Artes/cultura
25/04/2013 às 10:36•2 min de leitura
Se você tivesse que definir o que música significa para você em apenas algumas palavras, aposto que seria muito difícil, certo? Uma música pode nos fazer lembrar fatos antigos, amores passados, épocas distantes. Ela pode nos deixar felizes, irritados, tristes, melancólicos, animados. Ela, inclusive, faz com que mexamos o nosso corpo conforme o seu ritmo, de modo que o medo do ridículo vá embora ou nem ao menos se aproxime.
A música, diferente de fatores como sexo, alimentação e genética, aparentemente nada tem a ver com a evolução humana e, ainda assim, ela consegue mexer significativamente com o funcionamento do nosso cérebro, incluindo a parte responsável pelo nosso lado criativo.
Antes de qualquer coisa, é interessante que você saiba um pouco a respeito de um fato ocorrido na vida de uma jovem chamada Valorie Salimpoor, que passou por uma situação bastante inusitada enquanto ouvia música: ela simplesmente não aguentou, teve um colapso emocional e acabou saindo da estrada, impensadamente.
Fonte da imagem: Pixabay
Depois disso, Valorie decidiu estudar como a música atua em nosso cérebro, tornou-se neurocientista, e é por causa dela e de sua parceria com o Instituto de Pesquisa Rotman, no Canadá, que nós sabemos hoje como, afinal, a música pode significar tanto em nossas vidas.
A recente descoberta feita por Valorie é a de que música ativa o núcleo accumbens, a mesma área do cérebro responsável pela liberação de dopamina, substância de prazer emitida durante o sexo e as refeições.
Além do núcleo accumbens, a música também parece ativar as amídalas cerebrais, grupos neuronais responsáveis pelas sensações prazerosas e de agressividade. A neurologista explica que, quando ouvimos música, as áreas mais avançadas do cérebro se amarram às mais antigas. Essa pode ser a grande chave do poder que a música exerce sobre nós, humanos.
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Valorie e seus colegas de trabalho fizeram uma pesquisa com alguns voluntários. Eles deveriam ouvir várias músicas desconhecidas, cada uma por 30 segundos. Enquanto isso, seus cérebros eram monitorados para que os cientistas observassem quais áreas eram mais afetadas de acordo com as músicas que eles mais gostavam.
Além de ouvir as canções, os voluntários deveriam também oferecer um pagamento por elas, com a intenção de montar uma coletânea com as suas favoritas. O valor que eles deveriam pagar por música ia de zero a US$ 2. Constatou-se, então, que as melodias que ativavam mais áreas cerebrais eram aquelas pelas quais os participantes mais ofertavam dinheiro. Isso sugere que as pessoas não buscam apenas recompensas sensoriais na música, mas intelectuais também.
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O fato de nosso cérebro tender a gostar de estilos de músicas parecidos – alguém que costuma ouvir rock pesado pode não apreciar com facilidade o funk e vice-versa – é uma espécie de conquista intelectual.
A música, diferente do que se pensava até então, parece estar diretamente ligada ao mecanismo cerebral responsável por nossa evolução enquanto espécie, já que, da mesma forma que tendemos a gostar de determinado tipo de música, sabemos selecionar também outras preferências e o nosso cérebro tem o poder de “prever” se gostaremos ou não de alguma coisa, com base em experiências passadas. É isso também que nos difere dos outros animais.