Estilo de vida
12/03/2013 às 05:17•2 min de leitura
Um grupo de cientistas da Yale School of Medicine descobriu recentemente que um único gene pode ser responsável pela maturação das conexões neuronais do cérebro. Em outras palavras, trata-se de um switch que, sozinho, pode controlar a plasticidade do órgão — diferenciando um cérebro adulto, relativamente estável, de um infantil/adolescente, mais impressionável.
Mas isso não é tudo. Na verdade, os estudiosos conseguiram ainda reverter o processo. Ao alterar o gene denominado Nogo Receptor 1, os cientistas puderam devolver a plasticidade original ao cérebro de um rato adulto. O resultado foi um animal com maior capacidade de aprendizado e também com uma regeneração cerebral mais rápida — ambas as características de um cérebro jovem.
As diferenças entre uma massa cinzenta jovem (de um adolescente ou de uma criança) e uma amadurecida são conhecidas já há algum tempo. Cérebros adolescentes, por exemplo, são muito mais maleáveis — mais plásticos, no sentido estrito do termo. Trata-se de um órgão mais rápido para aprender novas línguas e também para se recuperar de injúrias.
Ocorre, entretanto, que a rigidez relativa de um cérebro maturado pode mesmo ser controlada por um único gene — o qual tornaria mais lentas as alterações nas conexões sinápticas.
Fonte da imagem: Reprodução/YaleNews
Os pesquisadores da Yale School of Medicine identificaram ainda alguns ratos em que faltava o gene Nogo Receptor. Nesses casos, percebeu-se que a plasticidade típica da adolescência se manteve também na idade adulta. Por outro lado, ao bloquear o gene em ratos adultos normais, os cientistas puderam “resetar” o órgão, devolvendo a sua plasticidade original.
Conforme explicou um dos responsáveis pelo projeto, o Dr. Stephen Strittmatter, “essas são as moléculas que o cérebro precisa para a transição entre a adolescência e a idade adulta”. E ele continua: “Isso sugere que nós podemos voltar o relógio de um cérebro adulto para que ele possa se recuperar de traumas tal como faz o cérebro de uma criança”.
De fato, após injúrias severas no cérebro, alguns pacientes precisam reaprender movimentos básicos, tal como movimentar as mãos. Durante os testes realizados com ratos, os pesquisadores notaram que, naqueles em que faltava o Nogo Receptor, a recuperação de danos cerebrais era tão rápida quanto em um rato adolescente. Eles também puderam dominar tarefas motoras mais rápido do que ratos adultos normais.
Fonte da imagem: Reprodução/YaleNews“Isso eleva o potencial de que manipular o Nogo Receptor em seres humanos pode acelerar e ampliar a reabilitação do cérebro após injúrias”, disse Feras Akbik, coautor do projeto. Por fim, o grupo descobriu ainda que ratos sem o referido receptor conseguiam se esquecer de memórias estressantes mais rapidamente — sugerindo que a manipulação do Nogo Receptor poderia ajudar em questões de stress pós-traumático.