Ciência
21/08/2021 às 09:00•2 min de leitura
O ato de comer certamente é uma das necessidades mais versáteis que existe, especialmente quando aliado aos gostos e às preferências pessoais de cada um, sendo possível encontrar todo tipo de refeição, mistura de temperos e uma criatividade absurda para elaborar os pratos mais malucos já vistos.
Porém, em meio a toda essa mistura de opções, existem pessoas que são mais exigentes para comida e dizem gostar apenas do básico ou de combinações muito específicas, a fim de agradar um paladar que não é habituado a experimentar algo novo.
Ao longo de séculos de história, a Gastronomia evoluiu em relação a suas regras sobre o que realmente seria "comer bem" e "comer mal", bem como adaptou culturas, tradições e o surgimento de novas especiarias em pratos cada vez mais únicos. A culinária, então, ganhou identidade, e o público teve que acompanhá-la nessa jornada, aprimorando seus sentidos sobre os cinco sabores básicos (doce, amargo, azedo, salgado e umami) e sobre os trilhões de cheiros detectados pelo nariz.
Assim, além de tornar-se uma experiência multissensorial, a gastronomia passou a ser vista como uma arte que muda com o tempo, região, estilo de vida do degustador, localização e, até mesmo, genética. Por exemplo, quanto mais velhas as pessoas ficam, menos agradáveis alguns sabores podem se tornar, já que os paladares vão perdendo potência à medida que a idade avança. Recentemente, um estudo da Universidade de Turku, na Finlândia, descobriu que idade, IMC e gênero impactaram no "reconhecimento da modalidade de sabor", e que homens têm dentes mais sensíveis do que mulheres, reforçando ainda mais a dinâmica dos gostos.
(Fonte: BBC / Reprodução)
"Para degustadores sensíveis, é possível que genes receptores de sabor e genótipos desempenhem um papel muito importante. Também é possível que crianças criadas na mesma família, sociedade e ambiente cultural possam ser degustadores diferentes, e pequenos detalhes, como genótipos receptores de sabor, podem afetar a percepção do paladar", esclareceu Mari Sandell, professora de Percepção Sensorial do Fórum de Alimentos Funcionais. "Mas, por outro lado, o alimento disponível depende da cultura alimentar, então as pessoas não têm as mesmas opções para ativar seu senso de paladar", ela explicou.
Para driblar todos esses obstáculos genéticos e culturais, é importante testar, ajustar e apurar o senso de sabor, criando métodos eficientes para auxiliar o cérebro nesse difícil enfrentamento. Assim, sentir o aroma de óleos essenciais e temperos, observar bem o que está no prato, saborear com calma, descrever as sensações e realizar misturas que se adequem mais ao agrado individual são algumas práticas que podem colaborar para a redução da exigência gustativa.
Vale lembrar que todos os testes devem ter como base não apenas a dieta considerada pelo experimentador, mas também os limites de seu corpo, já que não é esperado que as reações positivas aos novos alimentos venham de imediato. Então é importante ter em mente a necessidade de beber água constantemente, respeitar os rituais para algumas refeições e, principalmente, repetir e não desistir, pois a ideia é que a prática leve à perfeição, e não ao prejuízo da capacidade do paladar.