Esta mulher quase morreu após tomar a pílula do dia seguinte

17/08/2016 às 06:183 min de leitura

É cada vez maior o número disponível de métodos contraceptivos no mercado, e um dos mais populares é a pílula do dia seguinte, que nos dá a falsa segurança de que, ainda que tenha ocorrido a relação sexual sem preservativo, a mulher simplesmente não engravida, contanto que tome o comprimido.

A verdade é que nenhum método contraceptivo é totalmente eficiente, e com a pílula do dia seguinte é a mesma coisa. Prova disso são histórias como a de Gigi, que se popularizou recentemente. Em sua página no Medium, ela contou que teve uma gravidez ectópica e quase morreu, mesmo depois de recorrer à pílula do dia seguinte.

Depois de morar por quatro anos em Dublin, na Irlanda, Gigi se despediu da Terra das Esmeraldas em meados de 2015 e, na semana de sua despedida, fez sexo sem camisinha com um rapaz. Como muitas e muitas mulheres, Gigi acabou recorrendo à famosa pílula depois da relação.

Acontece que o comprimido não impediu a gestação, e Gigi teve a chamada gravidez ectópica, que é aquela em que a fecundação ocorre nas trompas. Por causa disso, ela precisou se submeter a uma cirurgia que fez com que ela perdesse uma das trompas e também o bebê.

Drama

undefinedGigi e as amigas no dia do teste de gravidez

“Conheço meu corpo: naquele mesmo dia senti que algo estava diferente dentro de mim. Mas só viria a saber mesmo o que era umas duas semanas depois, quando, faltando 5 dias pro meu voo de volta pro Brasil, fiz um teste, e quase nem conseguia segurar ao ver o resultado: a pílula não tinha funcionado. E se fosse só o fato de ela não ter funcionado e eu ter engravidado, tudo bem. O drama maior viria depois”, disse ela na publicação do Medium, que já foi lida centenas de milhares de vezes.

No texto, Gigi conta que, quando descobriu que estava grávida, avisou ao rapaz com quem havia feito sexo sem camisinha, mas ele simplesmente não quis se envolver na história, chegando a se oferecer para pagar um aborto para ela. Como não quis realizar o procedimento, ela continuou com a gestação, terminou de organizar suas coisas e voltou para o Brasil.

Aqui, estudava para conseguir um bom emprego e, mesmo sem nunca ter tido vontade de ter filhos, se preocupava então com o futuro da criança que gestava. “Mas já na primeira semana no Brasil, comecei a perceber em meu corpo que algo não ia bem. Eu tenho uma conexão muito forte com meu corpo e uma intuição muito aguçada. Todos os dias, inconscientemente muita adrenalina começava a tomar conta do meu corpo e eu comecei a ter certeza de que eu ia morrer”, disse ela.

Gravidez ectópica

undefinedGigi

Gigi contou que tinha recorrentes sensações ruins a respeito do bebê que gestava e do parto. Ela não sabia ao certo o que estava acontecendo, mas tinha a certeza de que havia algo de errado acontecendo com ela e com a criança.

Foi quando fez o primeiro ultrassom que Gigi soube que o bebê estava sendo gerado fora do útero: “E eu ‘como põe pra dentro?’. E ela [a médica] ficou sem graça de me dizer diretamente, dava para ver no rosto dela: ‘você vai tomar um remedinho ou fazer uma cirurgia’. Ela não teve coragem de dizer. E eu entendi que o remedinho ou a cirurgia era para pôr para dentro do útero. Mas não era: era para tirar, ou tirar perdendo trompa e tudo mais”, relatou.

“Gravidez nas trompas: isso quer dizer que o óvulo foi fecundado bonitinho, mas no meio tempo de ação da pílula do dia seguinte, ele ficou ali fecundado sem descer das trompas para o útero, pois no momento em que ia descer, a pílula fez efeito, impedindo a descida para o lugar certo, mas não a fecundação”.

Como Gigi bem descreve em seu texto, “a trompa é menor que a espessura de um dedo mindinho e não tem capacidade elástica para um evento deste porte: um bebê crescendo dentro dela”. Com o desenvolvimento do feto, a trompa pode estourar e desencadear uma hemorragia grave que, se não for contida a tempo, pode causar a morte da mulher.

Susto e recuperação

undefinedGigi

“Só agora escrevendo vejo como foi tudo tão intenso porque na hora a gente fica meio anestesiada. Daquela consulta para ouvir os batimentos cardíacos eu já nem pude voltar para casa. Estava correndo risco de vida e não sabia”. Gigi ainda quis ir embora e pensar com calma, mas a médica disse que ela realmente poderia morrer a qualquer momento.

Gigi foi levada às pressas para o centro cirúrgico: “Foi devastador para a minha família, que já amava aquele que seria o primeiro neto, mas para mim foi milhões de vezes mais devastador: eu tinha sentido o poder da vida e da morte tão de perto, tão rápido, tão intensamente”, relatou ela.

Após o procedimento que retirou uma de suas trompas e o feto, Gigi teve muitas dores e um processo de recuperação bastante difícil. “São vários estágios, e, para mim, um deles foi ficar traumatizada a respeito de homens. Meu corpo ficou traumatizado, era irracional. Uma vez fui a um banheiro de um bar, e lá tinham várias fotos de homem sem camisa, e meu coração batia rápido com medo, como se o homem fosse uma ameaça de morte”.

O desabafo de Gigi foi escrito depois de todo esse susto ter passado. A intenção dela, ao compartilhar sua história, é alertar as mulheres a respeito dos riscos da pílula do dia seguinte, que, assim como a pílula anticoncepcional, pode trazer riscos à saúde. “Se cuidem meninas, pensem mais em vocês mesmas em primeiro lugar. O homem que use camisinha”, ela aconselha.

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