Artes/cultura
29/06/2024 às 10:00•3 min de leituraAtualizado em 11/07/2024 às 11:02
No fundo do Golfo do México, a 1 km de profundidade, encontra-se a "banheira de hidromassagem do desespero", uma piscina mortal de água salgada, metano e sulfeto de hidrogênio. Descoberta em 2015, é um ambiente extremamente tóxico, habitado apenas por algumas bactérias e animais adaptados.
A expedição que encontrou essa anomalia do mar estava estudando infiltrações frias — locais onde hidrocarbonetos (compostos orgânicos constituídos de carbono e hidrogênio) escapam do fundo do mar. Esses hidrocarbonetos, presentes na composição de combustíveis como o petróleo e o gás natural, são liberados por meio de deslocamentos de antigas placas de sal enterradas.
Quando a equipe avistou a "banheira", eles notaram rapidamente os efeitos letais da sua composição perigosa: caranguejos "conservados" e outras criaturas sem vida compunham a paisagem da área, vítimas das condições altamente hostis.
A água neste lago é notavelmente mais salgada do que a água do mar ao seu redor e possui uma densidade tão elevada que permanece separada da água circundante. Esta característica singular cria um ambiente extremamente desafiador para a vida marinha. Além disso, o lago abriga concentrações significativas de metano e sulfeto de hidrogênio, o que o torna altamente tóxico para a maioria das criaturas marinhas.
No entanto, mesmo em meio a essa hostilidade, algumas criaturas encontraram uma maneira de prosperar nas bordas do lago. Entre elas estão os mexilhões, que estabeleceram uma simbiose com bactérias capazes de utilizar os gases dissolvidos para produzir energia. Além de sobreviverem, os mexilhões desempenham um papel crucial na manutenção da estrutura das paredes da piscina.
As bordas deste lago peculiar são adornadas com depósitos minerais coloridos, que variam em tons de vermelho, amarelo e branco. Esses depósitos adicionam uma pitoresca e intrigante dimensão ao ambiente já fascinante deste local incomum no fundo do Golfo do México.
Os cientistas explicam que a origem desse fenômeno geológico remonta a um período de milhões de anos atrás, durante o qual o Golfo do México era um corpo d'água raso. A evaporação gradual da água deixou para trás vastas camadas de sal, as quais, ao longo do tempo, foram sendo recobertas por sedimentos depositados nas profundezas marinhas.
À medida que esses sedimentos se acumulavam, as pressões sobre as camadas de sal aumentavam, levando ao deslocamento e à fragmentação das placas de sal subterrâneas.
Esse processo tumultuoso resultou na formação de fissuras e fraturas através das quais o sal, o petróleo e o gás natural escapam continuamente até os dias de hoje. Esse complexo mecanismo geológico não apenas fascina os cientistas, mas também desempenha um papel fundamental na compreensão da evolução do ambiente submarino do Golfo do México.
Além de sua letalidade, a piscina de salmoura oferece uma oportunidade única para os cientistas estudarem a vida em condições extremas, semelhantes às que poderiam existir em outros planetas. Esses ambientes são modelos naturais para compreender como a vida pode existir em locais aparentemente inóspitos.
Em missões de pesquisa, veículos operados remotamente têm sido utilizados para explorar e medir as condições dessa piscina. Durante essas expedições, sensores têm sido colocados na salmoura para registrar sua salinidade, temperatura e profundidade, revelando a complexidade e a extensão dessa formação subaquática.
Em suma, a banheira de hidromassagem do desespero é uma maravilha natural, tanto fascinante quanto mortal. Seu estudo não apenas nos ajuda a entender mais sobre os extremos do nosso próprio planeta, mas também a imaginar os tipos de ambientes que podem existir em mundos distantes, ampliando os horizontes da ciência e da imaginação humana.