Artes/cultura
03/10/2019 às 06:00•2 min de leitura
Hoje, é impensável desenvolver qualquer estudo e pesquisa que envolva física ou cosmologia sem ter como base a teoria da relatividade. Considerada a pedra angular dessas ciências modernas, a teoria demorou quase uma década para ser comprovada depois que Albert Einstein começou a trabalhar nela. Poucas evidências concretas mostravam que o físico estava correto no início de tudo, mas em 1919 o astrônomo Arthur Eddington encontrou as evidências que o mundo precisava durante uma expedição para ver um eclipse solar.
Agora, um novo livro conta as histórias dos astrônomos que trabalharam por uma década para captar imagens de um eclipse solar, o que finalmente mostrou que Einstein estava correto com sua teoria da relatividade.
No início do século, Einstein já moldava sua teoria, que diz que a luz que passa por um objeto maciço — como o Sol — deve se curvar à imensa gravidade do objeto. Eddington, então, mediu as posições de estrelas distantes visíveis ao fundo, mostrando que quando a luz dessas estrelas passava pelo sol elas pareciam “mudar” de lugar se comparadas a quando o Sol não estava na imagem. Com isso, o astrônomo provou a influência da gravidade, como mostra o trabalho de Einstein, comprovando a teoria da relatividade.
Foto: Pixabay
A expedição para visualizar o eclipse acabou sendo um triunfo tanto para Eddington quanto para Einstein. Mas o novo livro chamado Proving Einstein Right, da escritora Cathie Pelletier e de S. James Gates Jr., diretor do Centro de Física Teórica da Universidade de Brown, conta a história de outros sete astrônomos que realizaram missões semelhantes e tentaram provar a teoria de Einstein.
Gates explica que a teoria da gravidade de Einstein afirma o quanto objetos maciços influenciam o caminho da luz e o eclipse “provou” a teoria porque à medida que a luz das estrelas distantes passa pelo Sol, a posição delas parece mudar, mesmo que elas não estejam se movendo.
Embora Eddington receba os créditos, o livro aborda outros muitos nomes e o cientista explica que durante a pesquisa verificou que várias pessoas já tentavam fazer essa medição a partir de 1911, algumas inclusive presas durante a Primeira Guerra Mundial. “Você tem pessoas que tiveram seus equipamentos apreendidos pelas autoridades durante a guerra. Você tem pessoas que tiveram dificuldade em levar o equipamento para alguns locais remotos. Havia tantas histórias e personagens no que realmente se tornou um grupo científico de irmãos tentando fazer essa medição”, diz.
Foto: Pixabay
Gates destaca William W. Campbell entre tantos personagens. Foi ele quem construiu o Observatório Lick, ativo até hoje. Campbell foi ainda presidente da Universidade da Califórnia, tendo grande influência na construção da instituição respeitada mundialmente que se tornou.
Além dele, o pesquisador destacou Frank Dyson, que foi patrocinador de Eddington, Erwin Finlay-Freundlich, preso durante a guerra e que teve seus equipamentos apreendidos para que ele não pudesse dar continuidade ao seu trabalho e realizar suas medições. “Havia todas essas ótimas histórias para contar e minha co-autora, Cathie Pelletier, realmente ajudou a trazê-las à vida”, destaca.