Estilo de vida
29/09/2015 às 09:20•3 min de leitura
Você se lembra da comédia romântica “Como Se Fosse a Primeira Vez”? No filme, o veterinário Henry (vivido por Adam Sandler) se apaixona por Lucy (interpretada por Drew Barrymore), uma jovem que, após sobreviver a um grave acidente, passa a sofrer de falta de memória de curto prazo e a acreditar que todos os dias é o aniversário de seu pai — levando o rapaz a inventar formas mirabolantes de conquistá-la diariamente.
Pois não pense que esse tipo de situação acontece apenas no cinema, porque, de acordo com o pessoal da BBC, na Inglaterra existe uma mulher que sofre da mesma condição de Lucy. Trata-se de uma jovem de 28 anos chamada Nikki Pegram e, para ela, todo santo dia é 15 de outubro de 2014.
Segundo a BBC, Nikki sofreu um acidente ao sair de uma consulta médica no dia 15 de outubro de 2014. Ela havia ido ao hospital para procurar ajuda sobre um problema no joelho, mas, quando deixava o local, caiu e bateu com a cabeça em uma barra de metal. Infelizmente, a pancada foi bastante grave, e Nikki foi diagnosticada com uma condição conhecida como amnésia anterógrada — o que significa que seu cérebro é incapaz de formar novas memórias.
Nikki com o filho
Assim, a britânica consegue se recordar de seu passado — e inclusive de seu acidente —, mas somente é capaz de reter lembranças sobre acontecimentos recentes por um período de cerca de 15 horas. Depois disso, sua memória volta a zerar, e é como se a cada manhã Nikki acordasse no dia em que ela foi à consulta e bateu a cabeça.
Nikki é casada e tem um filho de quatro anos e, segundo explicou o marido, ela depende de um diário onde anota tudo o que acontece em seu cotidiano para tocar a vida. A inglesa mantém o caderninho no criado mudo e lê o conteúdo na íntegra todas as manhãs — e se surpreende diariamente ao descobrir que sofreu um acidente que faz com que ela viva o mesmo dia todos os dias.
Foi o marido de Nikki quem a incentivou a manter o diário — que traz o título “Diário de Perda de Memória. Leia assim que acordar” na capa —, e ela descobre todos os dias que bateu a cabeça há 11 meses e que não conseguiu guardar nenhuma lembrança nova desde então. Além disso, o livrinho ainda traz outras informações, como quem é o Primeiro Ministro atual, a data correta e o que Nikki ganhou de presente no último Natal.
Conforme contou Chris Johnston — o marido de Nikki —, nem sempre a esposa reage bem à descoberta, e frequentemente fica muito deprimida. Algumas vezes, a britânica também sente muito medo de sua condição, e o filhinho do casal tem dificuldades em compreender o motivo de sua mãe não conseguir se lembrar do que fizeram juntos no dia anterior. Afinal, a última lembrança dela é a de sair de sua consulta no hospital no dia 15 de outubro de 2014.
De acordo com Rob Poppleton, um especialista em neuropsicologia consultado pela BBC, a amnésia anterógrada não permite a criação de memórias recentes, impedindo os afetados de aprender novas informações. Segundo disse, algumas vezes a condição se torna irreversível, e a situação pode ser muito difícil para os familiares e cuidadores.
Nikki e seu marido
No caso de Nikki, os médicos acreditavam que o problema seria temporário e que ela recuperaria a capacidade de reter novas lembranças, mas quase um ano se passou desde o acidente e seu prognóstico ainda não é definitivo.
Para piorar, como Nikki consegue caminhar mais de 200 metros e falar sem ajuda, o órgão britânico responsável por conceder ajudas e benefícios por invalidez determinou que ela pode trabalhar, negando o pagamento de uma pensão. No entanto, a família vai recorrer à decisão, pois, segundo o marido de Nikki, caso a esposa encontre um emprego, ela nunca saberá onde está trabalhando ou qual é a sua função — sem falar que ela terá que ser treinada todos os dias.
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