, concluiu.