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01/02/2023 às 08:00•2 min de leitura
Por muitos anos, astrônomos trabalharam com o conceito de zona habitável ao buscar por planetas capazes de suportar algum tipo de vida. Mas o parâmetro para a zona habitável costumava se basear nas condições necessárias para a vida como nós a conhecemos.
No planeta Terra, esse parâmetro tem uma série de exigências bastante rígidas. Um deles é a presença de água líquida, que só pode existir em uma faixa relativamente estreita de temperatura e pressão atmosférica.
Quando os astrônomos buscam vida em outros planetas, eles olham para aqueles que estavam em uma zona habitável, semelhante à da Terra — orbitando uma estrela onde a água líquida poderia existir na superfície. Se o planeta estiver próximo demais da estrela, a água vai evaporar com o calor. Por outro lado, se estiver muito longe da estrela, a água pode congelar.
As exigências deixavam a busca muito seletiva, e mesmo assim não serviam como uma garantia da existência de vida — Marte e Vênus estão dentro da zona habitável do nosso sol, por exemplo. Pensando nisso, Rudy Arthur e Arwen Nicholson, dois pesquisadores da Universidade de Exeter, publicaram um artigo (ainda em preprint, sem revisão por pares) sugerindo que a atual definição de zona habitável pode ser muito restrita por não incluir um elemento fundamental na formação de um planeta habitável: a vida.
(Fonte: Shutterstock)
A ideia de que um planeta precisa ter alguma forma de vida para se tornar habitável pode parecer redundante. Mas a sugestão proposta pelos pesquisadores se baseia nas mudanças que a evolução pode influenciar em diferentes ambientes. E eles se fundamentam pela própria transformação da Terra, para se tornar um planeta habitável.
As condições existentes hoje seriam completamente divergentes sem a presença de seres vivos. Um exemplo disso é o oxigênio, um gás fundamental para a nossa sobrevivência, mas que por muito havia na Terra, principalmente na forma de dióxido de silício.
O oxigênio gasoso tem um tempo de vida relativamente curto, porque a radiação ultravioleta do sol o decompõe. A situação começou a mudar quando surgiram os primeiros seres fotossintetizantes. Mas essa equação fica ainda mais complexa porque — por um período — a vida primitiva produziu tanto oxigênio que quase tornou a sobrevivência na Terra impossível.
Porém, antes que o nosso planeta se tornasse inviável para a vida, surgiram seres vivos que utilizam o oxigênio para respirar e para produzir energia. Essas criaturas ajudaram a colocar o ecossistema primitivo em equilíbrio e neste ponto estamos nós.
Mas a questão vai muito além do oxigênio. As criaturas vivas também emitem grandes quantidades de metano, um gás de efeito estufa que em concentrações ideais ajuda a manter nosso planeta aquecido. Há ainda a maneira como a vida interfere na fertilidade dos solos, na manutenção de ciclos biológicos e até mesmo na pressão atmosférica.
A conclusão discutida por Arthur e Nicholson, é que se os astrônomos encontrassem um planeta com as mesmas condições da Terra, assim que surgiram os primeiros seres vivos fotossintetizantes, esse planeta não estaria na zona habitável.
Uma vez que a vida começa em um planeta, a tendência é que ela torne o ambiente cada vez mais habitável, mesmo que em um primeiro momento as condições não pareçam muito favoráveis. De um modo ou de outro, a vida apenas insiste em não acabar.