Artes/cultura
13/12/2013 às 06:15•2 min de leitura
O Massachusetts Institute of Technology, mais conhecido como MIT, divulgou uma notícia nesta semana que pode deixar muitos alunos felizes. Os neurocientistas da instituição descobriram que as notas que um aluno tira na escola não refletem necessariamente a inteligência dele.
Mas atenção: isso não significa que não é mais preciso estudar. Logicamente, bons resultados indicam que o aluno compreendeu o conteúdo que foi ensinado nas aulas, que é o que os psicólogos chamam de “inteligência cristalizada”.
Por outro lado, mesmo que uma escola tenha alunos capazes de tirar notas excelentes nas avaliações, isso não significa que eles também terão altas pontuações com relação à chamada “inteligência fluida” – que é a habilidade de analisar problemas abstratos e desenvolver pensamentos lógicos.
Fonte da imagem: Reprodução/Shuttestock
Para chegar a essas conclusões, os neurocientistas do MIT se juntaram aos pesquisadores em educação das universidades de Harvard e Brown para promover um estudo com cerca de 1.400 alunos do sistema público de ensino em Boston, nos Estados Unidos.
De fato, algumas escolas demonstraram a capacidade de seus estudantes com ótimas pontuações nos exames do Massachusetts Comprehensive Assessment System (MCAS). No entanto, o conhecimento aprendido nessas escolas não alterou o desempenho dos alunos em testes que avaliaram aspectos da inteligência fluida, como capacidade de memória, velocidade no processamento de informações e habilidade de resolver problemas abstratos.
“Nossa questão era a seguinte: se temos escolas que realmente estão ajudando crianças de condições socioeconômicas mais baixas a terem boas notas e aumentando suas chances de entrar na universidade, será que essas mudanças são acompanhadas por ganhos nas demais habilidades cognitivas?”, explica John Gabrieli, professor de Ciências do Cérebro e Cognitivas.
Porém, os pesquisadores concluíram que o conhecimento absorvido na escola – que resulta em excelentes notas nas avaliações – não é suficiente para fazer com que o aluno melhore outras habilidades relacionadas à inteligência fluida. “Não é como se você conseguisse essas habilidades de graça da maneira como esperamos, que é estudando muito e sendo um bom aluno”, comenta o especialista.
Uma prova disso é que, calculando o rendimento dos alunos, os pesquisadores notaram que houve uma variação de 24% nas notas de inglês e de 34% nos resultados de matemática no MCAS. Já nos testes de habilidade das funções cognitivas fluidas, a variação foi de apenas 3%.
Fonte da imagem: Reprodução/Shuttestock
John Gabrieli ressalta que o estudo não deve ser interpretado como uma crítica sobre as escolas que estão melhorando as notas de seus alunos nos exames. “É fundamental melhorar as habilidades cristalizadas, porque, se você souber fazer contas, se conseguir ler um parágrafo e puder responder questões de compreensão, todas essas coisas são positivas”, comenta ele.
Em resumo, o especialista espera que suas descobertas sirvam para que os responsáveis pelos sistemas educacionais considerem a possibilidade de incluir práticas que desenvolvam as habilidades cognitivas nas escolas. Embora muitos estudos mostrem que é possível prever o rendimento acadêmico do aluno a partir das habilidades da inteligência fluida, esse tipo de coisa raramente é ensinado.
Os pesquisadores planejam continuar analisando os estudantes de Boston para avaliar a evolução do seu desempenho acadêmico e de outros aspectos da vida dentro de alguns anos.