Estaria a depilação levando o piolho-da-púbis à extinção?

29/04/2015 às 12:162 min de leitura

Sempre que ouvimos falar em animais entrando em extinção, quase sempre temos aquela sensação de profundo pesar, não é mesmo? No entanto, eis um bicho do qual ninguém vai achar falta se ele desaparecer por completo do planeta: o chato! Pois é, caro leitor, de acordo com Melissa Breyer do site Mother Nature Network, o piolho-da-púbis parece estar entrando em extinção — e o mais curioso é que os brasileiros podem ter participação nisso.

Só para esclarecer de que tipo de piolho estamos falando, nos referimos a pequenos parasitas — da espécie Phthirus pubis — que desde o primórdios da humanidade encontraram nos pelos pubianos dos humanos o habitat perfeito para se proliferar. Esses insetos são passados de uma pessoa a outra por contato, e se alimentam exclusivamente de sangue. E apesar de não transmitirem doenças, as picadas dos chatos provocam uma coceira danada nos hospedeiros.

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No entanto, esses bichinhos precisam dos pelos para sobreviver, já que o ciclo de vida desses insetos termina se a fêmea não consegue encontrar um local adequado para pôr os ovos. E a popularização do costume de manter a região genital completamente depilada está pondo a existência dos piolhos-da-púbis em risco. Agora você deve estar se perguntando sobre o que os brasileiros têm a ver com isso, não é mesmo?

Perda de habitat

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Na década de 90, sete irmãs brasileiras começaram a oferecer em seu salão de Nova York a famosa “Brazilian bikini wax”, um tipo de depilação na qual todos (ou quase todos) os pelos são removidos à cera. Acontece que a moda pegou e se espalhou pelo país e, desde então, mais de 80% dos norte-americanos — mulheres e homens — em idade universitária aderiram ao hábito de manter suas regiões íntimas bem aparadas ou totalmente livres de pelos.

E a Brazilian bikini wax — que recebeu esse nome por conta do tamanho dos biquínis brasileiros — não se limitou a virar moda só nos EUA, mas acabou se espalhando para vários países do mundo. Na Austrália a porcentagem de pessoas que removem parte ou todos os pelos é semelhante à dos EUA, e no Reino Unido, um estudo apontou que 99% das mulheres com mais de 16 anos depila alguma parte do corpo, geralmente as axilas, as pernas e a virilha.

Declínio

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Mas, voltando ao assunto dos chatos... De acordo com o pessoal do portal Bloomberg Business, infelizmente, não existem dados muitos precisos com respeito à infestação por piolho-da-púbis, simplesmente porque a maioria dos afetados tem vergonha de procurar ajuda médica e prefere se livrar do problema sozinha.

Apesar da falta de registros, acredita-se que esses parasitas infestavam entre 2 e 10% da população mundial. Além disso, em 2003, um estudo realizado na Austrália apontou que de todos os problemas sexualmente transmissíveis no país, o chato era o mais comum, afetando pelo menos um terço de todas as pessoas afetadas por alguma infestação ao longo de suas vidas.

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Entretanto, na última década, a principal clínica de saúde sexual de Sydney, registrou uma queda de 80% nos casos de infestação por piolho-da-púbis em homens, e nenhuma mulher sequer foi atendida com o problema desde 2008. No Reino Unido também foi registrada uma dramática queda nos casos de chato — ao mesmo tempo em que se registrou um aumento no número de pacientes e na variedade de doenças sexualmente transmissíveis.

O fato é que, segundo pesquisadores e médicos, embora as infestações por piolho-da-púbis terem sido extremamente comuns no passado, atualmente elas raramente são vistas. E a razão de esses insetos chatos estarem desaparecendo das “áreas de lazer” de todo mundo pode ser a moda lançada pelas brasileiras na década de 90.

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